Muita terra para pouco fazendeiro
"Ganhou espaço na Folha a divulgação de pesquisa encomendada pela CNA com a pretensão de traçar um perfil da população indígena do país. A enquete mostra que 94% dos indígenas entrevistados praticam agricultura, 85% caçam e 86% pescam, atividades que dependem de áreas extensas e preservadas. A tese de que a terra não é importante para os índios não é confirmada pela própria pesquisa, mas a CNA pretende deformar seus resultados para defender a aprovação de projetos no Congresso que buscam alterar a Constituição para inviabilizar a demarcação de novas terras. Quem mais precisa de terra são os 45 mil guarani-caiová, confinados em 95 mil hectares oficialmente reconhecidos, mas ainda ocupados em grande medida por fazendeiros. Eles dispõem de área muito menor que os 700 mil hectares destinados a 28 mil famílias assentadas da reforma agrária no Estado", artigo de Márcio Santilli e Raul do Valle, do ISA - FSP, 29/11, Tendências/Debates, p.A5.Artigo publicado também no Direto do ISA.
Mudanças Climáticas
Emissões caem 35% no País, aponta relatório
A queda que a taxa de desmatamento da Amazônia vem apresentando nos últimos anos - que chegou ao nível de 4.656 km² entre agosto de 2011 e julho de 2012 - já pode ter promovido uma redução de 35% nas emissões totais do País entre 2005 e 2011. No resto do mundo, a taxa subiu 9%. É o que sugere uma estimativa independente das emissões do País no período feita por Tasso Azevedo, consultor de clima e florestas e ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro. O total de emissões brutas, que era de 2,4 gigatoneladas de carbono em 2005, pode ter caído para 1,584 em 2011. O cálculo foi divulgado ontem por Azevedo para coincidir com a Conferência do Clima, e sai à frente do governo, que está finalizando seu relatório - OESP, 29/11, Vida, p.A31.
Sem limites para a poluição global
A partir de 1º de janeiro de 2013, nenhum país do mundo estará obrigado a cumprir metas de emissão de gases causadores do efeito estufa. O fim dos compromissos assumidos no Protocolo de Kioto deixará o planeta sem um tratado internacional. Estas discussões, no entanto, apresentam a oportunidade de mudar o modelo adotado em Kioto e que fracassou em seu objetivo de reduzir as emissões globais de gases-estufa, aponta Dieter Helm, professor de Política Energética da Universidade de Oxford, em artigo publicado na edição desta semana da revista "Nature". Segundo Helm, observar apenas as emissões totais dos países, sem levar em conta sua pegada de carbono, deixou o campo aberto para a simples transferência de indústrias poluidoras e de alto uso de energia dos países desenvolvidos, que tinham metas a cumprir, para as nações emergentes, as quais estavam livres de limitações sob o protocolo - O Globo, 29/11, Ciência, p.42.
Temperaturas em 2012 devem bater recordes, afirma relatório
Dados da Organização Meteorológica Mundial, da ONU, indicaram que o período entre janeiro e outubro deste ano foi o nono mais quente desde que as medições foram iniciadas, em 1850. As temperaturas se elevaram mesmo com a ocorrência, no início do ano, do fenômeno meteorológico La Niña, que favorece o resfriamento. Com a dissipação do La Niña, em abril, os termômetros deram um salto. A temperatura entre maio e outubro foi a quarta mais alta já registrada para esse período. De acordo com o relatório, divulgado ontem durante a COP 18, que acontece agora em Doha (Qatar), 2012 está sendo marcado por eventos climáticos extremos O documento destaca as altas temperaturas na América do Norte, Europa e parte da África, além das secas que castigaram boa parte do globo, inclusive a região Nordeste do Brasil. O degelo recorde no Ártico também recebeu destaque - FSP, 29/11, Ciência, p.C13.
Brasil reduz emissões de CO2
"As primeiras estimativas do governo indicam que, entre 2005 e 2010, o Brasil diminuiu as suas emissões de carbono em cerca de 30%. A principal razão dessa queda é a consistente redução nos índices de desmatamento. O problema agora são os próximos passos. A partir de 2020 entra em vigor a chamada Plataforma de Durban. Um acordo que ainda precisa ser detalhado até 2015, mas que estabelecerá metas de redução de emissões para todos os países do mundo, sem exceção. O Brasil já se comprometeu a participar e diz que defenderá metas agressivas. Só que não teremos mais tanta gordura para queimar. Vamos precisar fazer um dever de casa mais difícil. Resolver questões como a falta de saneamento básico, a ineficiência da pecuária e o pouco compromisso de grande parte das empresas com a redução das suas emissões. Agora é que o jogo vai realmente começar", artigo de Agostinho Vieira - O Globo, 29/11, Economia Verde, p.38.
Anedotas do destino
"No artigo 'O que ensinam as tragédias', publicado em fevereiro, procurei trazer à tona o que ameaçava submergir em nossa fraca memória: a situação inalterada do depois da tragédia na Região Serrana em janeiro de 2011. Logo a seguir à tragédia, a Defesa Civil ofereceu escolas, igrejas e outras construções muitas vezes situadas em lugares de risco como locais capazes de receber 'desalojados e desabrigados'. Tudo permanece igual ou pior. Por que nada foi feito em termos de reconstrução, nem um grande abrigo com estrutura para proteger e alojar com decência os futuros desabrigados das constantes intempéries que afetam essa região, sem ter que destituir uma escola de sua função específica, com os riscos que isso comporta?", artigo de Glaucia Dunley - O Globo, 29/11, Opinião, p.19.
Amazônia
Desmatamento contido
"A temporada 2011-2012 de destruição, encerrada em julho passado, registrou a menor área devastada desde que se iniciou o levantamento sistemático por satélite, em 1988: 4.656 km² de corte raso. Isso ainda corresponde a três vezes a superfície do município de São Paulo. Duas preocupações se impõem, no entanto. A primeira diz respeito à contribuição da economia brasileira para o aquecimento global. De ora em diante será muito mais custoso economizar emissões, já que em todos os outros setores elas estão em ascensão. A outra fonte de inquietude se encontra nas tendências de desmatamento observadas após o último mês incluído no levantamento anual do Inpe (sistema Prodes). Entre agosto e outubro deste ano, dados colhidos por satélite -menos precisos que o Prodes, porém- indicam uma alta de mais de 100% sobre o mesmo período de 2011", editorial - FSP, 29/11, Opinião, p.A4.
De estatal para estatal
"A concessão do maior financiamento da história do BNDES para o Consórcio Norte Energia - responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu -, embora prevista contratualmente, confirma a interpretação de que o leilão dessa usina, anunciado como a forma ideal para atrair capitais privados e baratear custos de construção e de geração de energia elétrica, não passou de um embuste político. O financiamento gigantesco é mais um item polêmico que se soma aos muitos envolvendo Belo Monte. Mesmo assim, o consórcio garante que a primeira unidade geradora entrará em operação em fevereiro de 2015", editorial - OESP, 29/11, Notas e Informações, p.A3.
Desenvolvimento Humano
Brasil atinge menor desigualdade de renda em 30 anos, diz estudo do IBGE
O Brasil alcançou em 2011 sua menor desigualdade de renda em 30 anos, segundo dados da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), estudo feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e divulgado ontem pelo IBGE. E chama a atenção nessa redução a melhoria de renda das camadas mais pobres da população brasileira, principalmente na última década. A pesquisa chegou a essa constatação por meio de um indicador internacional, o Coeficiente de Gini - um índice de 0 a 1, que sobe com a disparidade de rendimentos. O índice do País, que era de 0,583 em 1981, caiu para 0,508 em 2011. Apesar do avanço, a pesquisa mostra que o País continua a ser um dos mais desiguais do mundo, longe da média de países da União Europeia. No ano passado, por exemplo, o Gini foi de 0,290 na Alemanha, 0,308 na França e 0,244 na Suécia - OESP, 29/11, Vida, p.A27.
Faltam serviços básicos em 30% dos domicílios
O avanço na distribuição de renda no Brasil de 2001 a 2011 contrasta com as condições de vida de parte considerável da sociedade brasileira, demonstra a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) 2012 divulgada ontem pelo IBGE. Em 2011, 30,6% dos domicílios urbanos brasileiros - pouco mais de 16 milhões de lares, com prováveis 64 milhões de moradores - não tinham simultaneamente os serviços básicos para que haja condições mínimas de habitação: água tratada, coleta de esgoto por rede ou fossa séptica, recolhimento de lixo e eletricidade. A razão entre as residências com e sem os quatro serviços era de 0,44 - praticamente para cada dois domicílios habitáveis havia um sem eles, aponta o estudo - OESP, 29/11, Vida, p.A28.
Geral
Governo contraria regra e aprova agrotóxico mais nocivo à saúde
A Anvisa contrariou procedimentos internos e aprovou, em fevereiro, a liberação de um agrotóxico mais nocivo à saúde do que outro que já estava à venda, com o mesmo princípio ativo e para o mesmo fim. O inseticida para cana Singular BR, da Ourofino Agronegócio, passou pela avaliação da Anvisa e obteve registro no Ministério da Agricultura mesmo sendo mais tóxico do que seu produto de referência, o Regent 800 WG, da Basf, há anos no mercado. O Singular e outros seis produtos de quatro empresas estão no centro das denúncias do ex-gerente de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles, exonerado enquanto fazia apurações internas. A Anvisa disse, em nota, que esse é um processo que está sendo auditado e que, por isso, só irá se pronunciar depois das apurações - FSP, 29/11, Poder, p.A17.
Futuro secretário do PV cuidará da 'flora e da fauna'
O vereador Roberto Tripoli (PV) foi anunciado ontem como o futuro secretário municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo. Na cerimônia, em tom de brincadeira, Fernando Haddad (PT) reforçou que a partir de janeiro Tripoli terá que cuidar da "flora e da fauna da cidade". Ambientalista e desde 1988 na Câmara, Tripoli teve a maior votação para o Legislativo neste ano, defendendo os animais. Haddad fez questão de frisar que essa seria uma nova incumbência da secretaria, além de várias outras atribuições, como viabilizar parques lineares e aprovar o licenciamento de grandes obras - FSP, 29/11, Cotidiano, p.C4.
Estado multa Casa da Moeda por danos ambientais
A Casa da Moeda do Brasil poderá ter que botar a mão no bolso para cobrir um prejuízo à natureza. Na quarta-feira, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) publicou em Diário Oficial três multas contra a instituição, num total de R$ 866,9 mil, por causa do lançamento de rejeitos num rio próximo ao seu parque industrial, em Santa Cruz (RJ), e pelo descumprimento dos termos do licenciamento ambiental concedido, que determina o tratamento dos resíduos. A assessoria de imprensa da Casa da Moeda informou que já foi notificada e recorreu das multas. Segundo a instituição, "desde outubro deste ano os efluentes da empresa são lançados seguindo a legislação ambiental vigente" - O Globo, 29/11, Rio, p.23.
*************************************
FONTE : Manchetes Socioambientais, boletim de 29/11/2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário