Glaciólogo francês Claude Lorius publica livro sobre a relação do homem com o planeta nos últimos 200 anos
Há 200 anos a Terra vive uma nova era geológica, o Antropoceno, que começou quando o homem tomou o controle do planeta, acelerou as emissões de C02 e ‘desregulou a máquina do mundo’, afirma o glaciólogo francês Claude Lorius, um pioneiros dos estudos sobre o clima, em seu novo livro “Voyage dans l’Anthropocène” (Viagem ao Antropoceno, em tradução livre). Reportagem de Anthony Lucas, na AFP.
Escrito em parceria com o jornalista Laurent Carpentier, a obra discorre sobre a modificação do clima, a acidificação dos oceanos, a erosão dos solos e a biodiversidade ameaçada.
“O homem é um agente determinante da vida sobre a Terra”, explica o especialista de 78 anos que, em 2008, recebeu o prêmio “Blue Planet” por seu trabalho.
“Se existe um indicador da atividade humana, esse é o gás carbônico. Se queimamos uma floresta, fazemos uma fábrica funcionar, dirigimos um carro, tudo isso é CO2″, assinala Lorius.
O conceito de Antropoceno – uma nova época geológica do Quaternário, consecutiva ao Holoceno, que começou há 10.000 anos -, foi desenvolvido em 2002 pelo geoquímico holandês Paul Crutzen e desde então abriu um espaço na comunidade científica, indica Lorius.
Para Crutzen, o Antropoceno começa no ano 1784, quando James Watt inventou a máquina a vapor.
O Antropoceno poderá ser acrescentado oficialmente à tabela dos tempos geológicos no 34o. Congresso Internacional de Geologia que será realizado de 5 a 10 de agosto de 2012 em Brisbane, Austrália, indica Lorius.
“Para nós, no entanto, esta nova era já é uma realidade”, acrescenta o especialista em geleira, que contribui desde os anos 50 para o estudo da evolução do clima mediante a análise das bolhas de ar presas no gelo há milênios.
Lorius foi um dos primeiros a vincular o aumento das temperaturas e a crescente concentração de CO2.
“Tivemos uma sorte extraordinária. Acontece que a Antártica era o melhor lugar para se dar conta de que havia um problema global com o clima”, explica.
Mais de 50 anos depois, o cientista admite, no entanto, que se sente pessimista quanto ao modo que a humanidade está se organizando.
“Os cientistas podem demonstrar que o planeta é único e indivisível, que só há uma atmosfera, um oceano, mas não podem demonstrar aos homens que é de interesse comum preservar o planeta”, assinala.
“Reunir interlocutores com interesses tão diversos não é uma questão de ciência e sim de educação e filosofia”, conclui Lorius.
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FONTE : reportagem da AFP, no iG/Último Segundo (EcoDebate, 06/01/2011).
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