por Fernanda Kalena, do Porvir
Para David Baker, as escolas tem que preparar o aluno para o mundo e não para terem bons resultados em avaliações.
O professor em um papel que extrapola o de transmissor de informações, como aquele que molda o caráter, que estimula valores e prepara os estudantes para a vida pós escola. É assim que o escritor britânico David Baker enxerga a função dos educadores. “Eles precisam fazer os alunos se sentirem pessoas completas, prontas e confiantes para encarar o mundo”. Defende que a escola tem que preparar os alunos para a vida e não para exames, que conteúdos pedagógicos são apenas uma parte da educação e que a tecnologia não deve ter grande espaço na formação dos jovens.
Baker é um dos membros da School of Life, ou Escola da Vida, instituição que dá aulas, oficinas e cria materiais sobre temas relacionados a trabalho, amor, família, política e diversão (já falamos sobre a escola aqui). Baker acredita que educação não deve se preocupar em melhorar habilidades, que o mais importante é instigar o desenvolvimento dos alunos enquanto indivíduos. “O que deve ser estimulado é o crescimento dos alunos enquanto ser humano, como se desenvolvem em termos de resiliência, confiança, como lidam com ansiedade e pressão, por exemplo”. Para o escritor, quando os jovens aprendem a lidar com suas emoções, eles também aprendem a lidar melhor com o outro, o que melhora as relações interpessoais.
Ele usa esse mesmo argumento para criticar o uso de tecnologias na educação. Segundo ele, os recursos tecnológicos estão criando barreiras entre as pessoas. “O que está acontecendo agora com a disseminação dos Moocs Glossário compartilhado de termos de inovação em educação sugere que a melhor educação pode chegar a qualquer pessoa. E tenho problemas com isso. Não quero negar o acesso de qualquer interessado em assistir aulas de Stanford, mas a educação é uma via de mão dupla, é algo que deve ser feito com comunicação humana, física e real, deve desenvolver uma relação entre professores e alunos e não apenas fomentar a troca de informações”, argumenta Baker que esteve esta semana no Brasil para participar do Ria Festival, evento de cultura digital promovido pela Fundação Telefônica.
O escritor faz uma comparação entre os cursos on-line com livros, dizendo que ambos são excelentes fontes de conteúdo, mas que não substituem a interação humana. “Esses grandes programas on-line estão entregando informações interessantes, mas não tenho certeza se eles estão entregando educação. Porque educação é sobre a capacidade de aprender e descobrir, nesse sentido os cursos on-line são mais como os livros”.
Baker também critica o que, segundo ele, está acontecendo tanto na Inglaterra, quanto em outros países como o Brasil, por exemplo, que é a escola priorizar o bom desempenho dos alunos em exames de avaliação e não na metodologia de ensino.
“Essa postura está determinando como os professores são julgados. Muitos estão, com razão, reclamando por serem analisados pelos resultados dos alunos em testes, pois assim, eles acabam direcionando toda sua prática pedagógica para os alunos terem boas notas”, conta.
Para o britânico, quando isso acontece o professor deixa de cumprir sua principal função, que é a de estimular o aluno a cultivar valores e habilidades para se formar por completo e encarar o mundo pós escola. “Não basta professores e alunos estarem no mesmo espaço físico se o foco do aprendizado não for a educação para a vida”.
* Publicado originalmente no site Porvir.
(Porvir)
O professor em um papel que extrapola o de transmissor de informações, como aquele que molda o caráter, que estimula valores e prepara os estudantes para a vida pós escola. É assim que o escritor britânico David Baker enxerga a função dos educadores. “Eles precisam fazer os alunos se sentirem pessoas completas, prontas e confiantes para encarar o mundo”. Defende que a escola tem que preparar os alunos para a vida e não para exames, que conteúdos pedagógicos são apenas uma parte da educação e que a tecnologia não deve ter grande espaço na formação dos jovens.
Baker é um dos membros da School of Life, ou Escola da Vida, instituição que dá aulas, oficinas e cria materiais sobre temas relacionados a trabalho, amor, família, política e diversão (já falamos sobre a escola aqui). Baker acredita que educação não deve se preocupar em melhorar habilidades, que o mais importante é instigar o desenvolvimento dos alunos enquanto indivíduos. “O que deve ser estimulado é o crescimento dos alunos enquanto ser humano, como se desenvolvem em termos de resiliência, confiança, como lidam com ansiedade e pressão, por exemplo”. Para o escritor, quando os jovens aprendem a lidar com suas emoções, eles também aprendem a lidar melhor com o outro, o que melhora as relações interpessoais.
Ele usa esse mesmo argumento para criticar o uso de tecnologias na educação. Segundo ele, os recursos tecnológicos estão criando barreiras entre as pessoas. “O que está acontecendo agora com a disseminação dos Moocs Glossário compartilhado de termos de inovação em educação sugere que a melhor educação pode chegar a qualquer pessoa. E tenho problemas com isso. Não quero negar o acesso de qualquer interessado em assistir aulas de Stanford, mas a educação é uma via de mão dupla, é algo que deve ser feito com comunicação humana, física e real, deve desenvolver uma relação entre professores e alunos e não apenas fomentar a troca de informações”, argumenta Baker que esteve esta semana no Brasil para participar do Ria Festival, evento de cultura digital promovido pela Fundação Telefônica.
O escritor faz uma comparação entre os cursos on-line com livros, dizendo que ambos são excelentes fontes de conteúdo, mas que não substituem a interação humana. “Esses grandes programas on-line estão entregando informações interessantes, mas não tenho certeza se eles estão entregando educação. Porque educação é sobre a capacidade de aprender e descobrir, nesse sentido os cursos on-line são mais como os livros”.
Baker também critica o que, segundo ele, está acontecendo tanto na Inglaterra, quanto em outros países como o Brasil, por exemplo, que é a escola priorizar o bom desempenho dos alunos em exames de avaliação e não na metodologia de ensino.
“Essa postura está determinando como os professores são julgados. Muitos estão, com razão, reclamando por serem analisados pelos resultados dos alunos em testes, pois assim, eles acabam direcionando toda sua prática pedagógica para os alunos terem boas notas”, conta.
Para o britânico, quando isso acontece o professor deixa de cumprir sua principal função, que é a de estimular o aluno a cultivar valores e habilidades para se formar por completo e encarar o mundo pós escola. “Não basta professores e alunos estarem no mesmo espaço físico se o foco do aprendizado não for a educação para a vida”.
* Publicado originalmente no site Porvir.
(Porvir)
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