Uma espécie de WikiLeaks para o meio ambiente, assim pode ser definida a plataforma de denúncias Wildleaks, recém criada por um grupo de conservacionistas com o objetivo de combater à caça ilegal.
Os caçadores ilegais, que devastam populações de rinocerontes e elefantes na África, são muitas vezes protegidos da polícia por suas conexões com o poder. Enquanto guardas florestais encaram criminosos armados, o projeto on-line quer mirar os maiores traficantes de chifres de rinocerontes e presas de elefantes, que lucram milhões de dólares com sua atividade.
Segundo o conservacionista Andrea Crosta, um dos criadores da iniciativa, a plataforma recebe todo tipo de denúncia. Diretor executivo da Elephant Action League, baseada na Califórnia, o pesquisador tem 25 anos de experiência em projetos de conservação e pesquisa, e 15 anos de treino em segurança de alto nível e gerenciamento de riscos.
Uma das denúncias, por exemplo, envolve um homem muito poderoso no Quênia ligado ao governo, e que está por trás do comércio de marfim. Há denúncias de caça a tigres no norte de Sumatra, de contrabando de macacos, em particular chimpanzés, na África Central, atividades madeireiras ilegais no México, Malawi e Rússia, pesca ilegal na costa do Alasca.
Opções
Uma vez verificada a confiabilidade da informação, a organização tem três opções, diz Crosta.
Pode iniciar uma investigação com seus próprios recursos em colaboração com seus parceiros, partilhar a denúncia com outros grupos ou com agências de execução da lei.
“Esta parece ser uma nova abordagem para a questão das gangues criminosas”, afirmou ao jornal alemão Deutsche Welle Richard Thomas, da Traffic, o principal grupo mundial de monitoramento do comércio de vida selvagem. “Pode se provar útil com o tempo.”
Otimistas
Representantes do Grupo de Conservação do Instituto Max Plank de Antropologia Evolucionária também se mostram otimistas em relação à plataforma, da qual são parceiros.
“Acho uma ideia verdadeiramente inteligente”, ressalta Mimi Arandjelovic, membro da iniciativa. Mas um dos problemas do projeto é que, para ter sucesso, precisa se tornar conhecido, admite Crosta.
Em 2013, cerca de 20 mil elefantes foram mortos na África, número maior do que os de nascimentos desses animais, enquanto que 1.004 rinocerontes foram abatidos na África do Sul, na razão de três por dia – afirmou a secretária americana do Interior, Sally Jewell.
- Conheça a plataforma Wildleaks -
* Publicado originalmente no site EcoD.
(EcoD)
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