Entre os principais entraves para a expansão de ações de reflorestamento de áreas degradadas no Brasil está a oferta adequada de mudas de espécies nativas. Um problema que deve aumentar diante das necessidades de adequação ambiental impostas aos proprietários rurais pelo novo Código Florestal.
Com o objetivo de ajudar a suprir essa lacuna, o Instituto Terra lançou o Portal Semear (www.portalsemear.org), primeiro banco de dados on-line do Brasil que reúne informações sobre todo o processo de produção de mudas florestais a partir da semente. O projeto se tornou possível com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, através da iniciativa BNDES Mata Atlântica.
Além da necessidade de maior produção de mudas, sabe-se que para reflorestar com sucesso é preciso plantar a espécie certa de acordo com o tipo de solo, condições climáticas, relevo, altitude, entre outros fatores ambientais e ecológicos. “O Portal Semear é uma iniciativa pioneira, principalmente considerando a produção de mudas para reflorestamento em áreas degradadas, que exige vasto conhecimento sobre a fisiologia das sementes e de suas especificidades, e mais difícil ainda quando se trata de Mata Atlântica, dado ao grande número de espécies ocorrentes nesse bioma”, destaca o engenheiro ambiental Jaeder Lopes Vieira, responsável técnico pela supervisão do portal.
O banco de dados já reúne documentação técnica de 80 espécies nativas de Mata Atlântica, com o passo a passo para a produção de mudas com sucesso. “Nosso objetivo é cadastrar todas as 297 espécies que já produzimos em nosso viveiro, mas com a contribuição de outros parceiros pretendemos atingir a maior diversidade possível disponível na natureza, inclusive de outros biomas”, explica Jaeder Lopes.
São informações que o Instituto Terra pesquisou e organizou ao longo dos últimos 15 anos, a partir de toda a experiência obtida com o viveiro de nativas que mantém na RPPN Fazenda Bulcão e que já forneceu mais de 4,5 milhões de mudas para os projetos de reflorestamento de Mata Atlântica que desenvolve na região do Vale do Rio Doce.
A estrutura do Semear foi desenvolvida no modelo de “enciclopédia online”, permitindo a colaboração para o conteúdo técnico ali exposto. São padrões específicos de produção de mudas baseados em experiências desenvolvidas no viveiro do Instituto Terra, que se mostraram eficientes e são replicadas nas atividades de produção diárias, e de outras instituições a serem convidadas, conforme explica Adonai Lacruz, superintendente Executivo do Instituto Terra.
“Não se tem notícia de nenhuma ferramenta comparável a essa, tanto em relação ao tipo de informação que oferece quanto à gratuidade do acesso e, principalmente, aos aspectos colaborativos e interface com usuário”, acrescenta Adonai.
O passo a passo registrado para cada espécie reúne informações com foto das várias etapas envolvidas, que vão desde a seleção da semente, sua colheita, beneficiamento, identificação do lote, testes de laboratório, seguida do preparo do substrato, semeadura, irrigação, nutrição das mudas, controle biológico e fitossanitário de pragas, seleção das mudas, reencanteiramentos, aclimatação, expedição, até a preparação para a realização do reflorestamento.
Ao ter acesso facilitado a essas informações, os profissionais da área de Ciências da Terra, viveiristas, proprietários rurais, entre outros, terão mais tranquilidade para produzir as próprias mudas para as ações de reflorestamento, reduzindo custos da aquisição e garantindo maior sucesso nos plantios para regeneração de áreas degradadas.
Sobre o Instituto Terra
Fundado em 1998 por Lélia Deluiz Wanick e Sebastião Salgado, o Instituto Terra é uma associação civil, sem fins lucrativos, que promove a recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce há 15 anos. Atua através da restauração ecossistêmica, produção de mudas nativas, extensão ambiental, pesquisa científica aplicada e educação ambiental, em municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. Sua sede se localiza na Fazenda Bulcão, em Aimorés (MG), área reconhecida como Reserva de Patrimônio Natural (RPPN). O título conserva seu ineditismo por se tratar da primeira RPPN criada em uma área degradada, com o compromisso de vir a ser recuperada. Ao todo, desde sua fundação, o Instituto Terra já contabiliza 7,5 mil hectares de Mata Atlântica em processo de recuperação no Vale do Rio Doce e a produção de mais de 4 milhões de mudas nativas. E mais que plantar árvores e recuperar fontes de água, desde o início os fundadores se mobilizaram para tornar o Instituto Terra em um pólo irradiador de uma nova consciência ambiental, baseada na recuperação e conservação florestal, aumento da produção agrícola e melhoria da qualidade vida no meio rural. Até o momento, mais de 700 projetos educacionais já foram desenvolvidos para um público superior a 72 mil pessoas, de 176 municípios do Vale do Rio Doce. Mais informações no site www.institutoterra.org.
(Instituto Terra)
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