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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Biólogos fazem registro inédito de onças-pretas em cerrado do DF

14 de setembro de 2015 

Onça-preta em registro inédito feito no Distrito Federal; câmera captou movimentos do animal à noite (Foto: TV Globo/Reprodução)
Onça-preta em registro inédito feito no Distrito Federal; câmera captou movimentos do animal à noite
(Foto: TV Globo/Reprodução)
Máquinas fotográficas camufladas registraram a presença de duas onças-pretas no Distrito Federal, em uma área de cerrado próxima à Estação Ecológica Águas Emendadas. Nas imagens, os felinos aparecem caminhando calmamente às margens de um rio. O animal é considerado raro e nunca tinha sido flagrado nas matas da capital.
A montagem dos equipamentos envolveu um longo estudo da equipe de biólogos. Foi preciso identificar as possíveis rotas dos animais na mata. Vestígios como restos de alimento ou fezes dos felinos ajudaram a encontrar o melhor ângulo para posicionar as câmeras.
“Fizemos essa busca, primeiro, para reconhecer o terreno e encontrar os vestígios. Isso é muito importante para você não desperdiçar tempo, colocando em um lugar onde os bichos não passam”, diz o estudante de biologia Rands Sanginez.
Os equipamentos são conhecidos como “armadilhas fotográficas”, pois precisam ficar camuflados em meio à folhagem para não assustar nem despertar o interesse dos bichos. As câmeras têm um sensor de movimento, acionado sempre que um animal passa pelo local.
Segundo a equipe, os dispositivos devem permanecer na área por um mês. O espaço fica entre a estação Águas Emendadas e a região da Fercal, em Sobradinho, a cerca de 50 km do Plano Piloto.
Registros
As onças-pretas foram registradas em momentos separados entre sábado (5) e domingo (6), uma de cada vez. A espécie tem hábito solitário e só costuma se reunir na época da reprodução. A fêmea tem tamanho menor e apareceu durante o dia; o macho tem corpo maior e foi filmado à noite.
As imagens também mostram uma onça-pintada passando pela mesma região, em outro horário. A onça-preta e a onça-pintada são da mesma espécie e podem surgir da mesma ninhada.
A pelagem escura é causada por uma mutação genética chamada “melanismo” – a mesma responsável pelas pantera-negra e pelo gato preto doméstico. Com até 1,90 metro de comprimento e com os machos podendo chegar a 135 quilos, elas são consideradas os maiores felinos do continente americano.
As duas variedades são listadas como vulneráveis e ameaçadas de extinção, mas a onça-preta é vista com menos frequência em ambiente natural. A espécie é considerada extinta nos Estados Unidos, onde o animal é conhecido como “jaguar”.
Preservação
Mamíferos menores que servem de alimento para os felinos também foram registrados pelas câmeras. Um macaco-prego e uma família de porcos-do-mato passaram pelo mesmo local, às margens do rio, durante o período em que as onças não estavam por ali.
Segundo o biólogo Fábio Soares, a preservação dessas espécies é importante para a manutenção do ecossistema natural.
“Aqui na região, a gente tem muito relato de caça aos catetos [porcos-do-mato]. Essa é a maior ameaça que expõe a população a riscos. Quando a onça fica sem alimento, ela vai buscar novos locais, animais de criação e acaba entrando em conflito. Manter as presas naturais da onça é importante para mantê-la na região”, afirma.
A equipe de biólogos trabalha em parceria com uma ONG do DF para produzir estudos sobre a fauna do cerrado. Os pesquisadores fazem mapeamento dos felinos e pretendem usar esse material para conscientizar a população sobre a preservação do meio ambiente.
“Esse trabalho vai dar a oportunidade de a gente conhecer como a fauna está se comportando aqui para, aí sim, montar estratégias de conservação”, diz a bióloga Marina Motta.
Fonte: G1

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