Por Helena Barradas Sá (da Redação da ANDA)
Por ano, 23 mil animais são abandonados por seus tutores na Galícia, região central da Europa. A maioria desses animais são cães de caça, os quais são abandonados ao final da temporada. Há também um aumento no número de outros tipos de animais que não são próprios da fauna galega, como serpentes pítons e furões, que podem afetar as espécies locais. As informações são do El País.
Esses dados foram divulgadas na imprensa por Rubén Pérez, presidente da associação animal Libera, junto com os deputados Eva Solla e Antón Sánchez. Perez alerta que as prefeituras têm conseguido resgatar apenas 20% desses animais e, muitas vezes, alguns acabam sendo atropelados.
Rubén Pérez afirma que, desses 23 mil animais, 70% continuam à solta porque são difíceis de capturar, portanto, nem chegam a entrar em algum abrigo de animais. O porta-voz da associação animal lamenta que a crise esteja afetando também os animais, e critica que o governo “nunca tenha dinheiro” para fazer campanhas de conscientização visando os tutores de animais.
Percebendo o problema, o partido AGE (Alternativa Galega de Esquerda) lançou uma proposta que será debatida na Comissão de Agricultura e na qual se pede uma ajuda efetiva para entidades e grupos dedicados à proteção dos animais, além do desenvolvimento de campanhas de conscientização e o estabelecimento de medidas de colaboração financeira e técnica entre o Estado e as Prefeituras, visando o desenvolvimento de iniciativas em prol dos animais.
Por fim, segunda Eva Solla, a proposta do AGE demanda recursos técnicos e humanos para a luta contra o comércio ilegal de animais domésticos e que se previna a fraude econômica dessas transações.
Nota da Redação: Este tipo de caso demonstra que, cada vez mais, os animais são tratados como brinquedos ou como mercadorias com prazo de validade. Parece que os animais que são classificados como “domésticos” são os alvos principais dessa noção de animal-brinquedo. Eles divertem seus tutores durante um tempo e, após os primeiros anos, depois que os animais crescem ou se multiplicam, são simplesmente abandonados. Ter a guarda de um animal é ter a responsabilidade de uma vida. Não pode ser jogada fora por “falta de paciência” ou porque “perdeu a graça”.
Vale dizer, também, que o fim do abandono de animais está intimamente ligado com o fim do comércio de animais em geral (seja ele considerado legal ou ilegal). O comércio é a condição necessária para a objetificação animal e é, além disso, uma maneira prática de ensinar e de reforçar para os humanos a sua suposta superioridade. É no comércio onde um humano pode brincar de Deus, comprando e vendendo uma vida, sabendo que poderá descartá-la quando não for mais útil.
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