(FONTE : GIOVANA GIRARDI - O Estado de S.Paulo, 15/10/2012)
Quanto custa proteger a biodiversidade do planeta? Para um grupo
internacional de cientistas, o valor é de pelo menos US$ 81 bilhões por ano. O
cálculo, publicado na edição de hoje da revista Science, leva em conta duas das
chamadas Metas de Aichi, acertadas em 2010 na conferência das partes (COP) da
Convenção da Diversidade Biológica (CDB), que estabelecem uma série de ações a
serem tomadas nos próximos anos para que, em 2020, tenha sido possível frear a
extinção de espécies.
Os países estão novamente reunidos, agora em Hyderabad, na Índia. Desta vez, enfrentam o desafio de aprovar compromissos financeiros para alimentar um fundo voltado justamente para financiar essas metas.
A estimativa dos pesquisadores foi feita sobre duas delas - reduzir o risco de extinção de todas as espécies ameaçadas; e estabelecer áreas protegidas em 17% dos territórios terrestres e 10% dos costeiros e marinhos.
A primeira, preveem, poderia custar de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões por ano, enquanto a salvaguarda de locais importantes para a preservação da biodiversidade poderia demandar US$ 76,1 bilhões por ano. Antes que alguém possa dizer que os números são assustadores, os pesquisadores argumentam que equivalem a menos de 20% do que é gasto anualmente em todo o planeta com refrigerantes - e cerca de 1% a 4% do valor total dos serviços ecossistêmicos providos por essas espécies e hábitats.
O grupo, que contou com pesquisadores da organização BirdLife International e universidades americanas, europeias e de outros países, chegou a esses valores partindo da análise do que poderia ocorrer com as aves, o grupo de vida selvagem mais bem conhecido no mundo.
Segundo Stuart Butchart, da BirdLife International, ao se calcular os valores para a proteção das aves foi possível extrapolar os custos totais, usando dados relativos para aves, mamíferos, répteis, anfíbios, peixes, plantas e invertebrados.
A estimativa para criar e manter áreas protegidas supera um pouco os cálculos da própria convenção. No início da semana, em entrevista ao Estado, o secretário executivo da CDB, Braulio Dias, disse que imagina um custo máximo de US$ 600 bilhões até 2020 para cumprir a meta.
Capital natural. Butchart defende que essas somas não podem ser vistas como contas a serem pagas, mas sim como investimentos em capital natural. "Elas são ínfimas diante dos benefícios que recebemos da natureza, os serviços ecossistêmicos como polinização das nossas plantações, regulação do clima e provisão de água limpa."
Esse é o mesmo questionamento feito pelo biólogo Carlos Joly, da Unicamp, um dos principais especialistas em biodiversidade do País. "A pergunta a ser feita é: qual é o custo de não atingirmos essas duas metas? Considerando que o gasto anual dos países com despesas militares é da ordem de US$ 1,7 trilhão, o custo destas duas Metas de Aichi é relativamente baixo."
Para Butchart, é uma responsabilidade que tem de ser dividida pelos países, pois todos se beneficiam da biodiversidade. "Nós sabemos quais ações e políticas são necessárias e quanto elas custam. Os governos precisam cumprir os compromissos que fizeram há dois anos e mostrar que não foram promessas vazias. Quanto mais os governos adiarem os investimentos, mais difícil será cumprir as metas e mais elas custarão", afirma.
Os países estão novamente reunidos, agora em Hyderabad, na Índia. Desta vez, enfrentam o desafio de aprovar compromissos financeiros para alimentar um fundo voltado justamente para financiar essas metas.
A estimativa dos pesquisadores foi feita sobre duas delas - reduzir o risco de extinção de todas as espécies ameaçadas; e estabelecer áreas protegidas em 17% dos territórios terrestres e 10% dos costeiros e marinhos.
A primeira, preveem, poderia custar de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões por ano, enquanto a salvaguarda de locais importantes para a preservação da biodiversidade poderia demandar US$ 76,1 bilhões por ano. Antes que alguém possa dizer que os números são assustadores, os pesquisadores argumentam que equivalem a menos de 20% do que é gasto anualmente em todo o planeta com refrigerantes - e cerca de 1% a 4% do valor total dos serviços ecossistêmicos providos por essas espécies e hábitats.
O grupo, que contou com pesquisadores da organização BirdLife International e universidades americanas, europeias e de outros países, chegou a esses valores partindo da análise do que poderia ocorrer com as aves, o grupo de vida selvagem mais bem conhecido no mundo.
Segundo Stuart Butchart, da BirdLife International, ao se calcular os valores para a proteção das aves foi possível extrapolar os custos totais, usando dados relativos para aves, mamíferos, répteis, anfíbios, peixes, plantas e invertebrados.
A estimativa para criar e manter áreas protegidas supera um pouco os cálculos da própria convenção. No início da semana, em entrevista ao Estado, o secretário executivo da CDB, Braulio Dias, disse que imagina um custo máximo de US$ 600 bilhões até 2020 para cumprir a meta.
Capital natural. Butchart defende que essas somas não podem ser vistas como contas a serem pagas, mas sim como investimentos em capital natural. "Elas são ínfimas diante dos benefícios que recebemos da natureza, os serviços ecossistêmicos como polinização das nossas plantações, regulação do clima e provisão de água limpa."
Esse é o mesmo questionamento feito pelo biólogo Carlos Joly, da Unicamp, um dos principais especialistas em biodiversidade do País. "A pergunta a ser feita é: qual é o custo de não atingirmos essas duas metas? Considerando que o gasto anual dos países com despesas militares é da ordem de US$ 1,7 trilhão, o custo destas duas Metas de Aichi é relativamente baixo."
Para Butchart, é uma responsabilidade que tem de ser dividida pelos países, pois todos se beneficiam da biodiversidade. "Nós sabemos quais ações e políticas são necessárias e quanto elas custam. Os governos precisam cumprir os compromissos que fizeram há dois anos e mostrar que não foram promessas vazias. Quanto mais os governos adiarem os investimentos, mais difícil será cumprir as metas e mais elas custarão", afirma.
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