Unica e governo discutem política para o etanol
Mais importante que o aumento de 6,6% no preço da gasolina e da elevação da mistura de etanol no combustível de 20% para 25% foi a sinalização dada pelo governo para criar um marco regulatório para o biocombustível. "As medidas anunciadas são importantes para a safra deste ano, mas não são suficientes para a retomada de investimentos de peso no setor", disse Elizabeth Farina, presidente da Unica. Para ela, novos negócios dependerão de um conjunto de regras que dê mais segurança e uma visão de longo prazo para o investidor. Depois da forte expansão em meados da década passada, com a chegada de novos grupos no País, o setor entrou numa crise sem precedentes. Muitas usinas quebraram, outras foram vendidas e os investimentos minguaram. Resultado: o Brasil teve de importar etanol dos EUA e frear o consumo interno - OESP, 1/2, Economia, p.B4.
Comédia de erros
"Os subsídios e isenções tributárias são dados para informar à economia sobre a direção que o governo pensa ser a mais adequada ao longo prazo. Até agora, os sinais dados foram que se deve consumir bastante gasolina, abandonar o álcool, emitir mais gases de efeito estufa, gastar o volume de dinheiro que for necessário para que o petróleo da Venezuela tenha uma usina no Brasil, e reduzir a tributação que seria destinada aos investimentos das rodovias e transportes coletivos. E o dono do carro continua achando a gasolina cara demais", coluna de Míriam Leitão - O Globo, 1/2, Economia, p.26.
Percepções por vezes enganosas
"Estima-se que a demanda global de energia venha a crescer aproximadamente 50% nos próximos 25 anos, de algo como 500 quatrilhões de BTUs para cerca de 750 quatrilhões. A participação percentual de projetos de energia renovável no mix global ainda deverá ficar abaixo dos 15%, enquanto os combustíveis fósseis permanecerão fornecendo mais de 75% das necessidades de energia mundial. O mundo deverá ver o consumo de petróleo aumentar de 86 milhões de barris por dia para 108 milhões nos próximos 20 anos. A produção em águas profundas, a extração de óleos ultrapesados e os projetos de "shale oil", todos com elevados custos de implantação e operação, serão os maiores responsáveis pelo aumento da oferta. O uso de petróleo está longe de ser reduzido e a probabilidade de termos no futuro baixos preços desse produto é quase inexistente", artigo de Rodolfo Landim - FSP, 1/2, Mercado, p.B6.
Florestas
Código Florestal
A declaração da procuradora Sandra Cureau de que entrou com três ações de inconstitucionalidade contra o Código Florestal para ter mais chance de êxito repercutiu mal no STF. "Processo não pode ter sabor lotérico", disse Marco Aurélio Mello. O ministro criticou a escolha de três relatores (Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber). "A racionalidade cai por terra" - FSP, 1/2, Painel, p.A4.
Crédito para a floresta
"A queda fenomenal do desmatamento na Amazônia, de 27 mil km², em 2004, para menos de 5 mil km², em 2012, teve muitas causas. Entre elas, parece ter sido particularmente eficaz a restrição do crédito rural para propriedades em situação ambiental irregular. A comprovação está em um estudo do Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-RJ. O trabalho se debruça sobre os efeitos da resolução 3.545 do Banco Central, de 2008. O trabalho concluiu que R$ 2,9 bilhões deixaram de ser emprestados à região, entre 2008 e 2011, por força da resolução. Como resultado, nos anos seguintes um total de 2.700 km² de desmatamento teria sido evitado, uma vez que os fazendeiros dispunham de menos capital para ampliar atividades. A saída racional, assim, está na regularização ambiental das fazendas para obter crédito e investi-lo na melhoria da produtividade", editorial - FSP, 1/2, Editoriais, p.A2.
Geral
Polícia Civil prende suspeito de mandar matar líder do MST
A Polícia Civil prendeu ontem um homem suspeito de ser o mandante do assassinato de Cícero Guedes dos Santos, líder do MST em Campos (RJ). Segundo a polícia, José Renato Gomes de Abreu pretendia assumir a liderança do movimento. Ele foi indiciado sob suspeita de homicídio doloso. Cícero foi morto no último sábado - FSP, 1/2, Poder, p.A9; O Globo, 1/2, Rio, p.16.
Cidades levam a aumento de circulação de calor na Terra
Além das emissões de gases-estufa vindas de trânsito, indústrias e outras fontes de poluição, os grandes centros urbanos ainda contribuem de outra forma com as mudanças climáticas. Ignorado na maioria dos prognósticos, o consumo de energia gera um calor que viaja pelo planeta por correntes atmosféricas e oceanos, chegando a regiões distantes das metrópoles. Embora este consumo de energia mundial seja enorme - certa de 16 milhões de megawatts por ano -, ele corresponde a apenas 0,3% do calor transportado mundo afora. Ainda assim, somente este percentual pode aumentar a temperatura da Terra em 1 grau Celsius nas próximas décadas, segundo estudo publicado esta semana na revista Nature Climate Change - O Globo, 1/2, Ciência, p.34.
Quando entenderemos que o tempo escasseia?
"Segundo o economista polonês Michal Kalecki, uma ideia precisa do tempo de uma nova geração (duas décadas) para se afirmar, ser aceita. E por aí vamos, sem nenhum acordo na convenção, que apenas acena para 2015 com um compromisso obrigatório para todos os países de reduzirem suas emissões, e ainda assim para vigorar somente em 2020. Agora, a ONU, ao lançar o Ano Internacional da Cooperação pela Água, diz que, se nada for feito para disciplinar o consumo, até 2025 dois terços da população mundial sofrerão com a escassez. Pelo andar da carruagem, Kalecki ainda era otimista. Duas décadas não bastam, se nem a iminência de catástrofes nos move. Inclusive no Brasil, já que estamos em sexto lugar entre os países com mais desastres climáticos", artigo de Washington Novaes - OESP, 1/2, Espaço Aberto, p.A2.
A mudança que faltou
"O Brasil não é o mesmo. Só não vê que mudou quem não se conforma com um governo apoiado por camadas populares. A lista de feitos é grande. Para finalizar, destaco a mudança que faltou. O PT vai ser responsabilizado por não ter usado sua legitimidade para apontar no rumo de um novo modelo. O modelo econômico reativado aponta as mesmas opções de antes: exportações baseadas em 'commodities' minerais e agrícolas, agronegócio, projetos sob a liderança de grupos econômicos e financeiros, energia ao custo de impactos socioambientais. Um modelo responsável pela crise social, ambiental e climática que a humanidade enfrenta. O desafio, após dez anos de governo do PT, é criar uma onda de mudanças democráticas no país, em termos de mudança estrutural, de direitos e de participação cidadã, de sustentabilidade da sociedade com respeito ao nosso patrimônio natural. Não temos como avançar em justiça social sem enfrentar a questão da sustentabilidade. Isto ainda está longe do ideário do PT", artigo de Cândido Grzybowski - O Globo, 1/2, Opinião, p.23.
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FONTE : Manchetes Socioambientais, Boletim de 1/fev/2013.
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