Os países-ilha da região do Oceano Pacífico, ameaçados pela elevação do nível do mar, denunciaram nesta semana o desprezo e a falta de ação de governos considerados “grandes poluidores” e “responsáveis” pela dramática situação em que se encontram, informou a France Presse.
O aquecimento global e seus efeitos dominam os debates do 44º Fórum de Ilhas do Pacífico (FIP), que reúne 16 Estados independentes e territórios associados, inaugurado na terça-feira, 3 de setembro, em Majuro, capital das Ilhas Marshall. Os dirigentes chegaram a bordo de pirogas e foram recebidos por guerreiros que executaram danças tradicionais.
Segundo o primeiro-ministro das Ilhas Cook, Henry Puna, os pequenos países do Pacífico se sentem abandonados pelo resto do mundo, que, no entanto, tem a maior responsabilidade pelas transformações no clima, das quais eles sofrem as consequências. Ele evocou as frustrações que sentem seus habitantes por serem vistos de cima, ignorados e subestimados.
Ameaça real
“Anos de inércia de parte daqueles que são os mais capazes de agir de forma eficaz para reduzir (os efeitos do aquecimento) nos deixaram profundamente decepcionados e insatisfeitos”, declarou o premier na abertura do Fórum.
Os países-arquipélago do Pacífico sul querem o compromisso dos grandes países poluidores para limitar suas emissões, destacando que o aquecimento representa uma ameaça direta para a sobrevivência de suas ilhas. Os arquipélagos de Tuvalu, Kiribati e Ilhas Marshall por vezes ficam menos de um metro acima do nível do mar. A elevação dos oceanos não é uma simples hipótese científica, mas uma ameaça real e de curto prazo para seus habitantes.
Existência ameaçada
Esta declaração será apresentada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante a Assembleia-geral das Nações Unidas, no fim de setembro, em Nova York, a fim de “remobilizar a comunidade internacional e convencê-la de que certos países estão com sua existência ameaçada”.
O presidente das Ilhas Marshall, Christopher Loeak, fez um discurso emocionante pela sobrevivência de seu arquipélago, afetado por uma grave seca e por tempestades. “A todos os habitantes das Marshall e aos povos do Pacífico: minha terra é minha pátria, meu patrimônio e minha identidade”, afirmou. “Este é meu país e aqui ficarei para sempre. Que venha a água!”, acrescentou.
* Publicado originalmente no site EcoD.
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