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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Manchetes Socioambientais - Boletim de 2/9/2013

Amazônia

 
  Na manhã de sexta-feira (30/8), moradores de Altamira (PA) voltaram às ruas para reclamar das frequentes quedas de energia. Cerca de 300 pessoas caminharam em marcha pelas principais avenidas rumo à sede das Centrais Elétricas do Pará - Direto do ISA, 30/8.
  Uma cidade com 3% da área servida por rede de coleta de esgoto, 17% da população em região de ressaca do Rio Amazonas e o restante com fossas sanitárias, em muitos casos cavadas ao lado de poços d'água, e cerca de 60% das casas sem água encanada. Essa realidade do saneamento básico transforma Macapá, capital do Amapá, com 407 mil habitantes, no retrato do descaso. Todos os dias, crianças lotam hospitais com verminoses, dor de barriga e doenças de pele - OESP, 1/9, Metrópole, p.A26.
  Um vírus amazônico que causa sintomas parecidos com os da dengue teve parte de seu mecanismo de ação desvendado por pesquisadores da UFRJ. A má notícia: ele consegue invadir as células de parasitas mais rapidamente que os vírus da gripe ou da dengue. É mais um sinal indicando que é preciso monitorar com cuidado o vírus Mayaro, o qual, por enquanto, afeta principalmente pessoas que adentram a floresta. Acredita-se que o Mayaro circule no organismo de macacos e no de outros animais, como aves. Seu vetor (organismo transmissor) são os mosquitos do gênero Haemagogus. Não há casos de mortes causadas pelo Mayaro, mas o vírus pode causar inflamações nas articulações - FSP, 2/9, Ciência, p.C7.
   
 

Povos Indígenas

 
  Policiais militares e índios entraram em confronto em frente à sede do governo do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, na sexta-feira (30/8). Homens da Tropa de Choque lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra um acampamento montado por centenas de índios na praça em frente à sede do governo. Os índios, das etnias Guarani e Kaingang, pedem rapidez na retirada de agricultores de terras do interior gaúcho. O governo de Tarso Genro (PT) se comprometeu a ajudar no pagamento de indenizações aos produtores rurais como forma de facilitar a saída e regularizar as terras indígenas. Os indígenas afirmam que já discutiram o assunto em junho com o governo e que o processo não avançou. "Enquanto isso, os índios são ameaçados por fazendeiros", diz Luís Salvador, líder de uma comunidade na cidade de Vicente Dutra (RS) - FSP, 31/8, Poder 2, p.9; OESP, 31/8, Metrópole, p.A29.
   
 

Parques

 
  Berçário de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, o arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião (litoral norte de SP), deixará de ser utilizado para treino de tiros das Forças Armadas e poderá virar parque nacional. A Marinha anunciou o "cessar fogo" numa área rochosa da ilha principal, em apoio ao projeto que tramita no Ministério do Meio Ambiente e propõe novas regras de preservação. Entre as mudanças previstas está a possibilidade de acesso de visitantes ao local, limitado atualmente por se tratar de uma zona militar. Formado por 13 ilhas, Alcatrazes está a 43 km da costa. O Ibama e o ICMBio, que atuam hoje em conjunto com a Marinha na preservação do local, defendem a criação do parque - FSP, 31/8, Cotidiano 2, p.6.
  A Defesa Civil combateu ontem, em São Paulo, dois incêndios em parques estaduais, com o uso de aeronaves. Segundo moradores, o fogo no Parque do Juqueri, em Franco da Rocha, começou após queda de balão. No Parque da Pedra Grande, em Atibaia, 5 mil km2 de mata foram destruídos - OESP, 2/9, Metrópole, p.A19.
   
 

Energia

 
  O excesso de rigor na exigência de compensações e o acúmulo de normas que se superpõem e se contradizem constantemente são os principais equívocos da legislação ambiental brasileira, na opinião de profissionais que dão assessoria técnica e jurídica para a construção de usinas hidrelétricas. Cláudio Maia, diretor da Leme Engenharia, afirma que os órgãos governamentais costumam exigir compensações desproporcionais ao impacto causado pelas usinas, onerando excessivamente os investidores. "O que se vê muitas vezes é a transferência para o empreendedor do ônus criado pela ausência de investimentos nas questões de saneamento, saúde, educação e administração pública", diz, referindo-se à responsabilidade imposta ao consórcio construtor da usina de Belo Monte, no Pará, de implantar redes de saneamento básico e equipamentos de saúde e educação nos municípios afetados pela instalação da hidrelétrica - Valor Econômico, 2/9, Especial, p.F5.
  A Tepco (Compania Elétrica de Tóquio), que opera a usina nuclear de Fukushima, no Japão, anunciou ontem altos níveis de radiação em três tanques de armazenamento de água e em uma tubulação. A radiação detectada nesses locais chega a 1,8 mil milisieverts por hora, um nível de radioatividade 18 vezes maior que o registrado no mesmo lugar na semana passada. A lei japonesa estabelece que o nível seguro de exposição anual é de 50 milisieverts. Segundo a rede BBC, as medições mostram que a radiação era suficiente para tornar-se letal com uma exposição de quatro horas - FSP, 2/9, Mundo, p.A15.
  "Começamos a viver uma transição na matriz de energia elétrica, o custo de expansão hidrelétrica será crescente e a fronteira de expansão, no Cerrado e na Amazônia, trará uma grande sensibilidade ambiental. Portanto deveremos ver uma diversificação maior de fontes", afirma Otavio Mielnik, coordenador do estudo Projetos sobre o cenário do setor elétrico até 2040, publicado pela FGV. A participação das hidrelétricas, hoje em cerca de 80%, poderá cair para 57% a 46%. "A energia de usinas eólicas, de biomassa de cana e nucleares deverá ganhar espaço", ressalta. No caso das usinas nucleares, cuja presença na matriz elétrica está em 3%, a participação, dependendo dos três cenários de demanda e de custo nivelado de energia, poderá pular para 5% a 15% até 2040. O gás natural, responsável por 5% da geração de energia elétrica, poderá ver sua presença elevada para 17% a 23%. Já a energia eólica, hoje com 1%, deverá saltar para 3% a 7% - Valor Econômico, 2/9, Especial, p.F4.
  Em entrevista, o presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), Mauricio Tolmasquim, cita as dificuldades crescentes em licitar empreendimentos hidrelétricos. Segundo ele, mesmo usinas sem impacto em áreas indígenas e sem reservatórios, como a de São Manoel, no rio Teles Pires, têm enfrentado obstáculos para seguir em frente. "Ano passado, chegamos a apresentar um projeto a vários ministérios sugerindo que os índios pudessem receber royalties de empreendimentos hidrelétricos que estivessem perto de sua área. Em vez de os recursos irem para o orçamento da Funai, eles seriam gerenciados por um comitê tripartite, formado por comunidade, investidores e Funai. Outra experiência diferenciada que pode ser pensada é a do Canadá, em que algumas tribos passam a ter presença acionária minoritária em usinas. A participação é bem pequena, mas eles compartilham os resultados do empreendimento", diz - Valor Econômico, 2/9, Especial, p.F4.
   
 

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