Liberação mundial de gases do efeito estufa chega a 34,5 bilhões de toneladas em 2012, porém o aumento registrado em relação ao ano anterior foi de 1,1%, menos da metade da média da década, 2,9%.
A popularização das energias renováveis, a expansão do uso do gás de xisto e os investimentos em eficiência energética estão sendo apontados como os principais responsáveis pela desaceleração nas emissões mundiais de gases do efeito estufa (GEEs), mesmo em um ano em que a economia global cresceu 3,5%.
É a conclusão a que chegaram pesquisadores da Agência de Análise Ambiental dos Países Baixos (PBL) e do Centro de Pesquisas Conjuntas da Comissão Europeia (JRC) no relatório “Tendências das emissões globais de CO2 2013”, divulgado nesta quinta-feira (31).
Veja aqui um infográfico interativo com os principais resultados do relatório.
De acordo com o documento, foram emitidas 34,5 bilhões de toneladas de GEEs em 2012, sendo que 90% desse total é consequência da queima de combustíveis fósseis. Trata-se da maior quantidade de GEEs já liberada na atmosfera pela humanidade em um ano.
Porém, os pesquisadores destacam que houve uma significante desaceleração no aumento das emissões, passando de um crescimento de 2,9% em média nos últimos dez anos, para apenas 1,1% no ano passado.
“Isso sinaliza uma mudança em direção às atividades humanas menos intensivas em termos de uso de combustíveis fósseis, além de demonstrar os impactos do crescimento das fontes renováveis e das políticas de eficiência energética”, explica um comunicado divulgado com o relatório.
Analisando por países, a China e os Estados Unidos seguem sendo os principais responsáveis pelas emissões mundiais. Os chineses respondem por 29% do total de GEEs liberados, enquanto os norte-americanos foram responsáveis por 15%.
Mas mesmo nesses países, houve desaceleração nas emissões.
A China chegou a 9,9 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, representando um crescimento de 3% em relação a 2011. A média de aumento nas emissões do gigante asiático era de 10% por ano na última década. Os pesquisadores apontam que a queda no ritmo de crescimento se deu pelos investimentos massivos em fontes alternativas de energia, eficiência energética e na expansão da hidroeletricidade, que subiu 23%.
Já os Estados Unidos apresentaram uma queda de 4% nas emissões, para 5,2 bilhões de toneladas, o menor nível desde 1993. A principal causa seria a substituição do carvão pelo gás de xisto.
A União Europeia também apresentou redução nas emissões, passando de 3,79 bilhões de toneladas em 2011 para 3,74 bilhões de toneladas no ano passado. O bloco responde por 11% das emissões globais.
O Brasil ainda emite muito menos do que as outras grandes economias mundiais, alcançando a marca de 460 milhões de toneladas em 2012. Porém, o crescimento nas emissões brasileiras tem sido constante desde 2009, quando foram emitidas 380 milhões de toneladas.
O relatório afirma que, se uma série de tendências se confirmarem, as emissões mundiais tendem a seguir desacelerando.
Entre essas tendências estão:
A China conseguir alcançar sua meta de atingir seu máximo consumo de energia em 2015, reduzindo após isso a intensidade de energia de sua economia.
Os Estados Unidos continuarem sua transição para uma matriz menos dependente do carvão, seja apostando no gás do xisto ou em fontes alternativas.
Os países-membros da União Europeia concordarem em restaurar a eficiência do Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS).
O amadurecimento de tecnologias variadas de geração e de eficiência energética, como o barateamento de fontes alternativas e processos mais limpos de queima de combustíveis fósseis.
“Sem o uso de tecnologias renováveis (eólica, solar, biocombustíveis e hidroeletricidade), as emissões mundiais de CO2 seriam, potencialmente, cerca de 5% mais altas do que as atuais”, conclui o relatório.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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