A cidade de São Paulo registrou, nos últimos 15 dias, pelo menos 760 quedas de árvores, segundo balanço da prefeitura. Com as tempestades de verão, as árvores fragilizadas por terem sido plantadas em lugares inadequados, recebido poda errada ou por apresentarem apodrecimento acabam não resistindo.
Segundo o biólogo Sérgio Brazolin, especializado em arborização urbana e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), a maioria dessas árvores tinha entre 60 e 70 anos de idade, e foi plantada sem planejamento. “Elas foram colocadas em condições inadequadas, como em calçadas estreitas, o que hoje não se pratica mais.”
Árvores de grande porte precisam de um sistema de raízes reforçado, “mas, em um passeio pequeno, elas mal conseguem fazer crescer as raízes em todos os sentidos. Para o sentido da rua, por exemplo, ela não cresce”, esclarece o especialista,.
Além da falta de espaço para crescer, a ação do homem contribui para tornar ainda mais frágeis as árvores na cidade. Algumas pessoas decidem cortar as raízes das árvores para evitar que danifiquem a estrutura da calçada. “Isso é como contar o seu pé: a árvore perde a sustentação. Daí, num vento forte, que nem precisa ser tão forte, ela cai. Tem poda que, às vezes, é feita e desequilibra a árvore. Imagina uma copa de árvore que é podada só de um lado –todo o peso dela é jogado para o outro lado. Hoje existem manuais de boas práticas para podas, que têm de ser seguidas pela prefeitura e pela companhia de energia elétrica”.
Outro motivo para a queda de árvores é o apodrecimento do tronco, principalmente na base. Brazolin explica que, muitas vezes, as pessoas olham um tronco por fora e não percebem que, por dentro, ele está oco. Em períodos chuvosos, o solo encharcado e o aumento do peso da árvore em razão da água que se acumula na sua copa são fatores que a fazem cair.
“Em dias de ventos muito fortes, essas árvores, que estão fragilizadas, principalmente porque estão apodrecidas internamente, atacadas por cupins ou fungos, estão grandes, pesadas. Elas rompem na parte fragilizada”. Quando uma árvore sadia cai, não há rompimento – ela tomba levantando a sua raiz, esclarece o especialista.
Entre as soluções para evitar esses problemas está o uso da calçada verde, feita, em parte por grama. “Isso permite o desenvolvimento da árvore”, disse Sérgio. O especialista também informou que a prefeitura tem a responsabilidade de fazer diagnósticos e, preventivamente, remover ou podar a árvore para diminuir o seu peso e evitar o tombamento.
“Isso não se faz num verão. Esse manejo, a retirada ou poda de árvores, tem que ser planejado por muitos anos, e é um trabalho contínuo. Existem informações que já permitem você eliminar árvores, que a gente chama de evidência objetiva de problema”, declarou.
Em nota, a secretaria de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo informou que realiza um trabalho contínuo de manejo das árvores em toda a cidade. “Sistematicamente, os engenheiros agrônomo realizam uma avaliação técnica para diagnosticar as condições fitossanitárias de cada árvore. Havendo a necessidade de poda, a autorização é feita pela respectiva Subprefeitura e o manejo é programado”. No caso de retirada, uma nova muda é plantada no prazo de 30 dias.
“Em 2014, foram realizadas mais de 100 mil podas, 14 mil remoções e aproximadamente 11 mil substituições com árvores novas, em atendimento a 66 mil solicitações registradas pelo Sistema de Atendimento ao Cidadão, 156, ou praças de atendimento”, completa a nota. A prefeitura orienta a população a solicitar o manejo de árvores pelo telefone 156, pelo sitesac.prefeitura.sp.gov.br ou pessoalmente na subprefeitura da sua região.
* Edição: Jorge Wamburg.
** Publicado originalmente no site Agência Brasil.
(Agência Brasil)
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