A adoção de políticas duras de redução das emissões de gases de efeito estufa em nível mundial, na Conferência do Clima, em Paris, em dezembro, pode representar uma oportunidade de negócio para os produtos brasileiros. A conclusão está em estudo apresentado nesta quarta-feira (16) pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.
Um dos coordenadores do levantamento, William Wills explicou que, em um cenário ambicioso, de eventual taxação de produtos pela tonelada de carbono emitida, o Brasil não teria prejudicado seu potencial de crescimento econômico.
Coordenador de Modelagem do Projeto de Implicações Econômicas e Sociais Brasil (IES-Brasil) do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), William Wills. Foto de Lucio Bernardo Junior / Câmara dos Deputados
“Com uma taxa global de carbono, o Brasil tenderia a ganhar competitividade porque nossa matriz energética é mais limpa do que a de nossos principais competidores”, comentou.
Os cenários traçados pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas são resultado da colaboração de 85 especialistas, de diversos setores. O estudo será apresentado ao governo no próximo dia 22 e deverá ser usado pelo Itamaraty na construção da proposta brasileira para a Conferência do Clima, segundo Wills.
Credibilidade
Alguns dados utilizados pelo Brasil, no entanto, podem estar distantes da realidade. É o que pensa Tiago Costa, diretor da Secretaria de Controle Externo da Agricultura e Meio Ambiente do Tribunal de Contas da União (TCU).
Na opinião dele, diferentes programas governamentais para redução de emissões carecem de informações precisas. “As principais políticas que têm influência na redução da emissão de gases de efeito estufa não têm dados atualizados, sequer possuem alguma rotina de monitoramento sistemático disso”, argumentou Costa.
Posição tímida
O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), autor do pedido para a realização da audiência, prevê que, apesar do levantamento apresentado, a posição do Brasil será tímida na Conferência do Clima.
Já para Arnaldo Jordy, o País está longe de ser protagonista na área ambiental e terá posição tímida na conferência em Paris
“O País está absolutamente – para ser otimista – estacionário nos desafios e potencialidades que tem para ter um protagonismo nessa área”, sustentou o parlamentar.
De acordo com o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Eduardo Viola, o cenário político mundial dificulta a construção de um acordo legalmente vinculante em Paris. Ele citou o caso dos Estados Unidos, um dos principais ‘players’ na discussão, onde há pouco espaço no Congresso para aprovação de um texto que obrigue o país a cortar emissões.
Em outra audiência na Comissão de Meio Ambiente, a ministra da pasta, Izabella Teixeira, informou que o documento a ser levado pelo País em Paris deve apresentar como metas o fim do desmatamento na Amazônia, a ampliação da manutenção dos biomas brasileiros e a restauração florestal.
Eduardo Viola considerou de uma “pobreza extrema” a indicação do fim do desmatamento ilegal até 2030 como meta de destaque. “A Operação Lava Jato está demandando legalidade extrema. Falar em 2030 parece piada”, criticou.
Reportagem – Ana Raquel Macedo
Edição – Marcelo Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira
Informações da Agência Câmara Notícias, in EcoDebate, 17/09/2015
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