De secas severas à liberação acelerada de metano na Sibéria, os maiores centros de pesquisa do planeta comprovaram que estamos diante de um momento crucial, mas infelizmente esse conhecimento não alcançou o público.
Muito se fala sobre o sensacionalismo da imprensa ao abordar as mudanças climáticas e como o aquecimento global seria fruto de paranóia coletiva e até uma invenção de lobistas das indústrias de tecnologia limpa.
Porém, se formos olhar as publicações dos maiores centros de pesquisa climática ou dos mais renomados periódicos e revistas científicas percebemos que grande parte dos estudos mais alarmantes não chegaram a ganhar espaço na mídia.
São documentos importantes e com credibilidade que, quem sabe, se fossem mais divulgados poderíamos ter uma maior pressão da sociedade para que a Conferência do Clima (COP 16) em Cancún, no México, que começa na próxima segunda-feira (29), fosse bem sucedida.
Abaixo alguns desses estudos que mereciam mais destaque:
“Aquecimento Global é responsável por 40% do declínio do fitoplâncton”, publicado na revista Nature de julho. O artigo deixa claro como o aumento da temperatura está exterminando a vida microscópica nos oceanos que é essencial para toda a cadeia alimentar.
“Se isso continuar, e já é um processo que vem ocorrendo há décadas, enfrentaremos algo realmente sério em breve. Eu não consigo pensar em alguma mudança biológica no planeta maior do que a que veremos”, afirmou Boris Worm, um dos autores do estudo, biólogo da Universidade de Dalhousie.
“Metano do ártico siberiano está desestabilizando e sendo liberado em um ritmo acelerado”, publicado em março pela National Science Foundation (NSF) na revista Science.
O estudo responsabiliza o degelo da região, causado pelo aumento das temperaturas, pela maior liberação de metano para a atmosfera. O metano é cerca de 20 vezes mais potente que o CO2 para o efeito estufa.
Segundo a NSF, a Sibéria contém mais de 1,5 trilhões de toneladas de carbono congelado no subsolo. Se toda essa quantidade for liberada, de nada adiantarão as políticas de redução de emissões e enfrentaremos de qualquer forma os piores efeitos das mudanças climáticas.
“Secas sob o aquecimento global: uma resenha”, publicado pelo National Center for Atmospheric Research (NCAR) em outubro afirma que mesmo se os governos adotarem medidas para seguirmos um caminho de emissões moderadas a humanidade enfrentará secas severas.
“Até o fim do século, muitas áreas povoadas, com destaque para os países banhados pelo mediterrâneo, sofrerão invariavelmente com a escassez das chuvas”, afirma o documento.
“Taxa de acidificação dos oceanos é a mais veloz em 65 milhões de anos”, publicado em fevereiro pela Universidade de Bristol na Nature Geoscience.
O estudo garante que até o fim do século, a menos que haja uma redução nas emissões, veremos extinções em massa nos mares, degradação das áreas costeiras e proliferação de algas nocivas ao homem e a outras espécies.
“Velocidade atual de extinção das espécies não encontra paralelo nos registros fósseis”, foi o que afirmou em novembro uma edição especial do Philosophical Transactions of the Royal Society B.
Os 16 artigos apresentados por membros da entidade britânica alertam que a taxa de perda de biodiversidade vista hoje em dia pode ser a pior de todos os tempos, já que não existe nos registros mundiais algo tão dramático.
Estes foram apenas alguns dos estudos que passaram despercebidos pela grande imprensa e que deveriam ter sido apresentados para a sociedade.
O que eles deixam claro é que centros sérios de pesquisas estão nos alertando que não podemos mais perder tempo. Os representantes dos países que se reunirão na COP 16 devem também tomar consciência disso e deixar de lado as divergências. É hora de compromissos concretos e ações rígidas para minimizar os efeitos das atividades humanas sobre o planeta.
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FONTE : Fabiano Ávila, da Carbono Brasil (Envolverde/Carbono Brasil)
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