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Amazônia
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O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou sexta-feira, no Diário Oficial da União, uma portaria marcando para 15 de dezembro o leilão da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará. Porém, a Funai ainda não havia recebido o estudo do componente indígena. A análise da Funai é imprescindível para a emissão da licença exigida antes do leilão em obras que afetam terras indígenas. O documento só foi protocolado na Funai por volta das 17h de sexta-feira, depois que o MME foi questionado pelo Globo. A Funai terá 90 dias para avaliar os impactos da usina. A proximidade do leilão restringe o prazo para realização de audiências públicas com as comunidades indígenas afetadas, para que elas sejam ouvidas sobre a obra - O Globo, 13/9, Economia, p.33. |
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Começou a ser erguida, no coração da selva amazônica, uma torre de 330 metros de altura que vai monitorar de forma contínua, por pelo menos 20 anos, as complexas interações entre a atmosfera e a floresta. Repleto de instrumentos científicos de alta tecnologia, o observatório medirá com precisão os fluxos amazônicos de calor, água e gás carbônico, além de analisar minuciosamente os padrões de ventos, umidade, absorção de carbono, formação de nuvens e parâmetros meteorológicos. A torre deverá gerar conhecimento inédito sobre o papel do ecossistema amazônico no contexto das mudanças climáticas globais - OESP, 14/9, Metrópole, p.A36. |
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A divulgação em meio ao tiroteio eleitoral escondeu o resultado do monitoramento da destruição da floresta amazônica. Entre agosto de 2012 e julho de 2013, o desmatamento foi 29% maior do que nos 12 meses anteriores, segundo o programa Prodes, que o Inpe devia ter divulgado em maio mas só revelou na última quarta, porque o Instituto Socioambiental interpelou o órgão com base na Lei de Acesso a Informação. Outro projeto de acompanhamento da degradação da Amazônia, chamado Deter, mostra que em junho e julho de 2014 os alertas de desmatamento foram 9% maiores que no mesmo período de 2013. Os resultados combinados revelam que a degradação cresce há dois anos, revertendo a redução ocorrida entre 2008 e 2012", artigo de Leão Serva - FSP, 15/9, Cotidiano, p.C2. |
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Água
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Com 12% a 16% da água doce disponível na Terra, o Brasil é um país rico nesse insumo. Cada habitante pode contar com mais de 43 mil m³ por ano dos mananciais. Só em aparência, porém, a situação no país é confortável. O líquido é mais abundante onde a população é escassa, como na Amazônia. Nas regiões Sudeste e Nordeste (70% da população), vários centros urbanos já enfrentam dificuldades de abastecimento -agravadas por secas como as de São Paulo, neste ano, e do semiárido nordestino, em 2012/13. E sobrevêm os riscos de piora com a previsível mudança do clima - FSP, 14/9, Caderno Especial - Crise da Água, p.2. |
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De 2004 a 2013, o consumo nas 33 cidades da Grande São Paulo atendidas pela Sabesp aumentou 26%, e a oferta de água tratada cresceu só 9%. No período, o aumento anual da população foi de cerca de 150 mil pessoas, e o padrão de consumo se elevou. Se há dez anos um morador local gastava 150 litros de água por dia, o consumo hoje é de 175 litros, 65 acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Além disso, entre 2008 e 2013 a Sabesp não aplicou 37% do previsto em obras. Os principais atrasos estão na ligação de reservatórios e no sistema São Lourenço, que, ao custo de R$ 1 bilhão, trará água do Vale do Ribeira, a partir de 2018 - FSP, 14/9, Caderno Especial - Crise da Água, p.3. |
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A maior cheia já medida no Madeira, que elevou em 19 metros o rio na altura de Porto Velho, ocorreu pouco mais de dois anos após o início da operação das usinas de Jirau e Santo Antônio. Chuvas deram ao rio uma vazão de cerca de 65 mil m³/s, 50% acima da média histórica de cheia na altura de Porto Velho. Dias Nunes, geógrafo da Universidade Federal de Rondônia, diz que, ao abrir as comportas para controlar o nível de água a montante, a usina pode ter liberado grande quantidade de sedimento. A Santo Antônio Energia afirma, porém, que a abertura das comportas foi feita de forma gradual, ao longo de 15 dias - FSP, 14/9, Caderno Especial - Crise da Água, p.4. |
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Da janela de sua casa, em Cabrobó, sertão de Pernambuco, o agricultor Leônidas Landin contempla o que jamais imaginara ver: um canal gigantesco, pelo qual poderão passar até 8,6 milhões de m³ de água por dia. É o canal maior da transposição do São Francisco, obra com que o governo pretende dar "garantia hídrica" a 12 milhões de pessoas. Os 477 km dos dois canais principais levarão água para 390 cidades dos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Obra iniciada em 2006, seu término está previsto para 2017, e alguns trechos já deverão funcionar em 2015. Mas hoje a preocupação de Landin é outra: a água da sua cisterna está minguando. Ficar sem água é cena cada vez mais incomum no Nordeste - FSP, 14/9, Caderno Especial - Crise da Água, p.5. |
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A proposta do governo estadual paulista para a carência de água na Grande São Paulo está no Vale do Ribeira, a 80 km da capital. O sistema São Lourenço, contudo, só ficará pronto em 2018. Até lá, para enfrentar a estiagem e fugir do racionamento, a Sabesp recorreu à captação do volume morto no sistema Cantareira e ao bônus na conta de quem diminuísse o uso de água. A redução de consumo obtida em agosto em São Paulo (336.960 m³/dia), porém, não chegou a um quarto do que ainda se desperdiça (1,5 milhão de m³/dia, ou 24,4% do total produzido). Muitos especialistas dizem que o tripé para impedir que a água acabe em áreas populosas se compõe de recuperação ambiental, conservação de mananciais e redução do desperdício - FSP, 14/9, Tudo sobre Crise da Água, p.6. |
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Principal obra para reforçar o abastecimento da Grande São Paulo, o sistema São Lourenço vai captar apenas um quinto da água disponível em sua fonte, a represa Cachoeira do França, na região de Ibiúna. Isso porque uma outorga federal concede à CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), do grupo Votorantim, o direito de utilizar a maior parte da água que chega ao reservatório para produzir energia elétrica para suas fábricas. A concessão vence em junho de 2016 e a Sabesp tem interesse em pleiteá-la para ampliar a produção de água do sistema, que irá abastecer cerca de 1,5 milhão de pessoas quando começar a funcionar -a previsão é 2017. Oficialmente, a Sabesp diz apenas que a questão está sendo estudada - FSP, 13/9, Cotidiano, p.1. |
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Piscicultores da maior região produtora de tilápias do País paralisaram sexta-feira a passagem de carros pela ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná, que liga os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. O ato foi uma tentativa de interromper a queda do nível do reservatório de Ilha Solteira, no Rio Paraná, entre os dois Estados, onde estão concentradas 38 fazendas aquáticas que produzem 22 mil toneladas de tilápias (saint peter) por ano. Ao final, os piscicultores conseguiram a promessa de um encontro com representantes da Procuradoria Geral do Estado, da Cesp e da Casa Civil, para discutir a situação - OESP, 13/9, Economia, p.B7. |
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Peter Gleick criou e dirige o Pacific Institute, uma ONG da Califórnia que há 27 anos vem tratando dos problemas da água e do clima. O instituto sempre deu destaque para o nexo entre os temas, desde quando ainda nem se falava muito de mudança do clima. A tese de doutorado de Gleick, em 1986, já tratava de aquecimento global e água. Ele também fez o primeiro estudo sobre os impactos do clima nos recursos hídricos do Oeste dos Estados Unidos. "Muitas de nossas preocupações com recursos naturais não serão com petróleo, mas com água. Há substitutos para o petróleo, mas não há substitutos para a água", alerta Gleick em entrevista - FSP, 15/9, Entrevista, p.A16. |
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"O ano de 2014 ficará marcado como aquele em que o país se descobriu vulnerável à água. Não se pode afirmar com segurança que as secas e enchentes de 2014 sejam já efeito de uma mudança global do clima. Mas não é essa a discussão que importa, e sim saber se a infraestrutura existente no país -e a que se pretende construir nas próximas décadas- está preparada para as novas condições. Resta conhecer o plano dos candidatos a presidente para administrar de modo racional e responsável a água do país", editorial - FSP, 15/9, Editoriais, p.A2. |
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Geral
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O nome Gaia está no centro de uma reação intelectual à crise climática, à perda da biodiversidade e à probabilidade de um colapso global. Gaia ressurge como teoria científica e conceito filosófico, um ponto de partida privilegiado para se problematizar as relações entre homem, natureza e tecnologia. Algumas destas propostas estarão em pauta no colóquio "Os mil nomes de Gaia: do Antropoceno à idade da Terra", que acontece até sexta-feira na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio. Idealizado pela filósofa Déborah Danowski, pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e pelo antropólogo e filósofo francês Bruno Latour, o evento reúne diversos pensadores brasileiros e estrangeiros para debater novas maneiras de imaginar e ocupar o espaço do mundo, mesclando ciências exatas e humanas - O Globo, 13/9, Prosa, p.2. |
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"Que a Terra é a nossa casa cósmica, todo mundo sabe, se bem que poucos prestam atenção a isso. Nas tribulações do dia-a-dia, enquanto não há uma crise maior, é fácil esquecer da nossa dependência completa e absoluta do nosso planeta. Afinal, está sempre aqui, o chão sob nossos pés, A luz do Sol filtrada pela atmosfera, o azul do céu, o clima agradável e perfeito para que possamos sobreviver nele. Mas por trás disso tudo existe um planeta extremamente especial que, sem ele, sem sua estabilidade orbital e climática, não estaríamos aqui", artigo de Marcelo Gleiser -FSP, 14/9, Ciência, p.C14. |
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