Agência de Proteção Ambiental norte-americana estabelecerá padrões para a liberação de gases do efeito estufa por megawatt-hora, medida que Republicanos e setores industriais acusam ser parte de uma guerra ao carvão.
O governo Barack Obama anunciará ainda nesta sexta-feira (20) que novas usinas de geração de energia a gás natural deverão emitir no máximo 453,59 kg (1000 libras) de dióxido de carbono por megawatt-hora e as de carvão 498,95kg (1100 libras). Atualmente, a média das termoelétricas seria de 816,47kg (1800 libras).
De acordo com o discurso de Gina McCarthy, gerente da Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês), que será pronunciado mais tarde hoje, mas que já foi entregue para a imprensa, “novas usinas de energia, tanto de gás natural quanto de carvão, podem minimizar suas emissões ao adotarem tecnologias modernas.”
Também será apresentado um calendário de reuniões e encontros com grupos industriais e ambientalistas, que deve durar um ano, com o objetivo de chegar a limites aceitáveis de emissão para as usinas de energia já em operação.
As novas regras fazem parte do Plano de Ação Climática, apresentado em junho, que resume o conjunto de ações que Obama promete realizar para lidar com as mudanças
O documento reconhece que as usinas de geração de energia, entre elas as termoelétricas a carvão, respondem por mais de um terço das emissões de gases do efeito estufa dos EUA, e, por isso, precisam adotar limites o quanto antes.
Há ainda no plano a menção de que US$ 8 bilhões serão disponibilizados na forma de uma linha de crédito para as geradoras adotarem novas tecnologias, como a Captura e Armazenamento de Carbono (CCS).
“Acreditamos que o carvão continuará a representar uma porção significante da geração de energia nas próximas décadas. Com base nas informações que temos, o CCS já é uma opção viável técnica e economicamente”, afirmará McCarthy.
Termoelétricas a carvão respondem atualmente por 37% da matriz elétrica dos Estados Unidos.
Guerra ao Carvão
Apesar de nem terem sido anunciados oficialmente ainda, os novos limites foram atacados por setores industrias e representantes do Partido Republicano.
“É mais uma etapa na guerra ao carvão que esse governo vem promovendo desde que assumiu o poder (…) É um golpe devastador para o nosso estado, e vamos lutar para evitar que isso aconteça de todas as formas possíveis”, declarou o senador Mitch McConnell, que representa o Kentucky, estado altamente dependente da exploração do carvão.
O Conselho de Coordenação da Confiança Elétrica, que reúne empresas do setor elétrico, destacou que os novos limites afastam investimentos e devem até ser inconstitucionais.
“Temo que serão ilegais, contraprodutivos do ponto de vista ambiental e contrários aos interesses do povo norte-americano de criar empregos, diminuir custos da eletricidade e aumentar sua confiabilidade”, afirma uma nota da entidade.
Do outro lado, ambientalistas saúdam a nova política.
“Estamos realmente entusiasmados que a EPA esteja avançando para colocar em prática o plano de ação climática. É um grande dia para a saúde pública e para o futuro da energia limpa”, disse Tiernan Sittenfeld, vice-presidente da Liga dos Eleitores Conservacionistas.
“A indústria quer colocar a culpa na EPA por seus próprios problemas. A queda dos preços da geração eólica e do gás natural são fatores muito maiores para o declínio do carvão do que os novos limites”, afirmou David Doniger, do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)
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