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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Professores do ensino básico que trabalham com educação ambiental estão distantes da produção acadêmica na área

Distantes da produção científica – As principais fontes de informação para professores do ensino básico que trabalham com educação ambiental são revistas e livros didáticos e o conhecimento produzido nas universidades não atinge diretamente esses profissionais. A constatação é de uma pesquisa feita na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O estudo avaliou as fontes de informação sobre educação ambiental dos professores de educação básica em 14 municípios de São Paulo que pertencem à bacia hidrográfica do médio Tietê, tendo como polo regional a cidade de Bauru.

De acordo com Marília Freitas de Campos Tozoni Reis, professora do Instituto de Biociências de Botucatu e docente credenciada na Pós-Graduação da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru, o estudo procurou entender por que o conhecimento produzido nas universidades nessa área não atinge diretamente os profissionais na educação básica.

“Nossa hipótese era que não conhecemos o formato das publicações e o material que esses professores utilizam para a formação contínua. Na universidade publicamos em revistas especializadas, mas há uma limitação por não se atingir diretamente os docentes do ensino básico”, disse à Agência FAPESP .

Marília coordenou a pesquisa “Fontes de informação dos professores da educação básica: subsídios para a divulgação dos conhecimentos acadêmicos e científicos sobre educação ambiental”, com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, desenvolvida no Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental (GPEA), que atua junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência da Unesp-Bauru.

Em 2008, o estudo mapeou escolas e professores em 13 municípios, excluindo Bauru. No ano seguinte, os pesquisadores fizeram a coleta de dados por observações e entrevistas naquele município. No total, foram identificados 277 professores que trabalham com educação ambiental.

A pesquisa apontou que a maioria dos professores busca informações em revistas (23%) e livros didáticos (16%), seguidos da internet (14%) e jornais (10%). Aparecem em menor número materiais paradidáticos (6%), cursos, palestras e panfletos (4%), apostilas (4%), vídeos, filmes e músicas (4%), programas de televisão (3%), material acadêmico (3%) e projetos e práticas educativas (2%), entre outros.

Entre as revistas mais citadas, a Nova Escola aparece no topo das indicações, seguida de Veja, Superinteressante e Época. A Nova Escola oferece descontos para professores e muitos recebem a publicação gratuitamente em suas escolas. “O que nos chamou a atenção é que são revistas de grande circulação nacional, nas quais muitas matérias simplificam as questões teóricas e pedagógicas”, afirmou Marília.

“Com relação ao resultado para a internet, o que nos preocupa é que os professores não mencionaram nenhum procedimento de busca mais sistematizado. É invariavelmente algo muito genérico e sem critério de seleção”, disse.

Segundo Marília, outro ponto a se ressaltar é a dificuldade dos professores em separar o material usado com os seus alunos em aula com o que eles próprios usam para se informar.

Os pesquisadores do GPEA pretendem elaborar uma cartilha de educação ambiental para professores das séries iniciais do ensino fundamental para ser distribuída em todo o Estado de São Paulo.

“Nosso objetivo é orientar o professor para a inserção da educação ambiental de 1ª a 5ª série. Mas não queremos fazer apenas uma distribuição da cartilha pelo correio. A ideia é que os membros do grupo realizem minicursos com os professores em cada escola visitada”, disse.
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FONTE : Reportagem de Alex Sander Alcântara, Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 22/11/2010. (Colaboração de Edimilson Macedo).

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