A pesquisa, que inventariou 18 espécies de mamíferos em 196 fragmentos ao longo da mata, apontou que o bicho preguiça, as pacas, bugios e raposas estão em uma situação um pouco melhor, porém só os saguis resistem mais às mudanças.
Segundo o estudo, a causa principal da extinção é a falta de áreas protegidas por lei, já que nesses fragmentos foi possível encontrar mais espécies. O biólogo Carlos Peres, da Universidade East Anglia, que liderou a análise, explicou ao jornal Estado de São Paulo que, sem a proteção efetiva, com o impedimento da entrada de pessoas, a ação de caçadores diminui os benefícios de ter uma área remanescente grande com uma floresta relativamente intacta.
Peres também alertou a importância da implementação das unidades de conservação com segurança, que impeça, por exemplo, a entrada de caçadores ou madeireiros. “Apenas cinco dos remanescentes investigados eram protegidos na prática e foram os que apresentaram as maiores taxas de retenção de espécies”, destacou.
A situação se mostrou mais crítica nos fragmentos localizados no oeste do Nordeste, onde há menos unidades de conservação. “A disponibilidade de proteína animal nessa região é baixa, por conta das altas taxa de densidade demográfica na zona rural. A economia de muitas casas de baixa renda é subsidiada por um padrão de caça que varia de recreativo à subsistência. Só a Fauna relativamente tolerante a essa pressão persiste”, comentou o biólogo.
Detalhes
A equipe mapeou os principais fragmentos via satélite e elaborou levantamentos em cerca de 50 regiões de fauna da mata. Nos demais locais entrevistaram moradores da zona rural de cada região, os quais estivessem habituados a visitar a mata em busca de informações sobre os animais.
A pesquisa foi realizada entre janeiro de 2004 e 2006. Cerca de 8.846 pessoas foram entrevistadas, todos moravam há, pelo menos, 15 anos na região. De 3.528 possíveis espécies existentes nos 196 fragmentos, 767 foram contabilizadas. Os remanescentes retinham 3,9 das 18 espécies investigadas.
* Publicado originalmente no site EcoD.
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