Pela primeira vez um estudo conseguiu quantificar o gelo oceânico perdido em virtude do aumento das temperaturas no Pólo Norte e o resultado é assombroso: 1400 quilômetros cúbicos desapareceram entre 1993 e 2009.
O uso de satélites para monitorar o Ártico começou em 1979 e desde então foi percebido o desaparecimento contínuo do gelo flutuante chamado de “multiyear” (literalmente, “de vários anos”), ou seja, o gelo que atravessa várias temporadas.
No principio, os cientistas acreditavam que o principal fator para a perda desse gelo seria um processo chamado exportação, pelo qual os ventos empurram esses blocos para longe das regiões mais frias em direção ao alto mar.
Agora, o estudo publicado por Ron Kwok e Glenn Cunningham, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no periódico Geophysical Research Letters revela o quão importante é o papel do aumento das temperaturas na perda do gelo.
“Nosso trabalho demonstra que o gelo está sumindo por ação do derretimento, em um processo que vem se acelerando nos últimos anos. Mas o panorama ainda é complexo e é difícil fazer projeções”, explicou Kwok.
Segundo os pesquisadores, entre 1993 e 2009, 1400 quilômetros cúbicos de gelo “multiyear” deixaram de existir. Para se ter idéia, 1 quilômetro cúbico é igual 1 bilhão de litros.
Previsões afirmam que o Oceano Ártico irá ficar livre de gelo no verão já em 2030, enquanto estimativas mais conservadoras falam em datas entre 2060 e 2080.
Aquecimento Global
Os resultados encontrados pela NASA têm implicações na compreensão de como o gelo flutuante do Ártico é distribuído, onde ocorrem os derretimentos e como esse fenômeno pode afetar o clima.
Porém, não há como responsabilizar de forma definitiva o aquecimento global pelo derretimento.
“O declínio do gelo multiyear nas últimas décadas ainda não foi explicado devidamente e até agora não tinha sequer sido quantificado”, explicou Kwok.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram 17 anos de dados de satélites e de instrumentos de monitoração capazes de seguir as camadas de gelo e de acompanhar as mudanças de densidade e concentração.
Com essas imagens foi possível notar que boa parte do gelo não se deslocava até desaparecer e sim permanecia na mesma região perdendo massa até derreter completamente.
Também foram observadas as passagens por onde o gelo costuma seguir para atingir o Oceano Ártico e analisado o seu fluxo.
Nos 17 anos observados, uma área de 947 mil quilômetros quadrados se perdeu na região de Beaufort Sea devido ao derretimento.
Essa quantidade adicional de água fresca no Ártico somada ao aquecimento resultante da falta de gelo pode acarretar no aumento das temperaturas médias e na aceleração do problema. Mas em que velocidade isso se dará ainda é uma incógnita.
Até porque a NASA avaliou apenas uma pequena área do Ártico e como o derretimento deve estar acontecendo por todo o Pólo Norte os impactos devem ser ainda mais significantes.
Imagem: Mosaico de imagens de satélites que os cientistas utilizaram para monitorar a perda de gelo pelo derretimento / NASA.
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FONTE : Fabiano Ávila, da Carbono Brasil (Envolverde/Carbono Brasil)
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