O alerta que a imensa maioria da comunidade científica vem fazendo nas últimas décadas é que as atuais mudanças estão acontecendo em um ritmo muito mais rápido do que no passado. Uma velocidade que pode ser demais para muitas espécies se adaptar e que ameaça também toda a nossa economia, saúde e segurança.
Esse alerta acaba de ganhar ainda mais força nessa semana, com um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirmando que durante esse século as mudanças climáticas podem se dar em um ritmo dez vezes maior do que qualquer outra alteração no clima dos últimos 65 milhões de anos.
“Sabemos que os ecossistemas foram capazes de se adaptar às mudanças passadas quando o planeta aqueceu poucos graus durante milhares de anos. Mas a trajetória atual das temperaturas não tem precedente, são alterações que acontecerão em termos de décadas. Já vemos muitas espécies sendo desafiadas pela velocidade das mudanças”, afirmou Noah Diffenbaugh, coautor do estudo, que foi publicado na revista Science.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores conduziram uma análise da literatura científica sobre os aspectos das mudanças climáticas que podem afetar os ecossistemas, investigaram como observações atuais e para as próximas décadas se comparam a eventos passados na história da Terra e utilizaram as estimativas de aquecimento futuro projetado por modelos climáticos.
O estudo destaca, por exemplo, a comparação do que vemos hoje com o período posterior a última Era do Gelo, há 20 mil anos.
Assim que começou a emergir da Era do Gelo, o planeta atravessou um processo de aquecimento de 5oC. Mas foram necessários mais de mil anos para que isso ocorresse. Agora, se projeta que ainda neste século podemos ver uma elevação próxima aos 5oC nas temperaturas globais, ou seja, uma taxa dez vezes mais rápida.
Diffenbaugh alerta ainda que os ecossistemas, que foram capazes de se adaptar antes, agora enfrentam outro problema. “Além da velocidade das mudanças, temos a ação humana, como a urbanização e a poluição, que agem como grandes obstáculos para que os animais e plantas consigam se adaptar.”
* Citação : Changes in Ecologically Critical Terrestrial Climate Conditions, Science 2 August 2013: Vol. 341 no. 6145 pp. 486-492 DOI: 10.1126/science.1237123.
** Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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