Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, o gestor de agronegócio Jeronimo Alves dos Santos analisou os impactos na economia brasileira a partir de uma ampliação na produção e uso de etanol e biodiesel, como substituição de parte dos combustíveis fósseis, no período de 2010 a 2030. Segundo a pesquisa, a substituição dos combustíveis fósseis promoverá aumentos em quase todos os agregados macroeconômicos, em especial os choques causados pelo biodiesel.
“Os resultados mostraram-se relevantes para o desenvolvimento regional e independência energética do ponto de vista dos impactos sobre as emissões dos gases de efeito estufa. Foram observadas reduções das emissões dos principais combustíveis fósseis da matriz energética”, observa o pesquisador. Com orientação do professor Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, o estudo utilizou um modelo Computável de Equilíbrio Geral (EGC), mais especificamente, um modelo estático, inter-regional, bottom up.
O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e os cenários econômicos do Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) foram estabelecidos em quatro trajetórias, visando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), no período de 2005 a 2030. O PNE 2030 é um estudo de âmbito federal que propõe o planejamento a partir da expansão da oferta e demanda de energia até 2030. Neste estudo propuseram cenários econômicos, sendo que um desses foi projetado para a expansão dos biocombustíveis até 2030, observando seus impactos socioambientais e econômicos.
“Entre os quatro cenários projetados, o cenário B1 (PIB crescendo a 4,1% ao ano) foi escolhido para definição das estratégias das projeções do sistema energético brasileiro”, conta Santos. O cenário projetado para o biodiesel considerou que a composição do biodiesel no óleo diesel estará acima da mistura B5, sendo projetado para B8 em 2020 e B12 em 2030, aumento de mais de 360% do seu consumo em relação a 2010. “Projetamos que o biodiesel terá expansão de área para o plantio de oleaginosas de 1,09% em 2010 para 1,48% da área agrícola em 2030, incremento de 36%, enquanto o investimento total no setor passará de R$ 3,2 bilhões em 2010 para R$ 4,8 bilhões em 2030, aumento de 50%. No que se refere ao quesito emprego, as vagas nessa cadeia produtiva passarão de 282 mil em 2010 para 1,301 milhão em 2030, o que representará crescimento de 361%, ao mesmo tempo em que contribuirá com redução de emissões na ordem de 24,1 0 mil toneladas de CO2 equivalentes, no fim do período analisado.”
Quanto ao etanol, o estudo aponta que expansão da produção é justificada pela competitividade da cana-de-açúcar para fins energéticos, além do aumento da biomassa para a geração de energia elétrica. “A longo prazo, parte da biomassa será destinada à produção de etanol. Visualiza-se também redução das exportações de etanol e aumento do consumo interno, reduzindo o consumo da gasolina. A previsão de consumo interno de etanol para 2030 é de 52,5 bilhões de litros por ano, aumento de 200% em relação a 2010”.
Impacto regional
A pesquisa conclui que os impactos dos choques na economia brasileira não apresentaram grandes variações no agregado econômico, no entanto, quando se analisou em níveis regionais e setoriais, obtiveram-se maiores variações. “Esse é o caso da variação do PIB para os estados do Rio de Janeiro e do Mato Grosso, do nível de atividade das indústrias de Extração de Petróleo e Gás, Gasolina, Gasoálcool, Soja, Óleo de Soja, Sebo e Biodiesel e do nível de emprego tanto regional como setorial”. A ampliação dos biocombustíveis apresentou-se como uma importante política de desenvolvimento regional e setorial, sendo observada no aumento do PIB e do nível de emprego, na maioria dos estados do norte e nordeste, além do aumento notado do nível de emprego para todos os setores agrícolas. “Em outras palavras, a política dos biocombustíveis tem impacto positivo na criação de emprego no campo.”
Entre os resultados, destaca-se ainda o fato de que os setores que mais contribuíram com a redução das emissões nos estados foram os de Extração de Petróleo e Gás, Óleo Diesel, Gasolina, Transporte, Serviços e Consumo das Famílias. Os estados que tiveram aumento nas emissões, como Tocantins, Mato Grosso e Goiás foram os que obtiveram os maiores incrementos na atividade econômica e no nível de emprego.
“Tanto no aspecto econômico, social e ambiental, as políticas de inserção gradual dos biocombustíveis, podem surtir efeitos favoráveis no agregado econômico e nas reduções das emissões totais na matriz energética brasileira. É importante frisar, no entanto, que essa modelagem baseou-se na economia com o atual nível de tecnologia e eficiência energética, além de não contabilizar a mudança do uso do solo. Portanto, esta pesquisa pode ser utilizada como referência para outros trabalhos, com novas questões e variáveis que expliquem esse processo de forma mais abrangente”, conclui.
* Publicado originalmente no site Agência USP.
(Agência USP)
“Os resultados mostraram-se relevantes para o desenvolvimento regional e independência energética do ponto de vista dos impactos sobre as emissões dos gases de efeito estufa. Foram observadas reduções das emissões dos principais combustíveis fósseis da matriz energética”, observa o pesquisador. Com orientação do professor Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, o estudo utilizou um modelo Computável de Equilíbrio Geral (EGC), mais especificamente, um modelo estático, inter-regional, bottom up.
O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e os cenários econômicos do Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) foram estabelecidos em quatro trajetórias, visando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), no período de 2005 a 2030. O PNE 2030 é um estudo de âmbito federal que propõe o planejamento a partir da expansão da oferta e demanda de energia até 2030. Neste estudo propuseram cenários econômicos, sendo que um desses foi projetado para a expansão dos biocombustíveis até 2030, observando seus impactos socioambientais e econômicos.
“Entre os quatro cenários projetados, o cenário B1 (PIB crescendo a 4,1% ao ano) foi escolhido para definição das estratégias das projeções do sistema energético brasileiro”, conta Santos. O cenário projetado para o biodiesel considerou que a composição do biodiesel no óleo diesel estará acima da mistura B5, sendo projetado para B8 em 2020 e B12 em 2030, aumento de mais de 360% do seu consumo em relação a 2010. “Projetamos que o biodiesel terá expansão de área para o plantio de oleaginosas de 1,09% em 2010 para 1,48% da área agrícola em 2030, incremento de 36%, enquanto o investimento total no setor passará de R$ 3,2 bilhões em 2010 para R$ 4,8 bilhões em 2030, aumento de 50%. No que se refere ao quesito emprego, as vagas nessa cadeia produtiva passarão de 282 mil em 2010 para 1,301 milhão em 2030, o que representará crescimento de 361%, ao mesmo tempo em que contribuirá com redução de emissões na ordem de 24,1 0 mil toneladas de CO2 equivalentes, no fim do período analisado.”
Quanto ao etanol, o estudo aponta que expansão da produção é justificada pela competitividade da cana-de-açúcar para fins energéticos, além do aumento da biomassa para a geração de energia elétrica. “A longo prazo, parte da biomassa será destinada à produção de etanol. Visualiza-se também redução das exportações de etanol e aumento do consumo interno, reduzindo o consumo da gasolina. A previsão de consumo interno de etanol para 2030 é de 52,5 bilhões de litros por ano, aumento de 200% em relação a 2010”.
Impacto regional
A pesquisa conclui que os impactos dos choques na economia brasileira não apresentaram grandes variações no agregado econômico, no entanto, quando se analisou em níveis regionais e setoriais, obtiveram-se maiores variações. “Esse é o caso da variação do PIB para os estados do Rio de Janeiro e do Mato Grosso, do nível de atividade das indústrias de Extração de Petróleo e Gás, Gasolina, Gasoálcool, Soja, Óleo de Soja, Sebo e Biodiesel e do nível de emprego tanto regional como setorial”. A ampliação dos biocombustíveis apresentou-se como uma importante política de desenvolvimento regional e setorial, sendo observada no aumento do PIB e do nível de emprego, na maioria dos estados do norte e nordeste, além do aumento notado do nível de emprego para todos os setores agrícolas. “Em outras palavras, a política dos biocombustíveis tem impacto positivo na criação de emprego no campo.”
Entre os resultados, destaca-se ainda o fato de que os setores que mais contribuíram com a redução das emissões nos estados foram os de Extração de Petróleo e Gás, Óleo Diesel, Gasolina, Transporte, Serviços e Consumo das Famílias. Os estados que tiveram aumento nas emissões, como Tocantins, Mato Grosso e Goiás foram os que obtiveram os maiores incrementos na atividade econômica e no nível de emprego.
“Tanto no aspecto econômico, social e ambiental, as políticas de inserção gradual dos biocombustíveis, podem surtir efeitos favoráveis no agregado econômico e nas reduções das emissões totais na matriz energética brasileira. É importante frisar, no entanto, que essa modelagem baseou-se na economia com o atual nível de tecnologia e eficiência energética, além de não contabilizar a mudança do uso do solo. Portanto, esta pesquisa pode ser utilizada como referência para outros trabalhos, com novas questões e variáveis que expliquem esse processo de forma mais abrangente”, conclui.
* Publicado originalmente no site Agência USP.
(Agência USP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário