Pouca atenção tem sido dada à vinhaça e ao dióxido de carbono (CO2) que sobram após a fermentação do caldo de cana para a produção de etanol. A opinião é de Rubens Maciel Filho, professor titular da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação do programa Bioen-Fapesp.
O pesquisador apresentou um projeto temático sobre o tema, coordenado por ele, durante um workshop realizado nos dias 20 e 21 de agosto, em São Paulo, que reuniu pesquisadores e estudantes de duas das cinco divisões do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (Bioen): Tecnologias de Biocombustíveis e Biorrefinarias.
“O objetivo foi divulgar os avanços em cada um dos projetos com o intuito de promover maior interação entre os grupos e identificar áreas que necessitam de mais investimento em pesquisa”, explicou Maciel à Agência Fapesp.
Para cada litro de etanol produzido, segundo o pesquisador, são gerados entre 10 e 11 litros de vinhaça, que atualmente acabam descartados no solo como adubo. Uma das propostas estudadas é a transformação desse resíduo em biogás.
Outras possibilidades
“Para isso, a vinhaça é enriquecida com parte do material hidrolisado obtido na produção do etanol de segunda geração e, em seguida, passa por um novo processo de fermentação. O gás metano resultante pode ser vendido ou usado na própria usina como fonte de energia”, sugeriu Maciel.
No caso do CO2 liberado durante a fermentação da cana, uma das possibilidades estudadas é o uso do resíduo para alimentar microalgas que, por sua vez, serviriam de biomassa para a produção de etanol de terceira geração e de biodiesel.
“Cada litro de etanol produzido emite o equivalente em CO2. Hoje, isso é liberado na atmosfera e, conceitualmente, é reabsorvido pela cana. Mas podemos fazer um uso mais integrado ao processo de produção. Há muito CO2 na atmosfera para a cana absorver”, ressaltou Maciel.
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FONTE : * Publicado originalmente no site EcoD.
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