Países prometem trabalhar em conjunto nas áreas de captura e armazenamento de carbono, redes elétricas inteligentes, corte da liberação de poluentes no transporte, eficiência energética e monitoramento de gases do efeito estufa.
Somando juntos cerca de 40% do total de emissões de gases do efeito estufa (GEEs) do planeta, Estados Unidos e China anunciaram nesta quarta-feira (10) o aprofundamento de sua cooperação para lidar com as mudanças climáticas.
Em junho, os dois países já haviam apresentado um plano para reduzir o uso de hidrofluorocarbonetos (HFCs), com o objetivo de evitar que 90 gigatoneladas de CO2 equivalente sejam emitidas até 2050.
Agora, cinco novos tópicos de ação foram divulgados, uma demonstração de interesse pelo tema que pode ter boas repercussões na próxima Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 19), a ser realizada na Polônia em novembro.
“Não há dúvidas de que os EUA e a China são os atores mais importantes [para o clima mundial]. Então, quando os dois países resolvem trabalhar juntos e acham maneiras de cooperar, é claro que teremos impactos bastante positivos”, explicou Todd Stern, principal negociador climático dos EUA.
“Quando tomamos uma decisão, ela vai além de nossas fronteiras. Como poderemos lidar com as mudanças climáticas? Como ser os pioneiros em novas tecnologias energéticas que são de fato a solução para as mudanças climáticas? [...] As mudanças climáticas estão no topo da nossa agenda de discussões bilaterais”, afirmou John Kerry, Secretário de Estado norte-americano.
O representante chinês no encontro desta quarta, Xie Zhenhua, presidente interino da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, lembrou que as palavras precisam agora ser seguidas por ações.
“Acredito que somente honrando os compromissos e cumprindo as obrigações poderemos estabelecer uma sólida fundação de confiança política. Devemos continuar trabalhando sob os princípios da Convenção Quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) para alcançarmos um novo acordo em 2015. Esse é o grande objetivo do grupo de trabalho formado por chineses e norte-americanos”, declarou.
Iniciativas
O documento final da reunião desta semana detalha cinco áreas que serão foco de ações para minimizar o aquecimento global:
Reduzir emissões de veículos pesados e de outros veículos: Caminhões, ônibus e outros veículos pesados são a fonte de emissões que mais cresce no setor de transporte nos Estados Unidos e respondem por mais da metade do combustível consumido na China. Esforços sob essa iniciativa incluirão políticas para reduzir a liberação de CO2 e carbono negro através de novos padrões de eficiência, combustíveis mais limpos, melhorias nas tecnologias de emissões dos veículos e a busca por formas de transporte mais eficientes e limpas.
Expandir a captura de carbono, utilização e armazenamento (CCUS): Juntos, Estados Unidos e China respondem por mais de 40% do consumo global de carvão. As emissões da queima do carvão para a geração de eletricidade podem ser significantemente reduzidas através do CCUS. Os dois países prometem cooperar para superar as barreiras para colocar em prática o CCUS em grande escala, integrando projetos em ambas as nações. Esses projetos terão o engajamento da iniciativa privada.
Aumentar a eficiência energética em construções, indústrias e transportes: EUA e China reconhecem o potencial de redução de emissões e de custos através de um esforço abrangente para melhorar a eficiência energética. Os países se comprometem a intensificar o trabalho nesse sentido, começando com a eficiência em construções, que respondem por mais de 30% do consumo de energia nas duas nações. Serão estabelecidos novos modelos de financiamento para empreendimentos que seguirem parâmetros de sustentabilidade.
Melhorar a coleta e a administração de dados de emissões: Ambos os governos desejam priorizar o reporte preciso e abrangente das emissões em todos os setores da economia. Para isso, vão trabalhar com a missão de estabelecer inventários, que serão a base para políticas climáticas.
Promoção de redes elétricas inteligentes (Smart Grids): O setor energético responde por mais de 30% das emissões nos dois países. Será aumentada a cooperação para que as redes elétricas chinesa e norte-americana se tornem mais resilientes e eficientes. A modernização também servirá para incentivar que fontes alternativas de energia possam ser mais facilmente integradas às redes.
Veja o documento na íntegra (inglês).
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
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