Algumas das menores rãs tropicais do mundo não têm ouvido
médio ou tímpano, mas são capazes de ouvir, garante estudo feito pela
Universidade de Poitiers e pelo Centro Nacional de Pesquisas Científicas da
França (CNRS, na sigla em francês). A pesquisa, publicado nesta segunda-feira
pela Academia Americana de Ciências (PNAS, na sigla em inglês), afirma que as
rãs Gardiner, que vivem nas florestas tropicais do arquipélago das Seychelles,
no Oceano Índico, escutam pela boca.
A maioria das rãs tem ouvido médio,
parte do aparelho auditivo que inclui o tímpano e ossos diminutos na parte
externa da cabeça. Os tímpanos vibram quando percebem ondas sonoras, reenviando
estas vibrações ao ouvido interno e depois para o cérebro. Mas não é o caso das
minúsculas rãs Gardiner.
Os cientistas pensavam que estas rãs fossem
surdas até que as expuseram a gravações do coaxar de outras espécies. Durante as
experiências, os cientistas perceberam que as rãs Gardiner macho respondiam, o
que demonstrou que conseguiam ouvir. Radiografias mostraram que nem os pulmões,
nem os músculos deste tipo de rãs as ajudavam a transmitir sons aos seus ouvidos
internos. No entanto, descobriram que a boca age como um amplificador das
frequências dos sons que estes animais emitem. Este sistema é estimulado por
pequenas membranas situadas entre a boca e o ouvido interno.
"A
combinação da cavidade da boca e a condução óssea permite que as rãs Gardiner
percebam sons de forma eficaz sem usar o tímpano dos ouvidos médios", explicou
Renaud Boistel, da CNRS. "Demonstramos que a presença de ouvidos médios não é
uma condição necessária para a audição terrestre, apesar de ser a solução mais
versátil para a vida na terra", destacou o estudo.
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