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terça-feira, 28 de agosto de 2012
O desenvolvimento sustentável, a ética e o meio ambiente, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] Sobre desenvolvimento sustentável, existe hoje um consenso. A Confederação Nacional da Indústria e o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEDBS), hoje apresentando um site mais amplo através do IBV (Instituto Brasil Verdade), repassam claramente estas questões. SATO e SANTOS (1996) e CAVALCANTI (1995) resgatam a necessidade cada vez maior de reciclagem das matérias primas, associada a políticas de otimização do uso de recursos hídricos e programas de eficiência energética. Também são relevantes tratamento de efluentes líquidos com contaminações químicas, programas de gestão de resíduos sólidos que facilitem e estimulem os procedimentos de reutilização e reciclagem e as ações de monitoramento atmosférico na emissão de poluentes no ar.
Isto tudo interfere decisivamente nas questões ambientais e não adianta uma nova visão filosófica e científica das relações que determinam nova visão das leis que controlam o delicado equilíbrio da Terra e do próprio universo, se estes conceitos não servirem para criar uma nova visão de sustentabilidade que fuja das definições simplificadas e até mesmo primárias.
De alguma forma todos precisam reciclar sua concepção cartesiana de mundo e não mais resumir a vida num fluxograma de compra, venda, lucro, reciclagem geral de materiais, arremedos de recuperações que nunca mais atingem qualquer equilíbrio relevante e fim.
O caminho da sustentabilidade tradicional está baseado no princípio de utilizar os recursos naturais sem comprometer a vida das gerações futuras. E os recursos naturais são finitos e precisam de uma abordagem que considere esta realidade como premissa. Mas de alguma forma e em algum momento precisam incorporar os conceitos de complexidade das relações, fundamental ao desenvolvimento de ações ambientalmente significativas, uma vez que o meio ambiente pode ser definido como o conjunto de relações entre os meios físico, biológico e antrópico.
A tendência moderna é de gestão integrada que significa associar saúde ocupacional, segurança do trabalho e proteção ambiental, com ações sociais que priorizem a melhoria da qualidade de vida das populações que integram grupos de partes interessadas (“stakeholders”), quer sejam consumidores, clientes, acionistas, vizinhos, integrantes de associações comunitárias ou outros. É condição sine qua non, e meta de difícil alcance, a solidariedade: o sistema não funciona se houver desequilíbrio entre os interesses dos diferentes membros do grupo.
A grande maioria das empresas e organizações tem procurado se adaptar a esta realidade e evitado compartilhar discussões semânticas sobre a natureza das ações que pratica. Não tem importado se as ações são ambientais, socioambientais, de segurança do trabalho, saúde ocupacional, ou ações sociais. Mas precisa evoluir para uma abordagem mais holística que inclua no cotidiano das compreensões e das ações, o entendimento de que relações são complexas, nem sempre são lineares e produzem princípios novos, chamados de emergentes.
As demandas são maiores do que as formulações e a realidade cotidiana. Primeiramente, é necessário atender as solicitações mais simples e mais visíveis representadas pelas abordagens tradicionais e depois deixar que os conceitos se ampliem.
Mas é de fácil entendimento perceber que a nova visão tem que integrar a realidade cotidiana de empresas e organizações que tanto tendem a simplificar suas abordagens, especialmente as ambientais. A abordagem ambiental é especialmente percebida quando integra uma estratégia de comunicação que abrange a imagem da organização. Quando inserida neste contexto, acionistas, administrados e “stekaholder” em geral percebem as vantagens de posicionamento de imagem que contemple responsabilidade socioambiental.
Portanto não é difícil imaginar que este novo posicionamento seja integrado por uma nova visão, abrangente, sistêmica e holística, cujo discurso até pode ser mais facilmente compreendido por amplas parcelas da população que não tem treinamento rígido em sistemas cartesianos e não percebe no racionalismo científico ocidental respostas para todas as suas ansiedades cotidianas ou difusas.
SATO, M.; SANTOS, J. E. Agenda 21 em sinopse. São Carlos, 1996. 41 p. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos.
CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo, Cortez Editora, 1995. 429 p.
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FONTE : Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
EcoDebate, 28/08/2012
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