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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

As causas e efeitos das questões ambientais - Bruno Carvalho

O crescimento populacional, desperdício de recursos, a falta de responsabilidade ambiental, má distribuição de renda e a falta de educação ecológica são fatores que acarretam graves danos ao meio ambiente, colocando em risco à existência das futuras gerações.

Má distribuição de renda x Danos ao meio ambiente

A pobreza é uma grande ameaça à saúde humana e ao meio ambiente, tendo em vista que a maioria das pessoas de baixo poder aquisitivo do planeta não possui o mínimo de recursos para ter uma vida digna. Problemas sérios de infra-estrutura e falta de saneamento básico são uma triste realidade na comunidade onde vivem. Seu cotidiano restringe-se a busca por alimentos, água e suprimentos suficientes para manterem-se vivos.

A má distribuição de renda influi diretamente na taxa de natalidade. Visando uma maior segurança econômica, os membros da classe menos privilegiada da sociedade têm muitos filhos no intuito de ajudar na busca de suprimentos, auxílio nas plantações e criações de animais, biscates e esmolas. Tendo em vista que esses necessitados não dispõem de plano de previdência, seguridade social ou plano de saúde financiados pelo governo, os mesmos morrem cedo devido a doenças de fácil prevenção. Dentre elas, podemos citar desnutrição, causado pela falta de proteínas, diarreia e sarampo, causados pelo enfraquecimento proveniente da desnutrição, e doenças respiratórias – devido a inalação de poluentes.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmam que as doenças supracitadas são responsáveis pela morte prematura de 7 milhões de pessoas pobres por ano.

“a morte prematura de cerca de 19.200 pessoas por dia equivalem à queda diária de 48 aviões, com capacidade máxima de 400 passageiros, sem sobreviventes”

Consumo de recursos x Questões ambientais

O estilo de vida característico do sistema capitalista estimula a população a consumir desenfreadamente ocasionando o crescimento da economia por meio do giro de capital. O sentimento de felicidade está atrelado ao consumo. Tal conduta, nos países desenvolvidos e nos Estados Unidos, é entendida como uma doença relacionada ao super consumismo e materialismo, denominada “ affluenza”.

“muitos consumidores em países desenvolvidos têm se tornado viciados em comprar cada vez mais, em busca de realização e felicidade”

Excesso de trabalho, estresse e ansiedade são fatores que desencadeiam a doença supracitada, danificando a saúde das pessoas. Logo, despertam a cultura do super consumismo. Ou seja, muitas pessoas gastam o dinheiro que não ganharam, para comprar coisas que não querem, para impressionar pessoas que não gostam.

Em tempos de globalização qualquer fato que aconteça em um país, rapidamente é espalhado para o resto do mundo. Temos como exemplo a gripe suína, a aviária e o cólera. Consequentemente, não seria diferente com a “affluenza” que causa um impacto ambiental enorme.

A assustadora farra consumista proveniente desde a Revolução Industrial, aditivadas pelo avanço tecnológico dos meios de produção, está custando caro ao planeta. Há claros sinais de que os recursos naturais não renováveis estão se exaurindo. Estudo divulgado pela organização não-governamental WWF afirma que o consumo dos recursos naturais já supera em 20% ao ano a capacidade do planeta de regenerá-los.

Para combater o vírus “affluenza” é necessário fazer uma reflexão sobre o discurso do consumo consciente. Não há como dizer às pessoas que não comprem, em absoluto. Isso seria utopia, uma vez que consumo é vida. É preciso consumir água, energia, alimentos, roupas, transporte, lazer e cultura. O fundamental é que haja uma reflexão nesse ato de consumir. Inclusive nas políticas de meio ambiente. O jornalista André Trigueiro, autor da obra “Mundo Sustentável”, aborda a política dos 4 Rs: recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Sugere-se que seja adicionado mais um R de repensar. A reflexão sobre o ato de consumo leva naturalmente a reduzir, porque não precisamos de tudo que estamos consumindo; a reutilizar, porque algumas das coisas que compramos podem ser utilizadas continuamente, sem precisar comprar de novo; recusar, no sentido de que não se adquira produtos que agridam ao meio ambiente e reciclar, dado os enormes impactos que a reciclagem tem sobre a sociedade e o meio ambiente.

Efeitos positivos da riqueza na qualidade do meio ambiente

A riqueza não precisa levar a degradação ambiental. Pelo contrário, ela pode fazer com que as pessoas se preocupem mais com a qualidade do meio ambiente e ainda provê o dinheiro para desenvolver tecnologias para reduzir a poluição, degradação ambiental e desperdício de recursos. Isso explica por que a maior parte do importante progresso ambiental feito desde 1970 ocorreu nos países desenvolvidos.

Conexão entre os problemas ambientais e suas causas

Uma vez identificados os problemas ambientais e suas causas, o passo seguinte é entender suas conexões. O impacto ambiental de uma população em determinada área depende de três fatores principais: o número de pessoas, a média de uso de recurso por pessoa e os efeitos ambientais benéficos ou nocivos das tecnologias utilizadas para fornecer e consumir cada unidade de recurso e controlar ou prevenir a poluição ambiental resultante.

Nos países em desenvolvimento, o tamanho da população e a consequente degradação dos recursos renováveis tendem a ser os fatores principais no impacto ambiental total. Nesses países, o uso de recurso per capita é baixo.

Nos países desenvolvidos, as altas taxas de uso de recurso per capita e o consequente alto nível de poluição e degradação ambiental por pessoa são geralmente os fatores principais para determinar o impacto ambiental do país e sua pegada ecológica por pessoa.

“um cidadão norte-americano médio consome cerca de 30 vezes mais que um cidadão médio da Índia e cem vezes mais que uma pessoa mediana nos países mais pobres”

Vislumbra-se que uma das soluções para diminuir os impactos das atividades industriais seria investir pesado nas tecnologias benéficas, como controle e prevenção da poluição, fazendo com que as tecnologias nocivas, como fábricas e veículos motorizados poluidores, tenham seu potencial de destruição cada vez mais reduzidos. Como afirma José Lutzemberger “ somente uma transição rápida a atitudes fundamentalmente novas, atitudes de respeito e integração ecológica, poderá ainda evitar o desastre. Nossa época entrará na história, se dermos chance a história, como limiar de uma nova idade. A qualidade de vida nesta nova idade dependerá de nosso comportamento atual e das atitudes que soubermos inculcar na juventude”. Sendo assim, conclui-se que todos nós somos partes no processo de transformação.
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FONTE : Bruno Carvalho é Gestor de negócios sustentáveis, formado pela Universidade Federal Fluminense/RJ. Atualment atua como consultor do Grupo Green Brasil Consultoria Ambiental. (Envolverde/O autor).

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