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terça-feira, 2 de julho de 2013

Manchetes Socioambientais - 2/7/2013

Quem é o dono das florestas? A pergunta foi explorada num polêmico relatório apresentado em junho por Doug Boucher, diretor de Pesquisa e Análise Climática da União de Cientistas Comprometidos (UCS), uma ONG que reúne 400 mil cientistas e cidadãos americanos. Em entrevista, Boucher afirma que há uma "silenciosa revolução" na Amazônia, com a cessão de terras para duas frentes: a iniciativa privada e a criação de novas reservas indígenas, que já ocupam 20% do bioma. O pesquisador, diferentemente da maioria dos ambientalistas, defende pontos controversos ao minimizar o efeito da agropecuária na Amazônia, uma prática que já devastou uma região significativa do Leste do bioma, especialmente no Pará. Tampouco acredita que o crescimento populacional e uma maior demanda por alimentos representam uma ameaça à floresta - O Globo, 2/7, Amanhã, p.10 e 11.
A empresa de petróleo e gás HRT reduziu "significativamente" o programa exploratório na Bacia do Solimões, na Amazônia, e criou um comitê especial para avaliar potenciais vendas de ativos. A HRT opera e detém 55% de 21 blocos na Bacia do Solimões, e sua atividade exploratória é parte de parceria com a TNK-Brasil, subsidiária da russa TNK-BP, uma das maiores petrolíferas do mundo. A empresa concluiu em janeiro testes confirmando o potencial de dois blocos, abrindo "uma grande perspectiva exploratória" para outras áreas na Bacia do Solimões. Os ativos na Amazônia são centrais para a HRT, segundo informação do site da empresa, que diz ainda que a companhia "pretende consolidar o Amazonas como um grande polo produtor de óleo e gás no país" - O Globo, 2/7, Economia, p.22.

Energia

Uma guerra judicial aberta por associações de empresas do setor de energia contra o governo está deixando em aberto uma conta de cerca de R$ 3 bilhões referente ao pagamento das usinas térmicas. Hoje, 65 das 70 térmicas do País estão ligadas. Elas foram acionadas em outubro de 2012 e, pelas estimativas do governo, vão funcionar pelo menos até novembro deste ano, gerando cerca de 18% da energia do País. O ponto de partida da pendenga foi a mudança de regra para o pagamento das térmicas. Desde 2007, o custo adicional é pago exclusivamente pelos consumidores. Por essa nova regra, entre abril e julho deste ano, metade da conta das térmicas continua a ser paga pelos consumidores, mas a outra metade deveria ser rateada com comercializadores e geradores. Ou seja: também arcariam com o custo parques eólicos, grandes e pequenas usinas hidrelétricas e até as próprias térmicas - OESP, 2/7, Economia, p.B13.
As usinas termoelétricas foram ligadas em outubro do ano passado e não serão desligadas antes de novembro, quando começa o período de chuva. A razão: há menos água que o normal nos reservatórios das hidrelétricas. É preciso preservá-la para evitar o risco de apagão em 2014, ano de Copa do Mundo. Mas manter as térmicas operando por tanto tempo gera uma conta pesadíssima. O banco Santander chegou a estimar, no início do ano, que ela chegaria a R$ 30 bilhões em 2013. O governo fez as contas e concluiu que os consumidores não poderiam suportá-la sozinhos. Optou-se pelo rateio com geradoras e comercializadoras, que agora é questionado na Justiça - OESP, 2/7, Economia, p.B13.
A Norte Energia, responsável pela usina de Belo Monte, conseguiu aprovação da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) para operar um porto em Vitória do Xingu (PA). A instalação faz parte de uma infraestrutura logística montada para a construção da hidrelétrica, entre as regiões central e oeste do Pará. O objetivo do porto é facilitar o transporte fluvial de máquinas e de equipamentos pesados da área de montagem da usina, que seguem do porto de Belém até o sítio Belo Monte (uma das barragens). Mesmo com o aval da Antaq, publicado ontem no Diário Oficial da União, a empresa só poderá iniciar as atividades após receber licença de operação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente - FSP, 2/7, Mercado, p.B2.
O Piauí prepara seu primeiro atlas de energia eólica e solar, para estimular o interesse de investidores no Estado. Hoje, os ventos geram 255 MW. O documento será feito com a Associação Brasileira de Energia Eólica. A administração estadual prevê a primeira publicação para o início de 2014 - FSP, 2/7, Mercado, p.B2.
Daqui a três anos, a geração mundial de eletricidade a partir de fontes renováveis deverá superar a produção das termoelétricas a gás. Também em 2016, as usinas hidrelétricas, eólicas e solares terão o dobro da capacidade das usinas nucleares, de acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgadas na semana passada. Com este crescimento, a participação das fontes renováveis na matriz energética mundial deverá passar de 20%, em 2011, para 25% em 2018. Quando as hidrelétricas são excluídas da conta, porém, a fatia ocupada pelas outras fontes renováveis é bem menor, mas está aumentando rapidamente. Em 2006, elas respondiam por apenas 2% do total, chegando a 4% em 2011. A previsão é que ela dobre novamente em 2018, atingindo 8% - O Globo, 2/7, Amanhã, p.22.

Biodiversidade

O número de espécies extintas e ameaçadas de extinção no planeta Terra continua a crescer por conta das atividades humanas, segundo a nova versão da Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), divulgada hoje. Mais de 700 espécies de plantas e animais foram adicionadas à lista nas suas três categorias de ameaça, elevando o total para 20.934. Entre elas estão várias espécies de coníferas. O status de todo o grupo foi reavaliado, e concluiu-se que 34% das espécies de coníferas estão ameaçadas de extinção. Uma das que correm mais risco é a araucária, ou pinheiro-do-paraná, classificada desde 2006 como criticamente ameaçada. Espécie típica das regiões mais frias e de maior altitude da Mata Atlântica brasileira - OESP, 2/7, Metrópole, p.A18.
Uma nova resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), praticamente legalizou o tráfico de animais silvestres no país, segundo especialistas do setor. O órgão federal criou duas formas de tratar a funa apreendida. Uma é o depósito provisório, em que qualquer pessoa pode comprar e manter até dez animais, mesmo de origem ilegal, por tempo indeterminado. Outra é a guarda por terceiros, em que o governo federal, sem infraestrutura para receber os animais, os entrega para voluntários. O documento desestimula a criação legal de animais em cativeiro e permite que espécimes apreendidos sejam "regularizados". Hoje, a pena para o tráfico de animais silvestres é de seis meses a um ano, além de multa. Agora, na prática, passa a ser apenas a multa - que, de certa forma, é "recompensada" pela manutenção da posse do animal - O Globo, 2/7, Ciência, p.30.

Mudanças Climáticas

À lista cada vez maior de alterações no planeta provocadas pela Humanidade, é possível adicionar agora um novo item: a poluição do ar pode ter ajudado a acalmar os ciclos de tempestade no Atlântico Norte. É a conclusão de um estudo publicado esta semana, na "Nature Geoscience", sugerindo que a poluição industrial da América do Norte e da Europa através do século XX pode ter alterado as nuvens a ponto de esfriar a superfície do oceano. Isso teria suprimido tempestades, e particularmente grandes furacões, além do nível que teria existido em um ambiente puramente natural.Se os autores estiverem certos, o aumento de tempestades durante as duas últimas décadas talvez não tenha sido um acaso, mas sim uma consequência das medidas do Clean Air Act — lei federal americana criada para reduzir a poluição em torno da bacia do Atlântico Norte - O Globo, 2/7, Amanhã, p.7.
A média da temperatura global em maio — que chegou a 15,46 graus Celsius — foi considerada a terceira maior da História. O resultado só é comparável ao registrado neste mês em 1998 e em 2005, de acordo com cientistas da agência americana para Oceanos e Atmosfera (Noaa, na sigla em inglês). As medições começaram a ser feitas a partir de 1880. Este foi o 339º mês consecutivo, e o 37º maio seguido, com temperaturas globais acima da média do século XX, de 14,8ºC. O fenômeno ficou mais evidente na maior parte do Norte da Sibéria, no Oeste da Rússia, no Leste europeu e no Centro da Austrália, disseram os especialistas da Noaa. Além da onda de aquecimento, a agência americana também observou drástica redução da cobertura de neve no Hemisfério Norte - O Globo, 2/7, Amanhã, p.7.

Geral

Cerca de cinco mil pessoas participaram ontem de um protesto organizado por sindicatos, associações e entidades de classe contra a ampliação em cerca de 720% da Terra Indígena Kayabi no município de Apiacás, em Mato Grosso. A área, que até 1999 era de 127 mil hectares, passou para 1,053 milhão de hectares e vai de Apiacás até Jacareacanga (PA). O decreto de homologação da área ampliada foi publicado no Diário Oficial da União em abril. Cerca de 350 famílias serão atingidas e terão de deixar a área. Os manifestantes bloquearam a MT-206 num trecho de ponte sobre o Rio Paranaíta. De acordo com a Funai, a terra foi reconhecida como pertencente aos kayabi em 1915 e foi destinada à posse permanente das etnias Kayabi, Munduruku e Apiacá - OESP, 2/7, Política, p.A7.
"Quatorze é o número de processos para a criação ou ampliação de Unidades de Conservação (UCs) que continuam parados no Ministério do Meio Ambiente. Juntas, elas acrescentariam 1,2 milhão de hectares de áreas protegidas no país. A maior delas fica na região do Alto Maués, no Amazonas, e tem 640 mil hectares. Ao longo do governo da presidente Dilma Rousseff, apenas três UCs foram criadas", coluna de Agostinho Vieira - O Globo, 2/7, Amanhã, p.18.
A consciência ambiental crescente é capaz de mudar hábitos de consumo, aponta pesquisa realizada pela organização sem fins lucrativos União para o BioComércio Ético (UEBT), que ouviu seis mil pessoas em seis países, inclusive o Brasil. Empresas que acabam sendo associadas a algum problema socioambiental, considerando toda a cadeia produtiva, correm sério risco de serem rejeitadas: 84% dos entrevistados deixariam de comprar produtos de uma marca se ela não respeitasse práticas éticas. O resultado faz parte de um trabalho chamado "Barômetro da Biodiversidade 2013", que procura mapear o comportamento de consumidores em relação a temas como sustentabilidade, biodiversidade e uso de ingredientes naturais em produtos - O Globo, 2/7, Amanhã, p.20 e 21.

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