Apenas 25% das pessoas fazem um trajeto de 3 quilômetros ou menos para ir ao trabalho, segundo o presidente da Green Mobility, Lincoln Paiva, que participou do Exame Fórum de Sustentabilidade na terça-feira, 19 de novembro. “Essa distância é razoável de ser feita a pé, mas as pessoas não vão porque as calçadas são ruins e porque têm medo de assaltos”, afirmou ele.
Embora sempre que se fale nos problemas de mobilidade urbana, os valores dos investimentos necessários sejam muito altos, nesse caso uma política de conservação das calçadas e boa iluminação das ruas seriam suficientes para tirar uma parte das pessoas dos carros, ônibus e trens já saturados.
Em estudo feito entre julho e agosto de 2012, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia, do Hospital das Clínicas da USP, constatou que 18% das vítimas de quedas atendidas na unidade caíram em calçadas da capital paulista. Dos 197 pacientes atendidos na unidade, 35 disseram ter caído na calçada. Desses 40% caíram devido a buracos.
Existe ainda a questão de desenvolver novas centralidades na cidade, para evitar que as pessoas tenham que cruzar regiões no deslocamento casa-trabalho.
Para Adalberto Maluf, diretor da rede C-40 (Grupo de Cidades Líderes pelo Clima), é uma incoerência as cidades investirem bilhões de reais na construção de novas linhas de metrô quando a esmagadora maioria da população anda de ônibus.
“Nenhuma região metropolitana do mundo resolveu seus problemas de mobilidade fazendo metrô. Ônibus é o caminho”, defendeu. Ele ressaltou ainda que, quando se trata de justiça social, investir no metrô é ainda pior, porque o dinheiro gasto para construir apenas uma linha seria suficiente para construir, faixas exclusivas, corredores de ônibus e BRTs para atender uma quantidade muito maior de pessoas.
* Publicado originalmente no site EcoD.
(EcoD)
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