Produtores rurais sofrem com o clima e a falta d’água
Por Andressa Paganini
Barra Mansa
- Tem produtor que não está mais nem plantando, outros perderam tudo. Os que ainda estão cultivando tiveram diminuição de plantio considerável. Antes os produtores plantavam toda a semana, agora eles passam uma semana inteira sem plantar nada. Não tem água, as hortaliças estão secando, as que vingam não crescem direito, não mantém a mesma qualidade. Muitos trabalhadores estão de férias coletivas porque não tem trabalho, não tem o que fazer. Outros estão sendo dispensados. Tem produtores até pensando em parar de plantar - revelou Valdiana.
Apesar das perdas e dificuldades, Valdiana contou que as hortaliças estão sendo vendidas aos clientes pelo mesmo valor de épocas anteriores.
- O preço das hortaliças continua o mesmo, porém a quantidade caiu muito, o que gera um grande prejuízo ao produtor. Temos o compromisso da entrega dos produtos e não tendo a quantidade suficiente também perdemos. Tem muita gente que já não consegue cumprir com os compromissos assumidos com os compradores. Como a qualidade da maioria dos produtos não é a mesma também, o número de vendas cai e os produtos que sobram são devolvidos aos produtores - falou.
Ainda de acordo com Valdiana, os agricultores já solicitaram caminhões-pipa ao Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), porém, nenhum veículo foi enviado até agora.
- Estamos com muito medo, porque não tem nem previsão de chuva e a tendência é só piorar. Tem produtor que não molha a horta há quatro dias. Há mais de 10 anos que não é registrada uma seca neste porte e um problema como esse. Um dos maiores lagos da região está 1,5 metros mais baixo, em peixes morrendo. O córrego que passava dentro de uma propriedade secou. A situação está muito crítica - desabafou.
O produtor Luiz Moisés Pires, de 51 anos, contou que a propriedade em que trabalha é responsável pelo sustento de quatro famílias. Segundo ele, a maior parte da produção já foi perdida.
- Não temos nada na horta. Hoje conseguimos colher 20 molhos de salsinha e 12 de cebolinha. O resto foi tudo perdido. Conseguimos colher 10 caixas de quiabo, o que atualmente, em épocas normais, colheríamos 30 caixas. O calor está forte e não tem água, toda a produção está morrendo. Não tem nem como estimar o prejuízo. Estamos indo para casa porque não tem o que fazer - lamentou.
Ainda segundo Luiz Moisés, em épocas normais eram colhidas 150 caixas de alfaces, 1,5 mil molho de salsinha, 500 pés de brócolis, mas agora, na última colheita, não foi possível colher nenhuma destas hortaliças.
- Nós teríamos que ter ajuda dos governantes, mas não temos ajuda de nada. Eles só vêm aqui quando convém, depois vão embora e nada - criticou.
Saae-BM diz que solicitações feitas foram para plantação
- A Associação de Moradores de Santa Rita de Cássia também nos procurou com essa finalidade e não foi mencionado à escassez de água para a população - afirmou o coordenador de Água e Esgoto, Adilson Cruz.
A autarquia explicou ainda que o abastecimento no distrito de Santa Rita de Cássia é realizado por poço artesiano, onde a água recebe tratamento antes de ser distribuída na rede. Por ser um poço artesiano, não funciona 24h por dia. Em Santa Rita de Cássia o abastecimento funciona três horas no turno da manhã e seis horas nos turnos da tarde e da noite.
O Saae completou pedindo a população que utilize a água de forma consciente e que evite o desperdício.
Fonte: Diário do Vale / Oscip Associação Ecológica Piratingaúna.
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