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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Neves fixa data para energia geotérmica


O monte Neves fica no centro da ilha vulcânica de mesmo nome, que tem grandes reservas de energia geotérmica. Foto: Desmond Brown/IPS
O monte Neves fica no centro da ilha vulcânica de mesmo nome, que tem grandes reservas de energia geotérmica. Foto: Desmond Brown/IPS
Por Desmond Brown, da IPS – 
Charlestown, São Cristóvão e Neves, 27/1/2016 – Legisladores da ilha vulcânica de Neves, a menor das duas que formam o Estado de São Cristóvão e Neves, já fixaram uma data para substituir a geração elétrica deste país por energia renovável. A ilha ao norte das Antilhas Menores, com 12 mil habitantes e consumo de dez megawatts (MW) de energia por ano, importa diesel no valor de US$ 12 milhões. Um projeto de lei espera reduzir consideravelmente esse valor.
O vice-primeiro-ministro e ministro do Turismo de Neves, e também chanceler de São Cristóvão e Neves, Mark Brantley, afirmou que a energia geotérmica é algo que distingue Neves. “Há cerca de dez anos descobrimos que temos energia geotérmica aqui. Levou algum tempo, mas agora estamos em uma etapa em que foi feito todo o trabalho de prospecção e temos assegurado que a geotérmica estará pronta em dezembro de 2017”, declarou à IPS.
Segundo o ministro, “isso significa que, quando a usina foi ligada este mês, 100% da eletricidade de Neves será fornecida por energia renovável. Nenhum outro lugar do mundo pode se orgulhar disso, algo que nos fará o lugar mais verde do planeta Terra. Esse é o novo lema: o lugar mais verde do planeta”.Neves possui águas termais ativas e uma grande jazida geotérmica. Três locais de perfuração em sete centros vulcânicos indicam que a jazida tem capacidade de produção de até 500 MW de energia por ano. De acordo com o ministro, a mudança para a energia geotérmica não poderia ter chegado em melhor momento.
Mark Brantley vice-primeiro-ministro e ministro do Turismo de Neves, e também chanceler de São Cristóvão e Neves. Foto: Desmond Brown/IPS
Mark Brantley vice-primeiro-ministro e ministro do Turismo de Neves, e também chanceler de São Cristóvão e Neves. Foto: Desmond Brown/IPS
“Acabamos de sair de Paris, da 21ª Conferência das Partes (COP 21) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. O mundo fala da mudança climática e o que podemos fazer. Creio que isto dá a Neves outra coisa sobre a qual falar e projetos emocionantes que impulsionem as viagens à ilha, na medida em que as pessoas vierem e quiserem ser parte de algo que é tão natural”, afirmou Brantley.“Sem dúvida, seremos completamente verdes. Nossas emissões, nossa pegada de carbono diminuirá para quase zero”, gerando uma economia de 40% a 50%, acrescentou.
“Tradicionalmente pagamos entre US$ 0,40 e US$ 0,45 por quilowatt/hora. A energia geotérmica custa entre US$ 0,17 eUS$ 0,18. Imagine que os custos operacionais diminuam drasticamente e com isso possa atrair as empresas. Já há interesse por parte de pessoas que querem produzir motonetas elétricas, assim, pense nos Jetsons”, destacouBrantley, se referindo à série norte-americana de desenhos animados da década de 1960.
“A ideia é que se há um lugar onde chegam visitantes e há carros elétricos, motonetas elétricas e tudo mais, é porque tem uma fonte de energia barata. Além disso, os especialistas nos dizem que teremos mais de 150 MW de energia disponível. Neves apenas utiliza 10 MW, por isso tem o suficiente para exportar a São Cristóvão”, que fica a pouco mais de três quilômetros, afirmou o ministro.
Brantleydestacou que“já fizemos estudos de interligação, inclusive com ilhas que estão dentro desse raio, de modo que Antiga é uma possibilidade, porque ali não há perspectivas de energia geotérmica”, além de São Bartolomeu, Saba e São Eustáquio.“Creio que Neves pode, potencialmente,se converter,em um ano, em exportador de energia. E poderá mudar todo o modelo econômico”, para deixar de depender do turismo e se dedicar à energia e à produção energética em seu lugar, acrescentou.
Dominica, outro Estado insular vizinho, lançou recentemente seu próprio projeto geotérmico, com planos de construir uma pequena usina de energia para consumo interno e outra maior, de até 100 MW para exportar para as ilhas francesas vizinhas de Guadalupe e Martinica.O poder legislativo discutirá um projeto de lei de energia geotérmica no primeiro trimestre deste ano. O primeiro-ministro, Roosevelt Skerrit, afirmou que a iniciativa mostra o compromisso de seu governo de alcançar o desenvolvimento do setor.
O projeto “teria que passar por um exame rigoroso de nossos sócios. Isso concluído, buscaremos a participação de sócios novos, mas também vemos a possibilidade de ter uma pequena usina por nossa conta. Buscamos a participação de governos amigos, de instituições”, acrescentouSkerrit.Segundo ele, “temos uma oferta de empréstimo do Banco Mundial que ainda está sobre a mesa. Por isso o governo tem que ver as opções de financiamento e decidir que rumo tomará na usina geotérmica. Por exemplo, a energia renovável seria sem dúvida uma grande vantagem para a economia de Dominica”.
Em agosto a tempestade tropical Erika passou por Dominica e arrasou povoados inteiros, destruiu pontes e deixou prejuízos com reconstrução equivalentes à metade do produto interno bruto do país. Cerca de 254 milímetros de chuva caíram em poucas horas, o que transformou os rios da ilha montanhosa em enxurradas e as ladeiras em deslizamentos mortais. A capital, Roseau, ficou inundada e o principal aeroporto da ilha permaneceu fechado durante quase um mês. Sua reconstrução custará aproximadamente US$ 15 milhões. Pelo menos 31 pessoas morreram vítimas da tempestade. Envolverde/IPS

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