A terra tem analogia com um ovo. O núcleo da terra produz energia na forma de calor, a partir do decaimento radioativo dos elementos químicos, e equivale a gema do ovo. O manto equivale a clara e em função do aquecimento permanente, produz correntes de convecção ascencionais, que despejam lavas (rochas derretidas) em partes do fundo do oceano, conhecidas como margens de criação. Em função disto ocorre um movimento geral de placas oceânicas e continentais, que chegam a se movimentar na escala de alguns cms por ano.
Por isso a terra que representa o meio físico está tão viva quanto um animal ou planta. Se voce perguntar para uma borboleta que tem 1 ou 2 semanas de vida, se uma árvore, que dura dezenas ou centenas de anos está viva, a borboleta responderá que a árvore não está viva, pois esteve parada e igual durante todo o tempo de vida da borboleta. É tudo uma questão de escala de tempo. A geologia difere das outras ciências apenas porque tem uma escala de tempo em bilhões, milhões ou milhares de anos.
As correntes de convecção no mango, produzidas pelo aquecimento a partir do núcleo da terra, movimentam os continentes num processo denominado deriva continental (“continental drifting” em inglês).
O estudo do fundo do oceano Atlântico mostrou a existência de uma enorme cadeia de montanhas submarinas, formadas pela saída de magma do manto, devido as correntes de convecção geradas no manto pelo aquecimento do núcleo da terra, derivado do decaimento radioativo. Este material entra em contato com a água, sofre resfriamento e torna-se sólido, formando um novo fundo submarino.
A medida que cresce, o fundo oceânico empurra o continente africano para leste e o continente americano para oeste. Este fenômeno é conhecido como expansão do fundo oceânico e ocorre nas chamadas margens construtivas das placas. Este mesmo processo ocorre em outras partes do planeta e faz com que os continentes se movimentem como objetos em uma esteira rolante.
Para compensar a criação de placas nas margens construtivas da crosta terrestre e a terra continuar redonda, ocorre a destruição de placas nas chamadas margens destrutivas, onde as placas se chocam e as rochas nas suas bordas sofrem enrugamentos e dobras sob condições de altas temperaturas e pressões, originando terremotos, dobramentos e falhamentos.
O exemplo mais conhecido, em função de sua ampla divulgação na imprensa, é a “San Andréas Fault” na Califórnia.
Com base nestes estudos e considerando as datações radiométricas das rochas, imagina-se que os continentes da terra estivessem agrupados há cerca de 200 milhões de anos atrás, numa massa continental denominada Pangea. Basta ver como o recorte do litoral sul-americano encaixa perfeitamente no recorte do litoral africano.
Esta separação ocorreu lentamente, com as placas se movimentando de 2 a 7 cm/por ano, até atingir a situação atual. As dobras das rochas em altas pressões e temperaturas, bem como as falhas que são quebramentos que ocorrem quando as rochas reagem de forma rígida, dão origem as grandes cadeias de montanhas, como os Andes, Alpes e os Himalaias.
O movimento das placas ou seja dos continentes emersos ou submersos, é causado pelo vulcanismo, que se origina pela saída de rochas fundidas, denominadas magmas, nas fissuras meso-oceânicas das denominadas margens criativas ou de construção. Nas margens destrutivas também ocorrem vulcanismos, mas os terremotos são mais conhecidos.
No Brasil são raros e de pequena intensidade, tanto os terremotos quanto os vulcões. Isto ocorre devido a localização do Brasil, que se situa distante das margens construtivas ou cadeias meso-oceânicas e longe das margens destrutivas ou zonas de subducção ou colisão entre continentes.
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FONTE : Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS. (EcoDebate, 09/12/2010).
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