Lonas podem ser compostas de pvc, fibras e nylon. O lixo leva 400 anos para se decompor. A reutilização mudou a vida de muita gente.
As lonas usadas em shows, eventos corporativos, outdoors e banners publicitários, que iam parar no lixo, agora têm outro destino. Milhares de toneladas de lona acabam indo para o lixo ao final dos eventos. São 400 anos para se decompor. Um lixo composto de PVC, fibras e nylon. Entretanto, uma ONG encontrou a solução para o problema.
“A ideia surgiu dentro de uma agência de eventos corporativos. A gente tinha um grande problema que era a gestão de resíduos no fim do evento. A gente percebeu que o material mais nocivo e repetia em grande escala era a lona vinílica”, explica a presidente da ONG Tem Quem Queira Adriana Gryner.
Agora, as lonas são levadas para uma das três oficinas da ONG, no centro do Rio de Janeiro. Lá, uma equipe de funcionários formada por detentos em regime semi-aberto bota a mão na massa. “Estou conseguindo, estou caminhando. Ainda não estou totalmente aqui fora, mas já tenho uma perspectiva de vida quando sair”, diz Raquel Souza da Silva.
Para Luiz Oliveira da Costa a oportunidade é vista como uma nova profissão. “Para mim foi ótimo. Uma nova profissão que aprendi e quanto mais eu aprender, melhor eu vou estar”.
As horas trabalhadas garantem a remissão das penas, além de salário, carteira assinada e demais direitos trabalhistas. “Depois que a pessoa se desliga, ela passa a ser contratada da ONG e vai receber um piso salarial do sindicato dos costureiros, mais todos os benefícios”, fala a presidente da ONG.
Thais Fernandes Matos se saiu tão bem na nova função que, depois de um ano na oficina, já foi escalada para trabalhar como gerente da primeira loja da confecção em um shopping center. “É possível que as pessoas tenham esperança na gente, isso é legal. Eu agradeço muito a todas as pessoas daqui, se eles não tivessem a ideia, depositassem a esperança na gente, não ia ter o depois, ia voltar, ia ser regressão”.
A primeira oficina foi criada há quatro anos em um presídio em Niterói. A ideia deu tão certo que inspirou o trabalho também com detentos em regime semi-aberto. Mais recentemente, o projeto também atingiu a população de baixa renda das comunidades pacificadas do Rio de Janeiro.
Mulheres que nunca foram detentas, mas viviam sob o domínio do tráfico, receberam a chance de trabalhar perto de casa e dos filhos pequenos depois da pacificação. “Eu estava desempregada, acabado de sair da fábrica de eletrodoméstico, uma vizinha falou sobre o projeto e eu vim”, fala Fabíola Freitas Rodrigues.
“Se eu tivesse que pegar transporte ia ser longe, ia dificultar bastante. O projeto ajudou muito nisso”, completa Luana da Cunha Pereira.
“Todas chegaram sem saber nada de costura, fizeram aprendizado conosco. Têm carteira assinada, férias, todos direitos trabalhistas garantidos”, comenta a gerente da oficina Daisy Pereira Guedes.
As três oficinas juntas já processaram uma área equivalente a 10 campos de futebol cobertos de lonas. Lonas que se transformaram em um extenso mostruário de produtos – 20 mil itens. Tem de tudo para todos os gostos. O colorido original das lonas empresta um toque muito especial no acabamento e no estilo.
Os compradores dos produtos são as próprias empresas que fazem a doação – 90% da receita vêm delas. “Nos próprios eventos a gente costuma trabalhar com o brinde social. Nós recompramos da Tem Quem Queira e distribuímos para o nosso público. É um brinde que é bonito. As pessoas gostam, usam. Somos parceiros desde 2010. Nesse período a gente já doou mais ou menos cinco mil metros quadrados de lona”, relata a gerente de relações públicas e sustentabilidade da Unimed-Rio Ana Vargas.
A lona reconfigurada também aterrissou em Ipanema. A estilista Isabela Capeto abriu espaço na loja para peças assinadas por ela, que são feitas nas oficinas do projeto. A parceria já rendeu R$ 50 mil para a Tem Quem Queira.
“É um produto que vende sempre. Está indo cada vez mais, cada hora a gente desenvolve novos produtos. Está na moda e é necessário, não dá para ficar alienado e não ajudar os outros”, diz a estilista.
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FONTE : * André Trigueiro é jornalista com pós-graduação em Gestão Ambiental pela Coppe-UFRJ onde hoje leciona a disciplina geopolítica ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-RJ, autor do livroMundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em Transformação, coordenador editorial e um dos autores dos livros Meio Ambiente no Século XXI, e Espiritismo e Ecologia, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, pela Editora FEB, em 2009. É apresentador do Jornal das Dez e editor chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro.
** Publicado originalmente no site Mundo Sustentável.
As lonas usadas em shows, eventos corporativos, outdoors e banners publicitários, que iam parar no lixo, agora têm outro destino. Milhares de toneladas de lona acabam indo para o lixo ao final dos eventos. São 400 anos para se decompor. Um lixo composto de PVC, fibras e nylon. Entretanto, uma ONG encontrou a solução para o problema.
“A ideia surgiu dentro de uma agência de eventos corporativos. A gente tinha um grande problema que era a gestão de resíduos no fim do evento. A gente percebeu que o material mais nocivo e repetia em grande escala era a lona vinílica”, explica a presidente da ONG Tem Quem Queira Adriana Gryner.
Agora, as lonas são levadas para uma das três oficinas da ONG, no centro do Rio de Janeiro. Lá, uma equipe de funcionários formada por detentos em regime semi-aberto bota a mão na massa. “Estou conseguindo, estou caminhando. Ainda não estou totalmente aqui fora, mas já tenho uma perspectiva de vida quando sair”, diz Raquel Souza da Silva.
Para Luiz Oliveira da Costa a oportunidade é vista como uma nova profissão. “Para mim foi ótimo. Uma nova profissão que aprendi e quanto mais eu aprender, melhor eu vou estar”.
As horas trabalhadas garantem a remissão das penas, além de salário, carteira assinada e demais direitos trabalhistas. “Depois que a pessoa se desliga, ela passa a ser contratada da ONG e vai receber um piso salarial do sindicato dos costureiros, mais todos os benefícios”, fala a presidente da ONG.
Thais Fernandes Matos se saiu tão bem na nova função que, depois de um ano na oficina, já foi escalada para trabalhar como gerente da primeira loja da confecção em um shopping center. “É possível que as pessoas tenham esperança na gente, isso é legal. Eu agradeço muito a todas as pessoas daqui, se eles não tivessem a ideia, depositassem a esperança na gente, não ia ter o depois, ia voltar, ia ser regressão”.
A primeira oficina foi criada há quatro anos em um presídio em Niterói. A ideia deu tão certo que inspirou o trabalho também com detentos em regime semi-aberto. Mais recentemente, o projeto também atingiu a população de baixa renda das comunidades pacificadas do Rio de Janeiro.
Mulheres que nunca foram detentas, mas viviam sob o domínio do tráfico, receberam a chance de trabalhar perto de casa e dos filhos pequenos depois da pacificação. “Eu estava desempregada, acabado de sair da fábrica de eletrodoméstico, uma vizinha falou sobre o projeto e eu vim”, fala Fabíola Freitas Rodrigues.
“Se eu tivesse que pegar transporte ia ser longe, ia dificultar bastante. O projeto ajudou muito nisso”, completa Luana da Cunha Pereira.
“Todas chegaram sem saber nada de costura, fizeram aprendizado conosco. Têm carteira assinada, férias, todos direitos trabalhistas garantidos”, comenta a gerente da oficina Daisy Pereira Guedes.
As três oficinas juntas já processaram uma área equivalente a 10 campos de futebol cobertos de lonas. Lonas que se transformaram em um extenso mostruário de produtos – 20 mil itens. Tem de tudo para todos os gostos. O colorido original das lonas empresta um toque muito especial no acabamento e no estilo.
Os compradores dos produtos são as próprias empresas que fazem a doação – 90% da receita vêm delas. “Nos próprios eventos a gente costuma trabalhar com o brinde social. Nós recompramos da Tem Quem Queira e distribuímos para o nosso público. É um brinde que é bonito. As pessoas gostam, usam. Somos parceiros desde 2010. Nesse período a gente já doou mais ou menos cinco mil metros quadrados de lona”, relata a gerente de relações públicas e sustentabilidade da Unimed-Rio Ana Vargas.
A lona reconfigurada também aterrissou em Ipanema. A estilista Isabela Capeto abriu espaço na loja para peças assinadas por ela, que são feitas nas oficinas do projeto. A parceria já rendeu R$ 50 mil para a Tem Quem Queira.
“É um produto que vende sempre. Está indo cada vez mais, cada hora a gente desenvolve novos produtos. Está na moda e é necessário, não dá para ficar alienado e não ajudar os outros”, diz a estilista.
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FONTE : * André Trigueiro é jornalista com pós-graduação em Gestão Ambiental pela Coppe-UFRJ onde hoje leciona a disciplina geopolítica ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-RJ, autor do livroMundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em Transformação, coordenador editorial e um dos autores dos livros Meio Ambiente no Século XXI, e Espiritismo e Ecologia, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, pela Editora FEB, em 2009. É apresentador do Jornal das Dez e editor chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro.
** Publicado originalmente no site Mundo Sustentável.
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