madeirasustentavel 300x189 Seminário vai discutir cadeia de valor da madeira no Amazonas
Em Rio Branco, a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre) realiza o manejo sustentável da madeira. Foto: WWF-Brasil/ Frederico Brandão
Como anda hoje a produção e comércio de madeira sustentável no Estado do Amazonas? E como é possível aumentar, cada vez mais, esta prática, a fim de garantir a geração de renda no campo e conservação da biodiversidade das florestas amazonenses?
Em busca das respostas para estas questões, o WWF-Brasil, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), a GIZ e a Secretaria de Florestas e Extrativismo do Estado (Seafe/SDS) promovem, entre os dias 25 a 27 de novembro, o seminário “Diagnóstico da Cadeia de Valor da Madeira no Estado do Amazonas”.
O encontro vai ocorrer em um hotel na zona Centro-Sul de Manaus. Ele deve reunir cerca de 70 pessoas, entre servidores públicos, representantes de cooperativas de extrativistas, produtores de madeira, órgãos de fomento, parlamentares, prefeituras do interior do Amazonas e organizações não governamentais que têm interesse no tema.
Além das discussões, será lançado também, na ocasião, um estudo que vem sendo desenvolvido pelo WWF-Brasil e pelo Idam desde o primeiro semestre de 2013. Este documento teve como objetivo mapear a cadeia produtiva da madeira em cinco municípios do Amazonas – Tefé, Apuí, Lábrea, Manacapuru e Boa Vista do Ramos – identificando atores sociais relevantes, apontando dificuldades e sugerindo propostas de melhorias para a produção florestal sustentável.
Mercado e conservação
Por meio deste estudo, os responsáveis quiseram conhecer a produção de madeira nesses locais e obter informações básicas sobre o tema; como quantos e quem são os produtores de madeira nesses municípios, quais são suas vantagens competitivas, seus problemas e como esta cadeia produtiva pode ser reforçada, a fim de aliar as demandas do mercado à conservação dos recursos naturais.
Segundo a programação divulgada pelos organizadores, estão previstos no seminário a apresentação de relatos de experiência; de vídeos de associações comunitárias; de leis específicas para o manejo florestal de pequena escala; de linhas de créditos para esta atividade econômica, além de plenárias e a estruturação de um plano de monitoramento de atividades para o aperfeiçoamento da cadeia produtiva da madeira. Outros temas que também serão tratados são a regularização fundiária, o licenciamento ambiental e o fortalecimento das associações envolvidas neste setor.
O gerente de apoio à produção florestal madeireira do Idam, Eirie Vinhote, afirmou que o objetivo desta empreitada é garantir o “perfeito funcionamento” da cadeia produtiva da madeira no Amazonas.
“O estudo que vamos lançar e as discussões que vão ocorrer no seminário servirão para levantar quais são os problemas comuns que acontecem nesses e outros municípios; e também para saber como o poder público pode intervir para reforçar a produção de madeira sustentável”, explicou.
Para Marcelo Cortez, analista de conservação do WWF-Brasil, o seminário será uma oportunidade de trazer os “tomadores de decisão” para discutir temas importantes para os setores florestais municipais. “Mas não queremos só discutir problemas. Queremos também focar nas propostas de melhorias que foram apresentadas durante as oficinas ocorridas nos municípios. Acreditamos que elas têm um potencial enorme de dinamizar a produção florestal nessas pequenas cidades”, disse Cortez.
Problema estrutural
Hoje, um dos maiores problemas da Amazônia é a extração predatória de madeira. Por meio desta prática, a madeira é extraída da natureza de forma irregular, sem as devidas licenças ambientais, sem fiscalização e com pouco controle de órgãos públicos, autoridades e da sociedade em geral.
Não existem dados oficiais sobre a quantidade de madeira de origem ilegal que é explorada hoje na Amazônia – estima-se que seja entre 64% e 80% da produção total que é retirada da floresta anualmente.
De modo geral, “madeira sustentável” é a madeira proveniente de árvores monitoradas, ou seja, cuja procedência pode ser verificada. Em muitos casos, este monitoramento é a chave para garantir uma série de benefícios ambientais e sociais aos envolvidos em sua cadeia produtiva como produtores, moveleiros e compradores.
Entre os benefícios geralmente relacionados à madeira monitorada estão: a obediência à legislação vigente; o respeito ao direito de populações indígenas e tradicionais de possuir e usar sua terra; e o uso múltiplo dos recursos da floresta, com a exploração da madeira ocorrendo em paralelo à exploração de produtos não madeireiros (óleos, sementes, raízes, por exemplo).
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.
(WWF Brasil)