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quarta-feira, 30 de abril de 2014

O MODO CORRETO DE EXPLORAR O GÁS DE XISTO - MICHAEL R. BLOOMBERG e FRED KRUPPAPRIL

Ao ouvir o polarizado debate sobre energia em curso nos EUA, pode-se achar que o gás natural seja ou uma espécie de panaceia econômica ou uma maldição ambiental para a economia americana. Pelo menos é o que se depreende do redemoinho de opiniões a favor e contra aquilo que pode fazer com que os EUA passe da condição de importador para a de exortador de energia.
            A grande maioria de executivos da indústria petrolífera se comporta como se este abundante recurso natural energético, proveniente dos imensos depósitos de xisto do subsolo pela combinação de perfuração horizontal e “fracting” hidráulico, é totalmente isento de prejuízos ambientais. Seus oponentes, com frequência, atuam como se o recurso natural fosse desprovido de qualquer benefício econômico e ambiental.
             Então aqui está um meio de verificar a realidade dos fatos. O que está produzindo a repentina expansão da exploração do gás de xisto é, de fato, a redução dos custos da energia, a criação de novos postos de trabalho, o aumento da produção doméstica de combustível fóssil e a produção também de alguns benefícios ambientais mensuráveis.
            Ao contrário do que ocorre com o carvão mineral, ou ulha, o gás natural produz quantidades minúsculas de poluentes tóxicos no ar, como o dióxido de enxofre e mercúrio, quando queimado – pelo que a transição do carvão para a geração de eletricidade natural pelo gás já está melhorando a qualidade do ar em geral nos grandes centros populacionais, o que melhora, sem dúvida, a qualidade da saúde pública.
            Há também um benefício climático potencial, uma vez que – movidas a gás natural – as plantas emitem cerca de metade da quantidade de CO2 em relação ao oxigênio que lançam na atmosfera; não que o gás carbônico possa ser considerado como “poluente” – como muitos ecologistas querem fazer crer –, mas, pelo contrário, quanto maior for o teor relativo de gás carbônico na atmosfera, maior será o fator de crescimento vegetal na superfície do planeta. 
            Concomitantemente, os que se opõem à exploração do gás de xisto alegam que tal atividade industrial está eivada de ocorrências muito reais de poluição do ar e da água subterrânea localizadas nas imediações dos sítios de produção. Devido à exploração intensiva do gás de xisto, a pequena cidade de Pinedale, no estado de Wyoming, experimentou concentrações de poluição atmosférica comparáveis ​​às de Los Angeles. A indústria afirma que o “fraturamento” hidráulico não contamina o abastecimento de água, quando os fluidos são arremessados em alta pressão sobre depósitos de xisto para liberar o gás. Mas os registros de inspeção em vários estados mostram que erros ou acidentes, em outras fases do processo – poços mal construídos ou vazamentos para a superfície, por exemplos – assim o fazem. 
            Caso, também, essa “poluição” seja representada em grande parte pelo aumento da concentração de CO2 na atmosfera das imediações dos pontos de “fracting”, isso não merece ser levado em consideração, pois esse gás não pode ser considerado poluente e nem tem – como qualquer outro gás – a capacidade de aumentar o “efeito estufa” promovido pelas nuvens (vapor d’água) e partículas sólidas em suspensão na atmosfera. Aliás, tal efeito estufa é fundamental para a vida, pois sem ele teríamos um clima semelhante ao verificado nos desertos, ou seja, extremamente quente e seco de dia e frio e seco de noite.  
            Tais preocupações ambientais geram um grande impacto na opinião pública, principalmente quando os fatos são mal esclarecidos pelos verdadeiros estudiosos do clima, os climatologistas, deixando a especulação política do tema a cargo dos “ecologistas”, que são muito mais políticos que cientistas. 
            Uma pesquisa do “Pew Research Center”, no ano passado, constatou que 49 por cento dos entrevistados se opunham ao aumento da utilização de “fraturamento” hidráulico, enquanto 44 por cento apoiavam a sua expansão. Estes pontos de vista são de líderes das comunidades e até mesmo de estados para impedir a expansão dessa indústria. Em 2010, o estado de Nova York, um dos quatro estados que possuem em seu subsolo jaziadas estimadas em mais de 141 trilhões de pés cúbicos de gás natural recuperáveis da formação Marcellus de Xisto, se tornou o primeiro estado a impor uma moratória sobre o ‘fraturamento’ hidráulico. No ano passado, no Colorado, quatro cidades votaram pela sua proibição. Se dependesse dos adversários dessa exploração industrial, uma medida estadual restringindo o processo seria exarada pelo Congresso do Colorado neste outono.
            Há também uma consciência crescente hoje em torno de outro problema sério com a exploração do gás natural: as emissões de metano, que podem desfazer o benefício climático potencial do gás natural. Apesar de ter uma queima mais limpa do que a do carvão, o gás natural não queimado é principalmente constituído de metano, um gás de efeito tóxico que leva cerca de 20 anos para sumir da atmosfera após o seu lançamento. Em todos os casos, a maior concentração de metano até hoje medidas na atmosfera é tão desprezível que não pode ser levada em consideração e a maior parte de seus teores é produzida pela queima do carvão e do petróleo, além dos incêndios florestais que ocorrem periodicamente. De qualquer modo, as estimativas variam amplamente sobre quanto metano está sendo lançado na atmosfera durante a produção e transporte de gás natural, mas não há dúvida de que as emissões de metano precisam ser medidas e reduzidas ao máximo pela nova indústria, pelo menos nos seus respectivos pontos de emissão.
            Medir esses lançamentos atmosféricos consiste essencialmente num problema de aquisição e gerenciamento de dados – o tipo que sabemos poder ser resolvido. Por exemplo, depois que o departamento de saúde da cidade de Nova York instalou 150 monitores de qualidade do ar em toda a cidade em 2008, um fato surpreendente surgiu: o sujo óleo de aquecimento causa mais poluição e fuligem do que todos os carros e caminhões na cidade juntos.
            O programa governamental produção de ‘calor limpo’ resultante ajudou a reduzir a poluição de dióxido de enxofre em quase 70 por cento e dos níveis de fuligem em quase 25 por cento, ajudando os piores edifícios poluentes a mudarem seus combustíveis para matrizes mais limpas, entre elas, o gás de xisto.
Tradução e grifos de FRANCISCO VIANNA

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