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Água
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Em meio a uma das mais graves crises de abastecimento no Brasil, um relatório do governo federal mostra que 37% da água tratada para consumo é perdida antes de chegar às torneiras da população. Essa água potável é desperdiçada principalmente devido às falhas das tubulações. Além disso, também há perdas com fraudes e ligações clandestinas no caminho. Os dados de dezembro de 2013 foram incluídos no Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico do Ministério das Cidades. O relatório aponta ainda aumento de consumo de água per capita na maioria dos Estados. No levantamento anterior, referente a 2012, as perdas de água no país estavam em 36,9%. Isso significa que não houve nenhuma melhoria - FSP, 21/1, Cotidiano, p.C1. |
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Relatório do Ministério das Cidades aponta que 18 das 27 unidades da Federação tiveram aumento de consumo per capita de água às vésperas da atual crise de abastecimento no país. Com esse resultado, a quantidade de água consumida no Brasil em 2013 ficou em 166,3 litros por habitante por dia. Embora tenha sido 0,7% abaixo da média do ano anterior, trata-se de um aumento de 12% em relação aos 148,5 litros registrados em 2009. A média de consumo de água da população brasileira também está bem acima do padrão recomendado pela OMS -para quem é possível viver bem com 110 litros por dia para cada habitante - FSP, 21/1, Cotidiano, p.C3. |
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Com 20% das chuvas esperadas para o mês, os seis mananciais que abastecem 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo têm registrado déficit de 2,5 bilhões de litros por dia em pleno período no qual deveriam encher para suprir os meses de seca. Considerando a quantidade de água que entrou nos sistemas e a que foi retirada pela Sabesp, o saldo fica negativo em 29,3 mil litros por segundo, volume equivalente à captação do Cantareira antes da crise. Já são cinco dias seguidos em que todos os seis sistemas acumulam perdas. Ontem, o estoque de água para a Grande São Paulo era de 264,7 bilhões de litros, 12,3% da capacidade, e menos do que as duas cotas do volume morto do Cantareira juntas (283,2 bilhões de litros) - OESP, 21/1, Metrópole, p.A11. |
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Energia
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O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou ontem um plano de emergência para reforçar o sistema elétrico brasileiro com um volume adicional de energia de 1,5 mil megawatts. Braga anunciou um reforço na produção da usina de Itaipu, que vai gerar 300 MW adicionais, e o aumento da transferência de energia da Região Nordeste para o Sudeste/Centro-Oeste, que vai acrescentar 400 MW ao sistema. Disse que o religamento da usina de Angra 1 proporcionará um adicional entre 100 MW e 200 MW. Além disso, parte das usinas térmicas da Petrobras voltará a produzir energia após um período de manutenção preventiva e irão acrescentar 867 MW ao sistema. O ministro negou que o País terá que passar por um racionamento de energia e disse contar com a ajuda de Deus para a normalização das chuvas no País - OESP, 21/1, Economia, p.B1; FSP, 21/1, Mercado, p.B1. |
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Dados do ONS, responsável pela segurança energética nacional, apontam que o governo tem deixado de executar mais de um terço das obras indicadas pelo operador como prioritárias para garantir o abastecimento do País. No Plano de Ampliações e Reforços, elaborado todos os anos, o ONS aponta quais são os projetos de linhas de transmissão e de subestações de energia que precisam ser contratados para afastar o País de panes graves e riscos de apagão. O planejamento concluído no fim de 2014 aponta que 104 dos 310 projetos previstos para sair do papel entre 2015 e 2017 são resultado de pedidos anteriores, ou seja, voltaram a ser cobrados pelo ONS porque o governo não os contratou. Esses projetos representam 34% do total dos empreendimentos - OESP, 21/1, Economia, p.B3. |
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A expansão da capacidade de geração e transmissão da energia elétrica no país tem sofrido atrasos de implantação de até quatro anos - caso da usina nuclear de Angra 3 - por entraves jurídicos, ambientais ou de engenharia e falhas de planejamento. Atrasos em obras fizeram com que, em 2013, o aumento da potência efetivamente instalada ficasse 20% abaixo do previsto. Em janeiro de 2013, era prevista a entrada em operação de 10,12 mil MW em novas usinas, mas o efetivo realizado até dezembro foi de 7,16 mil MW. Dos mais de 40 mil MW já outorgados, 35% não tinham obras iniciadas ou estavam com obras paralisadas em outubro. A diferença entre a implantação e a previsão de energia nova em 2014 ocorreu principalmente por atrasos na hidrelétrica de Jirau - O Globo, 21/1, Economia, p.19. |
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Ex-diretora da Aneel, Joísa Dutra defende medidas de "racionalização" do uso da energia para reduzir o consumo e dar mais segurança ao sistema elétrico. Para ela, ações como o desconto de contas deveriam ter sido tomadas em 2014. "As condições ficaram piores. Adotar medidas [em 2014] poderia ter deixado o sistema menos vulnerável". Ao mesmo tempo, diz em entrevista, a segurança do abastecimento passa por mais investimentos em termelétricas a gás e pela permissão para instalar hidrelétricas com reservatórios, ambas medidas com restrições ambientais - FSP, 21/1, Mercado, p.B4. |
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"Os efeitos da estiagem não seriam tão graves para o setor elétrico se o país contasse com gás natural a preços competitivos e com fornecimento mais flexível. Além da falta de licitações de novos blocos de exploração, a participação da iniciativa privada na exploração, produção e no transporte do gás tem sido restringida pelo domínio da Petrobras, prejudicando o desenvolvimento de um mercado competitivo", artigo de Claudio Sales e Richard Hochstetler - O Globo, 21/1, Opiniâo, p.17. |
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"O ministro Eduardo Braga definirá nesta crise se assumirá mesmo a pasta de Minas e Energia. Braga pode aceitar as explicações pontuais e escapistas sobre a crise ou enfrentá-la. Culpar um circuito que desligou, uma linha que caiu é fácil; difícil é admitir que há uma crise.O quadro é: obras atrasadas na Amazônia, pontos de geração sem linhas de transmissão, parques eólicos mal aproveitados, intervenções indevidas no sistema de preços, geradoras com graves desequilíbrios financeiros e distribuidoras endividadas. Nada disso é culpa do clima. A falta de chuva agravou tudo o que já tinha sido feito errado pelos que garantirão ao ministro que o sistema elétrico é sólido e que cada apagão é apenas um evento fortuito", artigo de Míriam Leitão - O Globo, 21/1, Economia, p.20. |
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"A pretexto de evitar a formação de grandes lagos que possam ter impactos sociais e sobre o meio ambiente, a legislação só passou a admitir construção de hidrelétricas a fio d'água, que são aquelas que somente utilizam a vazão natural dos rios. Nos períodos de cheia, podem atingir seu potencial, mas nos meses de pouca chuva chegam até a ser desligadas. Com isso, a única opção para se 'armazenar' energia passou a ser a instalação de usinas térmicas, que utilizam combustíveis fósseis não disponíveis no Brasil. Poluem e geram uma energia cara, mas se tornaram indispensáveis. O governo Lula - com Dilma Rousseff à frente do setor - esboçou um modelo tarifário que ignorou esse novo desenho da matriz elétrica", editorial - O Globo, 21/1, Opinião, p.16. |
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"O governo escondeu como pôde o problema, assegurando, de maneira reiterada, que não haveria crise de abastecimento. Não adotou, por isso, medidas que atenuariam os efeitos negativos da seca, como a realização de campanhas para a redução do consumo, pois entendeu que, se o fizesse, perderia votos. Paga-se hoje o preço dessa decisão eleitoreira. Passageiros que tiveram de caminhar em túneis escuros para escapar dos vagões do metrô lotados, sem luz, nem ar condicionado, simbolizam o ônus para a população da irresponsável gestão da crise energética - pois, queira ou não o governo, há uma crise - pela administração federal", editorial - OESP, 21/1, Notas e Informações, p.A3. |
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