28 de julho de 2014
Por Bruna Araújo (da Redação da ANDA)
Na última semana, a Rússia enviou novamente animais para o espaço com a justificativa de estudar a interação biológica dos seres na microgravidade. A missão teria previsão de durar dois meses, porém, neste fim semana foi noticiado que a sala de controle russa perdeu o contato com o satélite e os animais estariam à deriva no espaço. As informações são do portal G1.
O foguete foi lançado a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, às 20h50 UTC no dia 19 de julho. A cápsula espacial Foton M4 foi colocada em órbita 10 minutos após o lançamento. Segundo Agência Espacial Federal Russa, ou Roscosmos, o lançamento ocorreu com sucesso e o satélite estaria tripulado por dezenas de lagartixas.
No último ano, o país protagonizou uma polêmica ao enviar para o espaço uma cápsula tribulada por ratos, gerbos, lagartos e caracóis com o objetivo de testar os “níveis de sobrevivência dos animais com a ausencia de gravidade”. Deixando claro, que as mortes já eram esperadas. Após 30 dias, a cápsula retornou ao planeta e metade dos animais estavam mortos, a outra metade, que supostamente teria sobrevivido, teve destino desconhecido.
Os cientistas justificam os experimentos afirmando que é necessário compreender o comportamento da fisiologia animal no espaço, para que assim, seres humanos possam ser enviados em viagens mais distantes com o mínimo de riscos.
Segundo portal Galeria do Meteorito, a cápsula Foton M4, enviada na última semana, além das lagartixas, leva também dezenas de ovos que serão expostos a radiação cósmica. O equipamento foi baseado na nave espacial Vostok que levou Yuri Gagarin em órbita em 1961, no primeiro voo espacial humano.
Os animais enviados ao espaço são considerados por alguns como “desbravadores” e “heróis” como se tivessem optado por doar suas vidas à pesquisas cientifícas. Com muitas de chances de morrerem em viagens longas, caso tenham a sorte de aterrissarem com vida, passarão o restante de seus dias confinados em laboratórios ou como atrações.
O programa espacial russo há anos envia animais ao espaço, entre os anos 50 e 60, dezenas de cães, em especial fêmeas, foram retirados das ruas e expostos a um treinamento de inatividade, que consistia em manter os animais trancados em caixotes minúsculos por cerca de 20 dias. Na época, os cientistas alegaram que foram escolhidos animais em situação de rua, pois estes “tinham mais chance de suportarem o estresse da viagem”, uma vez que estavam acostumados viverem em situações adversas.
Segundo a enciclopédia livre, Wikipédia, o treinamento dos cães incluía ficarem parados por longos períodos, em cansativas roupas de astronauta, sendo colocadas em simuladores que agiam como um foguete durante o lançamento, como também sendo colocadas em centrífugas que simulavam a alta aceleração do foguete durante o lançamento, sendo mantidos em gaiolas progressivamente menores que as preparavam para o confinamento das cápsulas espaciais. Sua alimentação consistia numa geleia rica em proteínas; isto era altamente fibroso e ajudava na excreção dos animais durante o longo tempo em repouso. Mais de 60% dos cães usados para ir ao espaço, segundo reportado, sofreram de obstipação e pedras na bexiga quando chegaram à base.
É importante frisar, que nenhum desses animais teve opção. Todos foram expostos a treinamentos estressantes e por vezes violentos. Os números oficiais sobre mortes e acidentes envolvendo animais nunca foi divulgado. Estes experimentos, por vezes esquecidos e só trazidos à debate em casos como o da cápsula Foton M4, acontecem diariamente e fogem das estatísticas.
Relembre animais enviados ao espaço
Moscas-das-frutas (1947)
Os EUA foram os primeiros a enviar um organismo vivo ao espaço. As moscas-das-frutas fizeram uma viagem dentro de uma cápsula, junto com um pouco de algodão e algumas sementes de centeio. O objetivo do voo era estudar os efeitos da radiação em plantas e animais. Segundo fontes da época, as moscas retornaram com vida.
Albert I e Albert II (1948/1949)
Dando início ao Projeto Albert, em 11 de junho de 1948, Albert I, um macaco-rhesus, foi lançado pelos EUA ao espaço, a bordo do foguete Blossom V-2. O macaco, porém, morreu sufocado. No ano seguinte, em 14 de junho de 1949, Albert II foi o primeiro macaco enviado para um voo suborbital. A viagem tinha como objetivo estudar os efeitos do espaço no organismo animal. Albert aguentou durante toda a viagem no espaço, mas morreu na aterrissagem.
Laika (1957)
A corrida espacial entre EUA e Rússia, iniciada com a Sputnik 1, resultou no envio da Sputnik 2 um mês depois, em 3 de novembro de 1957. A bordo da nave, a cadela Laika, mandada para ser o primeiro animal a fazer um voo na órbita da Terra. Laika era uma cadela resgatada das ruas de Moscou para o programa espacial soviético citado acima.
A cápsula de Laika, no entanto, não havia sido projetada para ser recuperada, o animal foi enviado propositalmente à morte. Embora informações iniciais tivessem indicado que a cadela teria sobrevivido alguns dias, evidências revelaram, mais tarde, que Laika morreu algumas horas após o lançamento. Sua morte foi resultado do superaquecimendo da cabine e ao estresse a que foi submetida.
Able e Baker (1959)
Em 28 de maio de 1959, os EUA enviaram Able, uma fêmea de macaco-rhesus, e Baker, um macaco-esquilo, a bordo de um foguete Júpiter AM-18. O voo foi considerado bem sucedido, mas Able veio a falecer durante a remoção cirúrgica dos sensores que haviam sido implantados para transmissão de seus sinais vitais.
Belka e Strelka (1960)
O primeiro resgate considerado bem sucedido de cães enviados ao espaço foi o de Belka e Strelka, lançados a bordo da Sputnik 5, em 19 de agosto de 1960. As cadelas russas tiveram como companhia 40 camundongos, dois ratos e algumas plantas. Mais tarde, Strelka teve seis filhotes, um deles, nomeado Pushinka, foi adotado pelo presidente Kennedy.
Chernushka e Zvezdochka (1961)
Duas cadelas são consideradas heroínas “involuntárias” responsáveis por abriram espaço para Yuri Gagárin, o primeiro homem no espaço. A primeira delas, Chernushka, foi enviada junto com alguns ratos e um porco da Guiné a bordo da Sputnik 9, em 9 de março de 1961. A viagem considerada bem sucedida levou a cadela Zvezdochka a fazer o próximo voo, duas semanas depois, em 25 de março de 61.
Ham (1961)
Ham foi o primeiro chimpanzé enviado ao espaço, a bordo de um foguete Mercury-Redstone 2 da Nasa, em 31 de janeiro de 1961. O chimpanzé realizou um voo suborbital com sucesso e foi resgatado com vida. Após o voo, Ham passou o resto de sua vida confinado em um zoológico como atração.
Félix ou Felicite (1963)
Em 18 de outubro de 1963, a França enviou o um gato ao espaço. Algumas fontes afirmam que o gato era na verdade uma fêmea, Felicette. De qualquer forma, o animal foi o único felino, até hoje, enviado ao espaço para um voo suborbital.
Félix vivia nas ruas de Paris até ser “recrutado” para a missão, que tinha como objetivo estudar os efeitos da microgravidade no cérebro do animal. Com eletrodos implantados em seu cérebro, o gato foi recuperado com vida, mas seu destino após o regresso é desconhecido.
Veterok e Ugolyok (1966)
Os cães russos Veterok e Ugolyok são considerados detentores de um recorde espacial. Enviados ao espaço, em 22 de fevereiro de 1966, a bordo da espaçonave Voskhod 3, eles permaneceram em órbita por 22 dias. O recorde canino de permanência no espaço só foi batido pelos humanos com a Skylab 2, em 1974.
Arabella e Anita (1973)
Arabella e Anita foram as primeiras aranhas a serem enviadas ao espaço. Em 28 de julho de 1973, as duas foram lançadas pela Nasa, a bordo do foguete Saturn V, com destino à estação espacial Skylab 3, onde permaneceram 59 dias. O objetivo da missão era observar se as aranhas seriam capazes de tecer uma teia no espaço, em um ambiente de microgravidade.
Arabella e Anita conseguiram construir uma teia, porém Anita morreu na Skylab, pouco antes de retornar à Terra, enquanto Arabella morreu na cápsula de regresso, durante a reentrada na atmosfera. Os corpos das aranhas permanecem em exposição no Museu Smithsonian, em Washington
O número de vítimas nunca será preciso e devido ao grande número de fracassos, tende a aumentar. Muitos desses “heróis” e “heroínas”, receberam em troca a morte ou vidas cativas em laboratórios e zoológicos. Países que ostentam seu poder tecnológico, ainda são incapazes de criar políticas que impeçam a exploração e crueldade a animais apenas para satisfazer egos internacionais. Esses seres pagam com suas vidas para satisfazerem a curiosidade de grupos científicos e corporativos.
Os animais tidos como “desbravadores” no espaço, na Terra, são vítimas de ações especistas e submetidos a todo tipo de exploração com o objetivo de servir a seres humanos, até em escalas espaciais. Segundo Neil Armstrong, primeiro homem a chegar a lua, a chegada ao espaço e a outros corpos celestes é um grande passo para a humanidade. Mas a que custo?
Bibliografia: Animais no Espaço
Na última semana, a Rússia enviou novamente animais para o espaço com a justificativa de estudar a interação biológica dos seres na microgravidade. A missão teria previsão de durar dois meses, porém, neste fim semana foi noticiado que a sala de controle russa perdeu o contato com o satélite e os animais estariam à deriva no espaço. As informações são do portal G1.
O foguete foi lançado a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, às 20h50 UTC no dia 19 de julho. A cápsula espacial Foton M4 foi colocada em órbita 10 minutos após o lançamento. Segundo Agência Espacial Federal Russa, ou Roscosmos, o lançamento ocorreu com sucesso e o satélite estaria tripulado por dezenas de lagartixas.
No último ano, o país protagonizou uma polêmica ao enviar para o espaço uma cápsula tribulada por ratos, gerbos, lagartos e caracóis com o objetivo de testar os “níveis de sobrevivência dos animais com a ausencia de gravidade”. Deixando claro, que as mortes já eram esperadas. Após 30 dias, a cápsula retornou ao planeta e metade dos animais estavam mortos, a outra metade, que supostamente teria sobrevivido, teve destino desconhecido.
Os cientistas justificam os experimentos afirmando que é necessário compreender o comportamento da fisiologia animal no espaço, para que assim, seres humanos possam ser enviados em viagens mais distantes com o mínimo de riscos.
Segundo portal Galeria do Meteorito, a cápsula Foton M4, enviada na última semana, além das lagartixas, leva também dezenas de ovos que serão expostos a radiação cósmica. O equipamento foi baseado na nave espacial Vostok que levou Yuri Gagarin em órbita em 1961, no primeiro voo espacial humano.
Os animais enviados ao espaço são considerados por alguns como “desbravadores” e “heróis” como se tivessem optado por doar suas vidas à pesquisas cientifícas. Com muitas de chances de morrerem em viagens longas, caso tenham a sorte de aterrissarem com vida, passarão o restante de seus dias confinados em laboratórios ou como atrações.
O programa espacial russo há anos envia animais ao espaço, entre os anos 50 e 60, dezenas de cães, em especial fêmeas, foram retirados das ruas e expostos a um treinamento de inatividade, que consistia em manter os animais trancados em caixotes minúsculos por cerca de 20 dias. Na época, os cientistas alegaram que foram escolhidos animais em situação de rua, pois estes “tinham mais chance de suportarem o estresse da viagem”, uma vez que estavam acostumados viverem em situações adversas.
Segundo a enciclopédia livre, Wikipédia, o treinamento dos cães incluía ficarem parados por longos períodos, em cansativas roupas de astronauta, sendo colocadas em simuladores que agiam como um foguete durante o lançamento, como também sendo colocadas em centrífugas que simulavam a alta aceleração do foguete durante o lançamento, sendo mantidos em gaiolas progressivamente menores que as preparavam para o confinamento das cápsulas espaciais. Sua alimentação consistia numa geleia rica em proteínas; isto era altamente fibroso e ajudava na excreção dos animais durante o longo tempo em repouso. Mais de 60% dos cães usados para ir ao espaço, segundo reportado, sofreram de obstipação e pedras na bexiga quando chegaram à base.
É importante frisar, que nenhum desses animais teve opção. Todos foram expostos a treinamentos estressantes e por vezes violentos. Os números oficiais sobre mortes e acidentes envolvendo animais nunca foi divulgado. Estes experimentos, por vezes esquecidos e só trazidos à debate em casos como o da cápsula Foton M4, acontecem diariamente e fogem das estatísticas.
Relembre animais enviados ao espaço
Moscas-das-frutas (1947)
Os EUA foram os primeiros a enviar um organismo vivo ao espaço. As moscas-das-frutas fizeram uma viagem dentro de uma cápsula, junto com um pouco de algodão e algumas sementes de centeio. O objetivo do voo era estudar os efeitos da radiação em plantas e animais. Segundo fontes da época, as moscas retornaram com vida.
Albert I e Albert II (1948/1949)
Dando início ao Projeto Albert, em 11 de junho de 1948, Albert I, um macaco-rhesus, foi lançado pelos EUA ao espaço, a bordo do foguete Blossom V-2. O macaco, porém, morreu sufocado. No ano seguinte, em 14 de junho de 1949, Albert II foi o primeiro macaco enviado para um voo suborbital. A viagem tinha como objetivo estudar os efeitos do espaço no organismo animal. Albert aguentou durante toda a viagem no espaço, mas morreu na aterrissagem.
Laika (1957)
A corrida espacial entre EUA e Rússia, iniciada com a Sputnik 1, resultou no envio da Sputnik 2 um mês depois, em 3 de novembro de 1957. A bordo da nave, a cadela Laika, mandada para ser o primeiro animal a fazer um voo na órbita da Terra. Laika era uma cadela resgatada das ruas de Moscou para o programa espacial soviético citado acima.
A cápsula de Laika, no entanto, não havia sido projetada para ser recuperada, o animal foi enviado propositalmente à morte. Embora informações iniciais tivessem indicado que a cadela teria sobrevivido alguns dias, evidências revelaram, mais tarde, que Laika morreu algumas horas após o lançamento. Sua morte foi resultado do superaquecimendo da cabine e ao estresse a que foi submetida.
Able e Baker (1959)
Em 28 de maio de 1959, os EUA enviaram Able, uma fêmea de macaco-rhesus, e Baker, um macaco-esquilo, a bordo de um foguete Júpiter AM-18. O voo foi considerado bem sucedido, mas Able veio a falecer durante a remoção cirúrgica dos sensores que haviam sido implantados para transmissão de seus sinais vitais.
Belka e Strelka (1960)
O primeiro resgate considerado bem sucedido de cães enviados ao espaço foi o de Belka e Strelka, lançados a bordo da Sputnik 5, em 19 de agosto de 1960. As cadelas russas tiveram como companhia 40 camundongos, dois ratos e algumas plantas. Mais tarde, Strelka teve seis filhotes, um deles, nomeado Pushinka, foi adotado pelo presidente Kennedy.
Chernushka e Zvezdochka (1961)
Duas cadelas são consideradas heroínas “involuntárias” responsáveis por abriram espaço para Yuri Gagárin, o primeiro homem no espaço. A primeira delas, Chernushka, foi enviada junto com alguns ratos e um porco da Guiné a bordo da Sputnik 9, em 9 de março de 1961. A viagem considerada bem sucedida levou a cadela Zvezdochka a fazer o próximo voo, duas semanas depois, em 25 de março de 61.
Ham (1961)
Ham foi o primeiro chimpanzé enviado ao espaço, a bordo de um foguete Mercury-Redstone 2 da Nasa, em 31 de janeiro de 1961. O chimpanzé realizou um voo suborbital com sucesso e foi resgatado com vida. Após o voo, Ham passou o resto de sua vida confinado em um zoológico como atração.
Félix ou Felicite (1963)
Em 18 de outubro de 1963, a França enviou o um gato ao espaço. Algumas fontes afirmam que o gato era na verdade uma fêmea, Felicette. De qualquer forma, o animal foi o único felino, até hoje, enviado ao espaço para um voo suborbital.
Félix vivia nas ruas de Paris até ser “recrutado” para a missão, que tinha como objetivo estudar os efeitos da microgravidade no cérebro do animal. Com eletrodos implantados em seu cérebro, o gato foi recuperado com vida, mas seu destino após o regresso é desconhecido.
Veterok e Ugolyok (1966)
Os cães russos Veterok e Ugolyok são considerados detentores de um recorde espacial. Enviados ao espaço, em 22 de fevereiro de 1966, a bordo da espaçonave Voskhod 3, eles permaneceram em órbita por 22 dias. O recorde canino de permanência no espaço só foi batido pelos humanos com a Skylab 2, em 1974.
Arabella e Anita (1973)
Arabella e Anita foram as primeiras aranhas a serem enviadas ao espaço. Em 28 de julho de 1973, as duas foram lançadas pela Nasa, a bordo do foguete Saturn V, com destino à estação espacial Skylab 3, onde permaneceram 59 dias. O objetivo da missão era observar se as aranhas seriam capazes de tecer uma teia no espaço, em um ambiente de microgravidade.
Arabella e Anita conseguiram construir uma teia, porém Anita morreu na Skylab, pouco antes de retornar à Terra, enquanto Arabella morreu na cápsula de regresso, durante a reentrada na atmosfera. Os corpos das aranhas permanecem em exposição no Museu Smithsonian, em Washington
O número de vítimas nunca será preciso e devido ao grande número de fracassos, tende a aumentar. Muitos desses “heróis” e “heroínas”, receberam em troca a morte ou vidas cativas em laboratórios e zoológicos. Países que ostentam seu poder tecnológico, ainda são incapazes de criar políticas que impeçam a exploração e crueldade a animais apenas para satisfazer egos internacionais. Esses seres pagam com suas vidas para satisfazerem a curiosidade de grupos científicos e corporativos.
Os animais tidos como “desbravadores” no espaço, na Terra, são vítimas de ações especistas e submetidos a todo tipo de exploração com o objetivo de servir a seres humanos, até em escalas espaciais. Segundo Neil Armstrong, primeiro homem a chegar a lua, a chegada ao espaço e a outros corpos celestes é um grande passo para a humanidade. Mas a que custo?
Bibliografia: Animais no Espaço
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