Estudo de viabilidade deve começar neste
mês Crédito: Vilson Winckler / Divulgação / CP
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Devem começar neste mês os estudos de viabilidade para a
construção das usinas hidrelétricas Garabi e Panambi, no Noroeste do Estado. As
estruturas, que fazem parte de um projeto entre Brasil e Argentina, devem ter
capacidade instalada somada de 2.200 MW e desalojar 12,6 mil pessoas.
Se
implantadas, as barragens no rio Uruguai alagarão uma área de 73,2 mil hectares.
Segundo o Estudo de Inventário do Rio Uruguai no Trecho Compartilhado entre
Argentina e Brasil, realizado pelas empresas estatais Ebisa (Argentina) e
Eletrobras (Brasil), o barramento de Garabi ficaria no km 863 do rio Uruguai, a
cerca de 6 quilômetros a jusante (rio abaixo) dos municípios de Garruchos, que
têm mesmo nome tanto no Brasil quanto na Argentina.
A estrutura alagaria
as localidades de Garruchos e também Azara, San Javier e Itacaruaré, na
Argentina, e Porto Xavier, no Brasil. Estima-se que a população urbana a ser
desalojada é de cerca de 2,1 mil pessoas e a rural, 3,8 mil. Além de afetar vias
pavimentadas, prejudicará a atividade pecuária, o cultivo de erva-mate, soja,
arroz e áreas florestadas. Já a barragem de Panambi ficaria no km 1.016 do rio
Uruguai, a aproximadamente 10 quilômetros a montante (rio acima) dos municípios
de Panambi (Argentina) e Porto Vera Cruz (Brasil). A usina inundará as cidades
de Alba Posse e Porto Mauá. Cerca de 1,3 mil pessoas devem ser atingidas na área
urbana e 5,4 mil, na rural.
Os contratos para os estudos e projetos de
engenharia, estudos ambientais e plano de comunicação foram assinados em
dezembro por representantes do consórcio formado pelas empresas Consular,
Engevix, Grupo Consultor Mesopotamico, Iatasa, Intertechne e
Latinoconsult.
Uma Porto Alegre e meia alagada Os técnicos
da Ebisa e da Eletrobras estimam que as novas usinas tragam custo ambiental
direto de aproximadamente R$ 1,2 bilhão, conforme informado no Estudo de
Inventário do Rio Uruguai no Trecho Compartilhado entre Argentina e Brasil. As
barragens alagarão 73,2 mil hectares, área equivalente a cerca de uma Porto
Alegre e meia.
Na Garabi, da vegetação nativa serão afetados 44 mil
hectares (ha), incluindo o alagamento de áreas do Parque Ruta Costera do Rio
Uruguay, da Reserva Privada Santa Rosa, na Argentina, além das Áreas de
Importancia para la Conservación de las Aves C. Martires Barra S. María, Azara e
Barra Concepción. Do lado brasileiro serão inundados trechos das margens dos
rios Uruguai e Ijuí. Já a barragem Panambi alagará 19 mil ha de vegetação
nativa. No caso das Unidades de Conservação, o impacto sobre o Parque Estadual
do Turvo será de 60 ha; e sobre a Reserva de Biosfera Yabotí (Argentina), 34 ha.
Outros impactos decorrentes da transformação permanente dos ambientes e
como eles afetarão os ecossistemas das unidades de conservação ainda requerem
estudos específicos. Conforme o professor do departamento de Botânica da Ufrgs
Paulo Brack, milhares de hectares de florestas, campos nativos e áreas agrícolas
serão destruídos. “Trata-se do principal enclave da Mata Atlântica de interior,
com elementos originários também do Sul da Amazônia”, destaca, lembrando que a
área abarca mais de 1,5 mil espécies.
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FONTE : CORREIO DO POVO, informações dos repórteres
Agostinho Piovesan, Felipe Dorneles e Maria Dal Canton Piovesan |
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