A Organização Meteorológica Mundial, OMM, prevê que o ano de 2012 termine como um dos mais quentes, apesar da influência de resfriamento causado pelo La Niña no começo do ano. O período entre janeiro e outubro já é considerado o nono mais quente desde 1850, quando as temperaturas começaram a ser registradas. A temperatura da superfície terrestre e dos oceanos foi 0,45° C acima da média global de 14,2° C. Segundo as Nações Unidas, o planeta vai enfrentar sérias consequências se o clima subir mais de 2° C além dessa média.
A OMM fez ainda um alerta sobre o derretimento do gelo do mar Ártico, que atingiu um novo recorde, como explicou à Rádio ONU, de Brasília, o primeiro vice-presidente da agência, Antônio Divino Moura. “Nós estamos vendo este ano um recorde de baixa no gelo Ártico, que ficou praticamente 18% do que o mais baixo valor observado anteriormente, que foi em 2007. Ou seja, quase 12 milhões de km² do gelo Ártico derreteu entre março e setembro deste ano. Isso é uma preocupação grande, mostra um sinal de aquecimento, um sinal de alerta, que deve preocupar bastante.”
A OMM destaca também que vários eventos extremos foram observados em todo o mundo, nos primeiros 10 meses do ano. Ondas de calor atingiram a Europa e os Estados Unidos; o norte do Brasil enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos e enchentes afetaram a África Ocidental e a região do Sahel. Já a neve e o frio extremo atingiram partes da Europa e leste da Rússia, onde as temperaturas chegaram a -50° C. A atividade de ciclones tropicais causou 81 tempestades, sendo que algumas atingiram o status de furacão. A OMM menciona o Sandy como o furacão mais notado, que afetou os Estados Unidos e o Caribe no final de outubro.
Descongelamento do pergelissolo e aquecimento global
O degelo do pergelissolo, parte do solo que deveria estar permanentemente congelada no ártico, pode ampliar o aquecimento global se as temperaturas continuarem subindo como o esperado. O alerta está no relatório divulgado, esta terça-feira, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma. O pergelissolo cobre quase 25% do território do hemisfério norte e contém 1,7 mil gigatoneladas de carbono, o dobro do que existe atualmente na atmosfera.
O relatório chama a atenção justamente para o perigo das emissões de dióxido de carbono e de metano contidas nestas terras, serem liberadas por causa do degelo. Até agora, essas emissões não tinham sido incluídas nas previsões climáticas dos cientistas. O relatório do Pnuma recomenda uma análise especial do pergelissolo, a criação de uma rede de monitoramento e planos de adaptação para lidar com o impacto das emissões de carbono. O diretor executivo da agência, Achim Steiner, afirmou que o pergelissolo é uma das chaves do futuro do planeta porque contem matérias orgânicas congeladas. Segundo Steiner, se descongeladas e expelidas na atmosfera, essas matérias orgânicas podem aumentar o atual ritmo do aquecimento global.
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FONTE : * Publicado originalmente no site Rádio ONU Brasil e retirado do site EcoAgência.
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