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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Em SC, moradores de luxo se unem a pescadores contra Eike

Moradores do principal balneário de luxo de Florianópolis --onde casas custam até R$ 6,5 milhões-- estão se unindo a pescadores e ambientalistas contra um projeto do empresário Eike Batista nas proximidades da praia de Jurerê, litoral catarinense.

Eike pretende construir um estaleiro para navios de petróleo em Biguaçu. A obra ficaria na mesma baía onde está a praia e, dizem os ambientalistas, ameaça a fauna marinha e poluiria o mar.

A divisão local do ICMBio, órgão do governo federal, rejeitou finalizar o licenciamento ambiental por entender que o estaleiro afetaria também reservas ecológicas.

O caso virou prioridade para políticos locais, que pressionam os Ministérios do Meio Ambiente e da Pesca pela obra. Enquanto isso, os moradores organizam manifestações e contatam deputados e órgãos de governo.

Um dos diretores da Associação Jurerê Internacional, Gerson Dalcanale, diz que, em uma assembleia no bairro, quase todos se declararam contrários ao estaleiro.

O medo é que dragagens e o trânsito de embarcações nas proximidades prejudiquem a praia. "Não há muita clareza nos estudos sobre as consequências", diz.

Frequentada por celebridades, Jurerê Internacional é uma espécie de condomínio de luxo aberto. Moradores pagam mensalidade para que as ruas sejam cuidadas e casas não têm grades.

Moradores de praias vizinhas, como Daniela e Sambaqui, também são contrários à obra. Em julho, uma audiência pública teve manifestações e confusão.

OUTRO LADO

O projeto de Eike é orçado em R$ 3 bilhões. A empresa fala em levar o empreendimento para o Rio. Uma decisão sobre o licenciamento pode ocorrer ainda este mês.

O grupo EBX afirma que o estaleiro vai gerar impacto por ser um empreendimento de grande porte, mas que há uma série de ações de contraponto a isso. E ressalta a geração de empregos --estimada em 4.000 diretos-- e a previsão de ações sociais.

O EBX diz que já investe em ações de monitoramento de fauna e flora e até em um programa para contribuir na preservação de botos. Fala ainda em manter uma discussão "de ordem técnica".

Empresas do grupo também já sofreram para obter licenças. No Ceará, as obras de uma termelétrica foram interrompidas e, em Mato Grosso do Sul, a MMX foi multada por uso de madeira ilegal.
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FONTE : FELIPE BÄCHTOLD, Folha de São Paulo (6/11/2010).

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