“Utilizados em transformadores, capacitores, fluídos de transferência de calor e como aditivos na formulação de plastificantes, tintas, adesivos e praguicidas, os PCBs estão proibidos no Brasil desde 1981, porém 31% da sua produção mundial atingiu o meio ambiente. Como possuem a capacidade de se acumularem nos seres vivos, podem causar diversos efeitos em sua saúde e, por isso, podem estar relacionados com o desenvolvimento da fibropapilomatose nas tartarugas verdes”, explica Silmara. A tese teve orientação da professora Eliana Reiko Matushima. Já as análises da presença de PCBs foram realizadas no laboratório de Ecotoxicologia, do Cena, sob a supervisão do professor Valdemar Luiz Tornisielo.
As tartarugas-verdes, da espécie Chelonia mydas, foram capturadas com a colaboração das equipes do Projeto Tamar-ICMBio, nas cidades de Florianópolis (Santa Catarina), Ubatuba (São Paulo), Vitória (Espírito Santo) e Almofala (Ceará), além da ilha de Fernando de Noronha (Pernambuco), e contribuíram para possibilitar a obtenção das amostras sanguíneas das tartarugas.
Fibropapilomatose
Durante três anos, entre agosto de 2010 e novembro de 2013, foram coletadas amostras e os resultados obtidos em 49 animais indicaram 33 com fibropapilomatose para aqueles que tiveram analisadas a atividade dos leucócitos e provenientes de Ubatuba. Já nas 80 tartarugas que tiveram os PCBs analisados, 59 não apresentaram fibropapilomatose e 21 tiveram a doença identificada.
“Os animais acometidos tiveram maiores concentrações dos compostos, com algumas exceções para as tartarugas capturadas em Vitória. Correlações indicaram que conforme aumentou a concentração de PCBs nas amostras, aumentou a atividade dos linfócitos. Porém, outros experimentos ainda precisam ser realizados para confirmar a relação dos poluentes com a fibropapilomatose”, afirmou Silmara.
A tese de doutorado, denominada Análise da atividade de leucócitos e de bifenilas policloradas aplicada ao estudo da fibropapilomatose em Chelonia mydas (Testudines, Cheloniidae) (Linnaeus, 1758), contou com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Silmara integrava o Programa de Pós-Graduação Interunidades Cena/Esalq, na área de concentração de Ecologia Aplicada.
* Publicado originalmente no site Agência USP.
(Agência USP)
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