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sábado, 24 de outubro de 2009

SAGUIS : SUPERPOPULAÇÃO NA ILHA DE FLORIANÓPOLIS



Eles são pequenos, engraçadinhos e espertos. Os saguis que vivem na Capital caíram na graça dos moradores, que alimentam esses bichos com frequência. Mas especialistas alertam: o hábito interfere no ciclo biológico dos animais e ameaça o equilíbrio ambiental da Ilha.

Lena Thompson Flores mora na Lagoa da Conceição, com a Mata Atlântica nos fundos de casa. Para ela, os saguis são uns queridinhos:

– É a coisa mais fofinha. Deixo banana pra eles, que vêm comer em família. Na vizinhança todo mundo adora. Não nos incomodam.

Donos de um sítio em Ratones, no Norte da Ilha, Percy Ney Silva e Andrea de Oliveira também simpatizam com os macaquinhos.

– Somos suspeitos, porque trabalhamos com educação ambiental. Assistimos aos saguis roubando a banana do pé, achando a coisa mais linda – admite Silva.

Um dos resultados da aproximação entre os homens e os saguis pode ser constatado no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Polícia Ambiental, no Rio Vermelho, Norte da Ilha. São saguis atropelados, eletrocutados, machucados, doentes. Até 19 de outubro, foram 23 animais, contra cinco durante todo o ano passado e 16 em 2007.

O sargento da Polícia Ambiental, Marcelo Duarte, alerta que alimentar saguis contribui para a superpopulação da espécie, que se reproduz duas vezes ao ano:

– No inverno, por exemplo, é natural que eles não resistam ao frio e morram. Mas as pessoas vão lá, cuidam e dão comida.

Para a bióloga Cristina Valéria Santos, que passou 15 anos estudando saguis, não alimentá-los é o melhor que a população faz para o equilíbrio ambiental.

– Dar comida para qualquer animal silvestre não é uma prática boa. Isso interfere diretamente no ciclo de vida – explica a especialista.

Espécie colabora espalhando sementes

Mas nem só de problemas vive um sagui. Cristina observa que não é possível afirmar até que ponto eles concorrem com espécies nativas, mas garante que não representam uma ameaça ao macaco-prego, que se alimenta de coisas diferentes.

Ela desfaz o mito de que os saguis comem ovos de aves:

– Predadores de ovos são algumas aves, gambás, e roedores.

No cardápio deles estão insetos, pequenos vertebrados e frutas. Os saguis são presas de gaviões e gatos.

Um benefício trazido pela espécie é a disseminação de sementes, que não são digeridas e saem inteiras nas fezes, segundo explica Cristina.

Os saguis : quem são eles, segundo o veterinário Rogério leonel Vieira :

- Medem de 12 a 15 centímetros de comprimento de corpo. Com a calda chegam a medir 35 centímetros
- Pesam entre 350 e 450 gramas
- Os machos atingem a maturidade sexual entre nove a 13 meses
- As fêmeas, entre 20 e 24 meses
- O período de gestação é de 140 a 150 dias. Normalmente nascem dois filhotes por gestação, algumas vezes podem nascer três
- As espécies mais vistas na Ilha são sagui-de-tufo-branco (Callithrix jaccus), sagui-de-tufo-preto (Callithrix penicillata) e sagui-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi)
Como lidar com eles
- Não alimentar. Os saguis são espertos, e sempre vão voltar para pegar os alimentos onde sabem que recebem comida dos humanos
- Por serem primatas, eles transmitem doenças aos homens e vice-versa. Se for mordido por um sagui, procure uma unidade de saúde para tomar a vacina antirrábica
- É proibido capturar esses animais na natureza ou matá-los
- Não se deve criar saguis em casa. Eles são animais muito ativos e com espírito de grupo. Quanto menos atenção, mais agitado, barulhento e agressivo fica o animal

Espécie foi trazida em caminhões

Os saguis atravessaram décadas desde que caminhoneiros, nos anos de 1950, 60 e 70, os carregaram para a Ilha. A prática na época era permitida.

A história foi contada no trabalho de conclusão de curso de Comunicação Social dos jornalistas Rafael Lopes e Glaidson Guedes. Guedes estranhou o grande número desses macaquinhos no Canto da Lagoa, onde mora. Resolveu investigar de onde eles vieram.

Trazidos do Sudeste e do Nordeste, como um mimo para guardar em casa ou como mercadoria, muito deles foram soltos nas matas da Ilha. O comportamento agressivo dos saguis na puberdade pode explicar o desapego dos donos pelos bichinhos, considerados, até então, inofensivos.

– Eles mordem, sujam o ambiente e fazem muito barulho – admite o veterinário de animais selvagens, Rogério Leonel Vieira.

Pela facilidade em se reproduzir, a população de saguis aumentou sem grandes problemas.

– Eles encontraram um ambiente perfeito, com poucos predadores naturais e abundância de comida – observa o veterinário.

Floram e Ibama não têm controle da população

A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), de Florianópolis, não tem controle sobre eles, mas acompanha um estudo de comportamento dos macaquinhos no Parque do Córrego Grande, de duas orientandas da pesquisadora Cristina Valéria Santos. A bióloga da Floram, Sayonara Amaral, aposta nos predadores para o controle dos macacos.

Introduzir primatas inférteis entre os saguis é a opção apontada pelo chefe do núcleo de Fauna do Ibama em Florianópolis, Hélio Bustamante. Ele admite que o órgão não tem atividades para o controle de saguis.

Para o seu filho ler

Saguis são pequenos macaquinhos. Eles não são naturais do Sul do Brasil, onde moramos. Foram trazidos há mais ou menos 30 anos para serem vendidos como animais de estimação. O problema é que eles acabam tendo muitos filhotes. As famílias de saguis chegam às casas de pessoas que moram perto da mata e são alimentadas por elas. Isso não pode ser feito, porque eles são animais selvagens e devem se alimentar na natureza.

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FONTE : jorn. JÚLIA ANTUNES LORENÇO, Diário Catarinense, edição de 25/10/2009

2 comentários:

Mimirabolante disse...

Bom ler tts informações legais......bjcas,vc sempre presente lá em casa !!!!valeu!!!!

Anônimo disse...

Este animal destrói a população de passaros ,invade casa para comer frutas e comer ovos de galinha rasão pela qul dave ser EXTERMINADO , fora do nordeste.