Comércio de guepardos está levando espécie à extinção
18 de julho de 2014
(da Redação da ANDA)
O crescente comércio de guepardos para serem explorados como animais domésticos “de luxo” no Oriente Médio está levando à extinção as populações que já eram ameaçadas, de acordo com estudo recente. O relatório do estudo também revela números horríveis desse comércio, com mais de dois terços dos filhotes que são contrabandeados em uma rota pela África morrendo no caminho. Finalmente, as nações dos dois lados do comércio concordaram que é necessária uma ação urgente. As informações são do The Guardian.
Os guepardos, famosos como os animais terrestres mais ágeis do mundo, perderam cerca de 90% de sua população no último século quando suas imensas faixas de habitat na África e Ásia foram tomadas por fazendeiros. Restaram menos de 10 mil animais, e os números estão decrescendo. Há uma tradição antiga de uso de guepardos treinados como animais de caça na África mas, mais recentemente, uma demanda por eles como animais de companhia por serem símbolo de “status” nos estados do Golfo reduziu ainda mais as populações.
Guepardos são extraordinariamente fáceis de serem domesticados, especialmente quando filhotes, e o relatório descobriu casos nos estados do Golfo desses felinos dentro de carros como passageiros, sendo levados para passear com guias como cães e até mesmo colocados para se exercitar sobre esteiras. Outras evidências mostraram guepardos andando por salas de estar e se atracando com seus tutores, incluindo crianças pequenas.
“Todo esse comércio não foi apreciado pelo público ou pelo meio conservacionista”, disse Nick Mitchell, que contribuiu com o relatório para a Cites (Convenção sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas), em uma primeira visão abrangente sobre o comércio de guepardos. “Se nós não agirmos agora sobre esse mercado e sobre o uso da terra, poderemos certamente perder sub populações em poucos anos”.
Os guepardos não se reproduzem facilmente em cativeiro, e o comércio no Golfo é suprido por animais arrancados da natureza na África. Entre as distintas sub espécies que vivem na região, os números de indivíduos somam aproximadamente 2.500. Os animais são traficados por barcos da Somália para o Yemen, e então levados por estradas para dentro dos estados do Golfo, incluindo a Arábia Saudita. “Números imensos de guepardos morrem durante o percurso”, afirmou Mitchell, que é coordenador do Programa de Conservação Ampla para Guepardos e Cães Selvagens Africanos, um projeto de parceria entre a Zoological Society of London e a Wildlife Conservation Society. “Com certeza, nós estamos falando de uma população pobre do Nordeste africano e eles não estão muito preocupados com o bem estar dos animais”. Apreensões de filhotes de guepardos geralmente contabilizam 30 animais, com 50 a 70% morrendo no caminho. Há também uma demanda por sapatos feitos de pele de guepardo no Sudão, onde são considerados objetos de alto status social.
Ainda mais ameaçadas são as sub espécies de guepardos no Irã, onde apenas 40% sobreviveram à perda de território e agora enfrentam o contrabando. Outras sub espécies seriamente ameaçadas vivem no norte e no oeste africanos, com menos de 250 indivíduos. No local, a ameaça principal é a demanda por suas peles para vestuário, e ossos e partes do corpo, usadas na medicina tradicional e em rituais de magia.
A maior população sobrevivente dos guepardos – com cerca de 6.200 animais – está na África do Sul. A caça de troféus, que paga entre 10 mil e 20 mil dólares por animal, é permitida na Namíbia, em Botsuana e no Zimbábue, totalizando mais de 200 mortes por ano. Na África do Sul, aproximadamente 90 guepardos criados em cativeiro são exportados para zoológicos a cada ano, e os conservacionistas temem que também haja animais “ilegais” dentro desses números.
Mitchell diz que está “cautelosamente otimista” de que um novo grupo de trabalho da Cites, formado em reposta às revelações do relatório, deverá coibir o comércio ilegal de guepardos com melhor aplicação da lei. “Foi dito aos países que não se pode ignorar o fato de que isso está sendo monitorado”, disse ele.
David Morgan, chefe de Ciência da Cites, declarou: “Países do Oriente Médio posicionaram-se muito claramente e esse é um sinal de progresso. O Catar, os Emirados, o Kuait, todos reconheceram o problema”.
Morgan disse que a demanda por espécies ameaçadas, incluindo os grandes felinos, vem mostrando uma tendência “da saúde à prosperidade”, ou seja, uma ênfase crescente nesses animais como símbolo de status, mais do que a exploração para supostos usos medicinais. “Muitos países asiáticos ainda praticam o comércio de partes dos animais para fins medicinais, mas a procura deles por motivo de exibição parece estar crescendo”, explicou ele. “Isso vem com o crescimento das economias desses países, o que impulsiona a demanda. Mas os pequenos números de animais deixados na natureza não poderão suportar isso”.
A recente cúpula da Cites, que terminou na semana passada na Suíça, também abordou o assunto da crise da caça aos elefantes. “A Tailândia recebeu um último aviso”, disse Morgan. “Foi feita uma nota de que eles têm que colocar a casa em ordem, ou haverá consequências”. A menos que atue em seu comércio de marfim, parte chave da cadeia de marfim da África para a China, a Tailândia será barrada do comércio de toda a vida selvagem coberto pelo acordo internacional da Cites, incluindo o comércio lucrativo de orquídeas e cactos.
A Interpol estima que o comércio ilegal de vida selvagem movimente de 10 a 20 bilhões de dólares por ano, o quarto comércio negro mais lucrativo depois do tráfico de drogas, pessoas e armas. A situação já encontra-se em uma escala em que prejudica pessoas e nações, especialmente na África, conforme John Scanlon, secretário geral da Cites, disse ao The Guardian em 2013: “Envolve cada vez mais sindicatos de crime organizado e, em alguns casos, milícia rebelde. Isso representa uma séria ameaça à estabilidade e à economia dos países afetados e rouba-lhes os seus recursos naturais. É preciso que isso pare”.
Ele acrescentou: “O Conselho de Segurança das Nações Unidas relacionou o grupo armado Exército de Resistência do Senhor ao contrabando de marfim na República Democratica do Congo, enquanto o grupo al-Shabaab da al-Qaida foi ligado ao comércio ilegal de marfim na Somália”.
O crescente comércio de guepardos para serem explorados como animais domésticos “de luxo” no Oriente Médio está levando à extinção as populações que já eram ameaçadas, de acordo com estudo recente. O relatório do estudo também revela números horríveis desse comércio, com mais de dois terços dos filhotes que são contrabandeados em uma rota pela África morrendo no caminho. Finalmente, as nações dos dois lados do comércio concordaram que é necessária uma ação urgente. As informações são do The Guardian.
Os guepardos, famosos como os animais terrestres mais ágeis do mundo, perderam cerca de 90% de sua população no último século quando suas imensas faixas de habitat na África e Ásia foram tomadas por fazendeiros. Restaram menos de 10 mil animais, e os números estão decrescendo. Há uma tradição antiga de uso de guepardos treinados como animais de caça na África mas, mais recentemente, uma demanda por eles como animais de companhia por serem símbolo de “status” nos estados do Golfo reduziu ainda mais as populações.
Guepardos são extraordinariamente fáceis de serem domesticados, especialmente quando filhotes, e o relatório descobriu casos nos estados do Golfo desses felinos dentro de carros como passageiros, sendo levados para passear com guias como cães e até mesmo colocados para se exercitar sobre esteiras. Outras evidências mostraram guepardos andando por salas de estar e se atracando com seus tutores, incluindo crianças pequenas.
“Todo esse comércio não foi apreciado pelo público ou pelo meio conservacionista”, disse Nick Mitchell, que contribuiu com o relatório para a Cites (Convenção sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas), em uma primeira visão abrangente sobre o comércio de guepardos. “Se nós não agirmos agora sobre esse mercado e sobre o uso da terra, poderemos certamente perder sub populações em poucos anos”.
Os guepardos não se reproduzem facilmente em cativeiro, e o comércio no Golfo é suprido por animais arrancados da natureza na África. Entre as distintas sub espécies que vivem na região, os números de indivíduos somam aproximadamente 2.500. Os animais são traficados por barcos da Somália para o Yemen, e então levados por estradas para dentro dos estados do Golfo, incluindo a Arábia Saudita. “Números imensos de guepardos morrem durante o percurso”, afirmou Mitchell, que é coordenador do Programa de Conservação Ampla para Guepardos e Cães Selvagens Africanos, um projeto de parceria entre a Zoological Society of London e a Wildlife Conservation Society. “Com certeza, nós estamos falando de uma população pobre do Nordeste africano e eles não estão muito preocupados com o bem estar dos animais”. Apreensões de filhotes de guepardos geralmente contabilizam 30 animais, com 50 a 70% morrendo no caminho. Há também uma demanda por sapatos feitos de pele de guepardo no Sudão, onde são considerados objetos de alto status social.
Ainda mais ameaçadas são as sub espécies de guepardos no Irã, onde apenas 40% sobreviveram à perda de território e agora enfrentam o contrabando. Outras sub espécies seriamente ameaçadas vivem no norte e no oeste africanos, com menos de 250 indivíduos. No local, a ameaça principal é a demanda por suas peles para vestuário, e ossos e partes do corpo, usadas na medicina tradicional e em rituais de magia.
A maior população sobrevivente dos guepardos – com cerca de 6.200 animais – está na África do Sul. A caça de troféus, que paga entre 10 mil e 20 mil dólares por animal, é permitida na Namíbia, em Botsuana e no Zimbábue, totalizando mais de 200 mortes por ano. Na África do Sul, aproximadamente 90 guepardos criados em cativeiro são exportados para zoológicos a cada ano, e os conservacionistas temem que também haja animais “ilegais” dentro desses números.
Mitchell diz que está “cautelosamente otimista” de que um novo grupo de trabalho da Cites, formado em reposta às revelações do relatório, deverá coibir o comércio ilegal de guepardos com melhor aplicação da lei. “Foi dito aos países que não se pode ignorar o fato de que isso está sendo monitorado”, disse ele.
David Morgan, chefe de Ciência da Cites, declarou: “Países do Oriente Médio posicionaram-se muito claramente e esse é um sinal de progresso. O Catar, os Emirados, o Kuait, todos reconheceram o problema”.
Morgan disse que a demanda por espécies ameaçadas, incluindo os grandes felinos, vem mostrando uma tendência “da saúde à prosperidade”, ou seja, uma ênfase crescente nesses animais como símbolo de status, mais do que a exploração para supostos usos medicinais. “Muitos países asiáticos ainda praticam o comércio de partes dos animais para fins medicinais, mas a procura deles por motivo de exibição parece estar crescendo”, explicou ele. “Isso vem com o crescimento das economias desses países, o que impulsiona a demanda. Mas os pequenos números de animais deixados na natureza não poderão suportar isso”.
A recente cúpula da Cites, que terminou na semana passada na Suíça, também abordou o assunto da crise da caça aos elefantes. “A Tailândia recebeu um último aviso”, disse Morgan. “Foi feita uma nota de que eles têm que colocar a casa em ordem, ou haverá consequências”. A menos que atue em seu comércio de marfim, parte chave da cadeia de marfim da África para a China, a Tailândia será barrada do comércio de toda a vida selvagem coberto pelo acordo internacional da Cites, incluindo o comércio lucrativo de orquídeas e cactos.
A Interpol estima que o comércio ilegal de vida selvagem movimente de 10 a 20 bilhões de dólares por ano, o quarto comércio negro mais lucrativo depois do tráfico de drogas, pessoas e armas. A situação já encontra-se em uma escala em que prejudica pessoas e nações, especialmente na África, conforme John Scanlon, secretário geral da Cites, disse ao The Guardian em 2013: “Envolve cada vez mais sindicatos de crime organizado e, em alguns casos, milícia rebelde. Isso representa uma séria ameaça à estabilidade e à economia dos países afetados e rouba-lhes os seus recursos naturais. É preciso que isso pare”.
Ele acrescentou: “O Conselho de Segurança das Nações Unidas relacionou o grupo armado Exército de Resistência do Senhor ao contrabando de marfim na República Democratica do Congo, enquanto o grupo al-Shabaab da al-Qaida foi ligado ao comércio ilegal de marfim na Somália”.
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