Já está circulando a revista ECO 21 de setembro de 2012. Uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, a ECO 21 deste mês traz excelentes textos. Veja abaixo do editorial o índice da edição.
Editorial
Após longa caminhada entre as duas casas legislativas do Brasil, com apenas três votos contrários, foi aprovado pelo Senado o novo Código Florestal. O triunfo dos ruralistas incluiu a adesão em massa de deputados e senadores de todos os partidos, inclusive do PT, algo inimaginável há poucos anos. O legislativo negou-se a ouvir os inúmeros e consistentes alertas dos cientistas, da Academia e da sociedade civil organizada.
O novo texto permite que o desmatamento se acentue e que os antigos desmatadores sejam perdoados. Na curta sessão plenária do dia 25 deste mês, dos 61 senadores presentes, apenas Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Roberto Requião (PMDB-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ) se manifestaram contrários aos interesses ruralistas. Pouco antes da RIO+20 a ex-Senadora Marina Silva, afirmou premonitoriamente que “o Brasil não tem mais um Código Florestal, mas uma confusão jurídica. (…) Está sendo abolida, na prática, a função social da propriedade e o direito dos brasileiros a um ambiente saudável.
Os donos da terra são agora donos do ar, das águas, da fauna e da flora, para delas dispor como bem entender a lei do mais forte, que fizeram prevalecer”.
Fica claro pelo texto originalmente redigido pelo Deputado Aldo Rebelo que o Código não tem a intenção de proteger as florestas e os biomas em geral, mas permitir a intensificação do agronegócio de exportação baseado principalmente na soja, açúcar, etanol e carne, itens que representam 36% das exportações com um faturamento de mais R$ 180 bilhões anuais e um consumo de 830 mil toneladas de agrotóxicos.
Ao longo dos últimos anos, o debate das consequências da aprovação do novo Código Florestal ficou ausente na maioria das preocupações dos políticos que decidem o futuro do País.
A esquerda e os ambientalistas, de forma geral, não lograram introduzir o tema no quotidiano da população. Ficou quase ignorado o desdobramento do que acontecerá na estrutura agrária. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, Gerson Teixeira, “a partir da Lei, Bolsas de Mercadorias e Futuros, Bolsas de Valores estão habilitadas a operar no mercado negociando títulos de carbono e cotas de reservas ambientais que colocam a floresta amazônica com suas terras e biodiversidade, no circuito da globalização financeira.
Bens comuns do povo brasileiro poderão ser oferecidos como alternativa rentista para o capital especulativo internacional”. Isso significa a institucionalização do comércio das florestas no mercado nacional e no internacional. Um dia depois da decisão do Senado, Al Gore, no Global Agribusiness Forum, em São Paulo, alertou sobre o risco de o aquecimento global acirrar a disputa por alimentos e biocombustíveis. “Num mundo mais quente, se não começarmos a agir, o conflito entre plantar milho para produzir combustível ou para alimentação se tornará ainda mais intenso”.
Edélcio Vigna, assessor político do Instituto de Estudos Socioeconômicos, resume sabiamente este momento: “O tempo dos ruralistas de plantar, colher e comercializar, não é o tempo da sociedade que deseja um ambiente socialmente saudável e alimentos seguros e não contaminados”.
O Brasil caiu na teia de aranha dos ruralistas, somente nos resta fazer coro ao apelo da corajosa atriz Camila Pitanga e bradar com ela: “Veta Dilma!”.
Índice
Aldem Bourscheit – Congresso aprova Lei que favorecerá crimes ecológicos
Mário Mantovani – Plataforma ambiental para a eleição municipal
James Hansen – A mudança climática chegou e é pior do que se pensava
Paulo Artaxo – Aquecimento global: menos mito e mais ciência
Carolina Gonçalves – BASIC quer definir até a COP18 o Protocolo de Kyoto
Pablo Solón – Para desconstruir o novo impasse do clima
Rafaela Ribeiro – Cuidando da Bacia do Prata
José Mujica – O desenvolvimento não pode ser contra a felicidade
Evo Morales – A Economia Verde é o novo colonialismo
Laura Chinchilla Miranda – Somos todos cidadãos globais
Juan Rafael Elvira Quesada – G20 e RIO+20 se completam
Raúl Castro – Todos pagaremos a conta da mudança climática
Michael Becker – Um futuro para o Cerrado
Lívia Duarte – A luta mundial contra as monoculturas de árvores
Julia Aquino – Rio plantará 34 milhões de árvores até 2016
Washington Novaes – Quem calcula os custos do automóvel nas cidades?
Ricardo Abramovay – O carrocentrismo na mira da crítica industrial
Michelle Bachelet – O futuro que as mulheres querem
Elbia Melo – A trajetória da energia eólica e sua competitividade
Luiz A. P. de Almeida – A insustentável leveza da sustentabilidade
Nick Nuttal – O PNUMA lança inédito Panorama Global de Químicos
Armando Tripodi – Petrobras lança programa de investimentos ambientais
Sandra Hoffmann – SEA lacra saída de esgoto in natura no Rio
Leonardo Boff – A ótica da evolução cósmica nos devolve esperança
Ennio Candotti – A galinha e o ouro da floresta
* Para assinar clique aqui.
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FONTE : (Eco 21) - 1/10/2012.
Editorial
Após longa caminhada entre as duas casas legislativas do Brasil, com apenas três votos contrários, foi aprovado pelo Senado o novo Código Florestal. O triunfo dos ruralistas incluiu a adesão em massa de deputados e senadores de todos os partidos, inclusive do PT, algo inimaginável há poucos anos. O legislativo negou-se a ouvir os inúmeros e consistentes alertas dos cientistas, da Academia e da sociedade civil organizada.
O novo texto permite que o desmatamento se acentue e que os antigos desmatadores sejam perdoados. Na curta sessão plenária do dia 25 deste mês, dos 61 senadores presentes, apenas Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Roberto Requião (PMDB-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ) se manifestaram contrários aos interesses ruralistas. Pouco antes da RIO+20 a ex-Senadora Marina Silva, afirmou premonitoriamente que “o Brasil não tem mais um Código Florestal, mas uma confusão jurídica. (…) Está sendo abolida, na prática, a função social da propriedade e o direito dos brasileiros a um ambiente saudável.
Os donos da terra são agora donos do ar, das águas, da fauna e da flora, para delas dispor como bem entender a lei do mais forte, que fizeram prevalecer”.
Fica claro pelo texto originalmente redigido pelo Deputado Aldo Rebelo que o Código não tem a intenção de proteger as florestas e os biomas em geral, mas permitir a intensificação do agronegócio de exportação baseado principalmente na soja, açúcar, etanol e carne, itens que representam 36% das exportações com um faturamento de mais R$ 180 bilhões anuais e um consumo de 830 mil toneladas de agrotóxicos.
Ao longo dos últimos anos, o debate das consequências da aprovação do novo Código Florestal ficou ausente na maioria das preocupações dos políticos que decidem o futuro do País.
A esquerda e os ambientalistas, de forma geral, não lograram introduzir o tema no quotidiano da população. Ficou quase ignorado o desdobramento do que acontecerá na estrutura agrária. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, Gerson Teixeira, “a partir da Lei, Bolsas de Mercadorias e Futuros, Bolsas de Valores estão habilitadas a operar no mercado negociando títulos de carbono e cotas de reservas ambientais que colocam a floresta amazônica com suas terras e biodiversidade, no circuito da globalização financeira.
Bens comuns do povo brasileiro poderão ser oferecidos como alternativa rentista para o capital especulativo internacional”. Isso significa a institucionalização do comércio das florestas no mercado nacional e no internacional. Um dia depois da decisão do Senado, Al Gore, no Global Agribusiness Forum, em São Paulo, alertou sobre o risco de o aquecimento global acirrar a disputa por alimentos e biocombustíveis. “Num mundo mais quente, se não começarmos a agir, o conflito entre plantar milho para produzir combustível ou para alimentação se tornará ainda mais intenso”.
Edélcio Vigna, assessor político do Instituto de Estudos Socioeconômicos, resume sabiamente este momento: “O tempo dos ruralistas de plantar, colher e comercializar, não é o tempo da sociedade que deseja um ambiente socialmente saudável e alimentos seguros e não contaminados”.
O Brasil caiu na teia de aranha dos ruralistas, somente nos resta fazer coro ao apelo da corajosa atriz Camila Pitanga e bradar com ela: “Veta Dilma!”.
Índice
Aldem Bourscheit – Congresso aprova Lei que favorecerá crimes ecológicos
Mário Mantovani – Plataforma ambiental para a eleição municipal
James Hansen – A mudança climática chegou e é pior do que se pensava
Paulo Artaxo – Aquecimento global: menos mito e mais ciência
Carolina Gonçalves – BASIC quer definir até a COP18 o Protocolo de Kyoto
Pablo Solón – Para desconstruir o novo impasse do clima
Rafaela Ribeiro – Cuidando da Bacia do Prata
José Mujica – O desenvolvimento não pode ser contra a felicidade
Evo Morales – A Economia Verde é o novo colonialismo
Laura Chinchilla Miranda – Somos todos cidadãos globais
Juan Rafael Elvira Quesada – G20 e RIO+20 se completam
Raúl Castro – Todos pagaremos a conta da mudança climática
Michael Becker – Um futuro para o Cerrado
Lívia Duarte – A luta mundial contra as monoculturas de árvores
Julia Aquino – Rio plantará 34 milhões de árvores até 2016
Washington Novaes – Quem calcula os custos do automóvel nas cidades?
Ricardo Abramovay – O carrocentrismo na mira da crítica industrial
Michelle Bachelet – O futuro que as mulheres querem
Elbia Melo – A trajetória da energia eólica e sua competitividade
Luiz A. P. de Almeida – A insustentável leveza da sustentabilidade
Nick Nuttal – O PNUMA lança inédito Panorama Global de Químicos
Armando Tripodi – Petrobras lança programa de investimentos ambientais
Sandra Hoffmann – SEA lacra saída de esgoto in natura no Rio
Leonardo Boff – A ótica da evolução cósmica nos devolve esperança
Ennio Candotti – A galinha e o ouro da floresta
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FONTE : (Eco 21) - 1/10/2012.
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