E se a cada gol marcado na Copa do Mundo, que será realizada no Brasil entre junho e julho, fossem destinados 1 mil hectares de Caatinga como área protegida? O desafio à Fifa e ao governo brasileiro foi oficializado em artigo de um grupo de pesquisadores do Nordeste, cujo objetivo é garantir a proteção do tatu-bola – o mascote do torneio encontra-se ameaçado de extinção.
A espécie, conhecida cientificamente como Tolypeutes tricinctus, está ameaçada de extinção (consta como “vulnerável” no Livro Vermelho do ICMBio), assim como o ambiente natural do qual ela depende para sobreviver.
Levando-se em conta que cerca de 150 gols são marcados em média por torneio, isso implicaria na criação de 1.500 km2 de áreas protegidas no bioma, o que representaria 0,002 % da área total de ocorrência da espécie (estimada em 732 mil km2).
A proposta dos pesquisadores está descrita em um artigo publicado na revista científica Biotropica. O autor principal é o biólogo Enrico Bernard, da Universidade Federal de Pernambuco.
“A escolha do tatu como mascote da Copa do Brasil é uma oportunidade ímpar para que Fifa e governo brasileiro estabeleçam um novo padrão de legado ambiental para as Copas”, destacou o especialista em entrevista à Herton Escobar, do Estadão.
Comprometimento
Segundo Bernard, a escolha de uma mascote simboliza um comprometimento de quem o escolheu com uma causa. “Sob o ponto de vista de marketing a escolha do tatu foi apropriada: É um animal tipicamente brasileiro e que assume uma forma peculiar de bola, que obviamente remete ao futebol. Entretanto, o mal status de conservação da espécie e de seu habitat colocam tanto a Fifa quanto o governo brasileiro em uma situação delicada quanto à escolha. Eles precisarão agir efetivamente.”
Para quem tem gasto bilhões com a construção de estádios e para os que vão lucrar (e muito) com o torneio, a pedida parece bastante justa. Concorda?
* Publicado originalmente no site EcoD.
(EcoD)
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