A catastrófica explosão que expeliu cerca de cinco milhões de barris de petróleo para o fundo do Golfo do México em abril de 2010 terá um forte impacto em camadas mais baixas do oceano nos próximos anos. Essa é a conclusão da pesquisa realizada no fundo do mar seis meses após o vazamento de petróleo da Deepwater Horizon.
O estudo, publicado em sete de agosto na PLoS ONE, avaliou a vida nas águas mais profundas do Golfo perto da explosão, cerca de 1,6 quilômetro abaixo da superfície. Ali, os pesquisadores descobriram que os danos levarão décadas para se reverter. O trabalho é parte da Avaliação de Danos a Recursos Naturais, criada pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA. A avaliação ajudará a estabelecer os danos atribuídos à British Petroleum (BP), que operava o poço.
Nessa profundidade no Golfo do México, três tipos de criaturas vivem: vermes, crustáceos e moluscos. Os cientistas estudaram amostras de sedimentos coletadas em diferentes distâncias da abertura do poço de petróleo para determinar como o vazamento e os dispersantes químicos afetaram os ecossistemas. Os sedimentos proporcionaram um censo dos animais que vivem no solo marítimo, assim como uma medida dos contaminantes que perduraram.
“Os sedimentos são como pequenos canários em uma mina de carvão. Usamo-los para descobrir o que está acontecendo”, disse o principal autor, Paul Montagna, cientista de meio ambientes marinhos da Universidade A&M do Texas, em uma entrevista ao Mongabay.com.
Quanto mais perto do poço a equipe pesquisava, menos diversidade de vida marinha eles encontravam. Mais proximamente ao local do desastre, os crustáceos e moluscos sofreram muito; essas criaturas são particularmente sensíveis a poluentes no fundo do mar. Vermes ainda eram numerosos, embora seus números tenham diminuído mais perto ao poço.
Os cientistas usaram os dados para designar áreas saudáveis e não saudáveis no fundo do mar dependendo da “pegada” de impactos do petróleo em cada local. Áreas de alto impacto foram classificadas como não saudáveis, com contaminantes pesados e baixos níveis de vida animal. Locais de baixo impacto estavam com poucos contaminantes e alta diversidade animal.
Os pesquisadores então mapearam as zonas de impacto em uma área cobrindo 148 quilômetros quadrados, cerca do tamanho de uma pequena cidade. Eles coloriram as zonas “altamente impactadas” de vermelho, as “zonas moderadamente impactadas” de laranja, as “zonas de baixo impacto” de amarelo, e as “zonas normais” de verde.
“Não vimos manchas de cor”, afirmou Montagna. “Em vez disso, as cores formaram um alvo com um grande ponto vermelho no meio na abertura do poço, e as cores diminuíam à medida que a distância aumentava.” Os métodos estatísticos e de mapeamento do grupo ajudarão outros cientistas a examinar futuros vazamentos de petróleo ou contaminantes químicos.
Com base em quanto oxigênio os organismos aquáticos precisam e quão demoradamente as bactérias crescem no fundo do mar, a equipe estima que levará décadas para que os ecossistemas se recuperem. Contudo, a BP contestou essas alegações. O trabalho da equipe “não fornece dados para sustentar” as estimativas de recuperação, defendeu a companhia em um comunicado.
Mas Holly Bik, uma pesquisadora de pós-doutorado em genoma marinho da Universidade da Califórnia, em Davis, declarou ao mongabay.com que os dados do grupo “falam por si mesmos”. No fundo do oceano, as temperaturas são similares às de um refrigerador, então os contaminantes duram mais tempo e podem levar décadas para diminuir.
“Já que tudo está em câmera lenta no fundo do mar, voltar a um ecossistema normal vai levar muito mais tempo do que na superfície”, colocou Bik.
CITAÇÃO: Montagna PA, Baguley JG, Cooksey C, Hartwell I, Hyde LJ, Hyland JL, et al. Deep-Sea Benthic Footprint of the Deepwater Horizon Blowout. PLoS ONE, (2013) 8(8):e70540. doi:10.1371/journal.pone.0070540
* Traduzido por Jéssica Lipinski.
** Publicado originalmente no Mongabay (inglês) e retirado do site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
O estudo, publicado em sete de agosto na PLoS ONE, avaliou a vida nas águas mais profundas do Golfo perto da explosão, cerca de 1,6 quilômetro abaixo da superfície. Ali, os pesquisadores descobriram que os danos levarão décadas para se reverter. O trabalho é parte da Avaliação de Danos a Recursos Naturais, criada pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA. A avaliação ajudará a estabelecer os danos atribuídos à British Petroleum (BP), que operava o poço.
Nessa profundidade no Golfo do México, três tipos de criaturas vivem: vermes, crustáceos e moluscos. Os cientistas estudaram amostras de sedimentos coletadas em diferentes distâncias da abertura do poço de petróleo para determinar como o vazamento e os dispersantes químicos afetaram os ecossistemas. Os sedimentos proporcionaram um censo dos animais que vivem no solo marítimo, assim como uma medida dos contaminantes que perduraram.
“Os sedimentos são como pequenos canários em uma mina de carvão. Usamo-los para descobrir o que está acontecendo”, disse o principal autor, Paul Montagna, cientista de meio ambientes marinhos da Universidade A&M do Texas, em uma entrevista ao Mongabay.com.
Quanto mais perto do poço a equipe pesquisava, menos diversidade de vida marinha eles encontravam. Mais proximamente ao local do desastre, os crustáceos e moluscos sofreram muito; essas criaturas são particularmente sensíveis a poluentes no fundo do mar. Vermes ainda eram numerosos, embora seus números tenham diminuído mais perto ao poço.
Os cientistas usaram os dados para designar áreas saudáveis e não saudáveis no fundo do mar dependendo da “pegada” de impactos do petróleo em cada local. Áreas de alto impacto foram classificadas como não saudáveis, com contaminantes pesados e baixos níveis de vida animal. Locais de baixo impacto estavam com poucos contaminantes e alta diversidade animal.
Os pesquisadores então mapearam as zonas de impacto em uma área cobrindo 148 quilômetros quadrados, cerca do tamanho de uma pequena cidade. Eles coloriram as zonas “altamente impactadas” de vermelho, as “zonas moderadamente impactadas” de laranja, as “zonas de baixo impacto” de amarelo, e as “zonas normais” de verde.
“Não vimos manchas de cor”, afirmou Montagna. “Em vez disso, as cores formaram um alvo com um grande ponto vermelho no meio na abertura do poço, e as cores diminuíam à medida que a distância aumentava.” Os métodos estatísticos e de mapeamento do grupo ajudarão outros cientistas a examinar futuros vazamentos de petróleo ou contaminantes químicos.
Com base em quanto oxigênio os organismos aquáticos precisam e quão demoradamente as bactérias crescem no fundo do mar, a equipe estima que levará décadas para que os ecossistemas se recuperem. Contudo, a BP contestou essas alegações. O trabalho da equipe “não fornece dados para sustentar” as estimativas de recuperação, defendeu a companhia em um comunicado.
Mas Holly Bik, uma pesquisadora de pós-doutorado em genoma marinho da Universidade da Califórnia, em Davis, declarou ao mongabay.com que os dados do grupo “falam por si mesmos”. No fundo do oceano, as temperaturas são similares às de um refrigerador, então os contaminantes duram mais tempo e podem levar décadas para diminuir.
“Já que tudo está em câmera lenta no fundo do mar, voltar a um ecossistema normal vai levar muito mais tempo do que na superfície”, colocou Bik.
CITAÇÃO: Montagna PA, Baguley JG, Cooksey C, Hartwell I, Hyde LJ, Hyland JL, et al. Deep-Sea Benthic Footprint of the Deepwater Horizon Blowout. PLoS ONE, (2013) 8(8):e70540. doi:10.1371/journal.pone.0070540
* Traduzido por Jéssica Lipinski.
** Publicado originalmente no Mongabay (inglês) e retirado do site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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