Um plano de reflorestamento para salvar o Haiti
por Patricia Grogg, da IPS
Porto Príncipe, Haiti, 27/3/2013 – Secas e inundações, devastadores furacões e uma erosão de seus solos com dramático impacto em sua segurança alimentar convertem o Haiti em extremamente vulnerável à mudança climática. Este conjunto de fatores agiganta o esforço de adaptação a essas alterações climáticas. Diante disso, o país lançou em janeiro um macroplano de reflorestamento e gestão territorial, para começar a enfrentar suas vulnerabilidades, explicou em entrevista à IPS o ministro do Meio Ambiente, Jean François Thomas.
“Por suas características morfogeológicas, nosso país está submetido a mudanças bruscas que o expõem a uma situação de grande fragilidade. Sua própria condição de ilha o debilita ainda mais”’, afirmou o chefe da política ambiental haitiana desde janeiro. “O problema mais grave é o desmatamento em massa. Isto faz com que qualquer temporal provoque graves inundações”, acrescentou, antes de detalhar os alcances do plano, reforçado com a declaração de 2013 como Ano do Meio Ambiente do Haiti.
IPS: Em que consiste a nova estratégia haitiana para enfrentar a crise climática?
JEAN FRANÇOIS THOMAS: O primeiro eixo é a educação ambiental, na qual vamos interagir com o Ministério dessa área. Queremos levar o tema a todos os estabelecimentos de ensino do país, para que todos os jovens se sintam envolvidos no processo. Cremos que com um bom programa de sensibilização e educação poderemos produzir uma mudança, fazer com que as condutas ambientais sejam menos agressivas. O segundo eixo é o do reflorestamento. Lamentavelmente, e dizemos isso com dor, temos menos de 2% de cobertura florestal. Se continuarmos assim, dentro de pouco tempo bastará uma hora de chuva para ocorrer uma catástrofe. É uma situação que devemos reverter e, com os planos que estamos implementando, esperamos elevar a massa florestal até 4,5% ou 5% nos próximos três anos. Com a ajuda de países como República Dominicana, Cuba, México e muitos outros que se sentem envolvidos, vamos executar esse processo maciço de reflorestamento. Já há acordos binacionais para realizá-la e fazer a diferença.
IPS: Esses planos incluem o desenho de alternativas para que as famílias disponham de um combustível diferente do carvão vegetal e da madeira?
JFT: Justamente, o terceiro eixo de ação objetiva a busca de alternativas. Não podemos punir nem dizer que vamos mudar tudo, sem oferecer à população outras possibilidades. Já há muitos estudos sobre novas técnicas e fontes de energia, que incluem os fogões melhorados, as florestas secas que podemos desenvolver e inúmeras tecnologias que podem ajudar a aliviar as pressões sobre os recursos florestais.
IPS: E qual é o quarto eixo?
JFT: Trata-se da vigilância ambiental, aspecto que esteve sob minha responsabilidade durante quase oito anos. Devemos fazer com que sejam respeitadas as normas e leis já estabelecidas para uma gestão saudável do meio ambiente. Há pessoas que agem para sobreviver, mas também há os predadores, os que não se preocupam em preservar o meio ambiente, mas lucrar. De modo que temos de avançar com a legislação nas mãos e com todas as forças do país para realizar este processo de vigilância ambiental. Com esses quatro pontos poderemos fazer a diferença.
IPS: Em energia renovável, em quais fontes pensam focar especificamente?
JFT: Por exemplo, estabelecer centros de produção de energia solar, cujo uso está sendo levado a cabo com muita esperança. Inclusive estão sendo fabricados fogões solares. Tudo dentro de um esforço para apoiar a comunidade e aliviar a pressão sobre os recursos naturais.
IPS: O Haiti está em condições de incluir a adaptação à mudança climática em seus planos de desenvolvimento econômico?
JFT: Vamos admitir que o Haiti está em situação de emergência, mas ainda assim obrigado, por não haver escapatória, a desenvolver mecanismos de adaptação. Já não é ficção científica, é uma realidade que estamos vivendo. Há muita preocupação em nosso país sobre esse fenômeno e a necessidade de adaptação. Já são implantados processos para ensinar as comunidades a se adaptarem a essas mudanças.
IPS: Como contribui a criação da reserva da biosfera de La Selle, que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarou em fevereiro?
JFT: Essa reserva da biosfera, a primeira do Haiti, permitirá melhor integração das pessoas com o meio ambiente. Não se tratará apenas de proteger os recursos naturais, mas também permitirá ensinar as pessoas a conviverem com seu meio ambiente, buscando modos de melhorar suas condições de vida sem afetar o entorno. Além disso, fornecerá muitas fontes de trabalho. Também é um processo científico interessante, mas o mais importante é que aí se vai ensinar ao ser humano a viver, respeitar e explorar com critério o meio ambiente no qual vive e do qual depende. Envolverde/IPS
“Por suas características morfogeológicas, nosso país está submetido a mudanças bruscas que o expõem a uma situação de grande fragilidade. Sua própria condição de ilha o debilita ainda mais”’, afirmou o chefe da política ambiental haitiana desde janeiro. “O problema mais grave é o desmatamento em massa. Isto faz com que qualquer temporal provoque graves inundações”, acrescentou, antes de detalhar os alcances do plano, reforçado com a declaração de 2013 como Ano do Meio Ambiente do Haiti.
IPS: Em que consiste a nova estratégia haitiana para enfrentar a crise climática?
JEAN FRANÇOIS THOMAS: O primeiro eixo é a educação ambiental, na qual vamos interagir com o Ministério dessa área. Queremos levar o tema a todos os estabelecimentos de ensino do país, para que todos os jovens se sintam envolvidos no processo. Cremos que com um bom programa de sensibilização e educação poderemos produzir uma mudança, fazer com que as condutas ambientais sejam menos agressivas. O segundo eixo é o do reflorestamento. Lamentavelmente, e dizemos isso com dor, temos menos de 2% de cobertura florestal. Se continuarmos assim, dentro de pouco tempo bastará uma hora de chuva para ocorrer uma catástrofe. É uma situação que devemos reverter e, com os planos que estamos implementando, esperamos elevar a massa florestal até 4,5% ou 5% nos próximos três anos. Com a ajuda de países como República Dominicana, Cuba, México e muitos outros que se sentem envolvidos, vamos executar esse processo maciço de reflorestamento. Já há acordos binacionais para realizá-la e fazer a diferença.
IPS: Esses planos incluem o desenho de alternativas para que as famílias disponham de um combustível diferente do carvão vegetal e da madeira?
JFT: Justamente, o terceiro eixo de ação objetiva a busca de alternativas. Não podemos punir nem dizer que vamos mudar tudo, sem oferecer à população outras possibilidades. Já há muitos estudos sobre novas técnicas e fontes de energia, que incluem os fogões melhorados, as florestas secas que podemos desenvolver e inúmeras tecnologias que podem ajudar a aliviar as pressões sobre os recursos florestais.
IPS: E qual é o quarto eixo?
JFT: Trata-se da vigilância ambiental, aspecto que esteve sob minha responsabilidade durante quase oito anos. Devemos fazer com que sejam respeitadas as normas e leis já estabelecidas para uma gestão saudável do meio ambiente. Há pessoas que agem para sobreviver, mas também há os predadores, os que não se preocupam em preservar o meio ambiente, mas lucrar. De modo que temos de avançar com a legislação nas mãos e com todas as forças do país para realizar este processo de vigilância ambiental. Com esses quatro pontos poderemos fazer a diferença.
IPS: Em energia renovável, em quais fontes pensam focar especificamente?
JFT: Por exemplo, estabelecer centros de produção de energia solar, cujo uso está sendo levado a cabo com muita esperança. Inclusive estão sendo fabricados fogões solares. Tudo dentro de um esforço para apoiar a comunidade e aliviar a pressão sobre os recursos naturais.
IPS: O Haiti está em condições de incluir a adaptação à mudança climática em seus planos de desenvolvimento econômico?
JFT: Vamos admitir que o Haiti está em situação de emergência, mas ainda assim obrigado, por não haver escapatória, a desenvolver mecanismos de adaptação. Já não é ficção científica, é uma realidade que estamos vivendo. Há muita preocupação em nosso país sobre esse fenômeno e a necessidade de adaptação. Já são implantados processos para ensinar as comunidades a se adaptarem a essas mudanças.
IPS: Como contribui a criação da reserva da biosfera de La Selle, que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarou em fevereiro?
JFT: Essa reserva da biosfera, a primeira do Haiti, permitirá melhor integração das pessoas com o meio ambiente. Não se tratará apenas de proteger os recursos naturais, mas também permitirá ensinar as pessoas a conviverem com seu meio ambiente, buscando modos de melhorar suas condições de vida sem afetar o entorno. Além disso, fornecerá muitas fontes de trabalho. Também é um processo científico interessante, mas o mais importante é que aí se vai ensinar ao ser humano a viver, respeitar e explorar com critério o meio ambiente no qual vive e do qual depende. Envolverde/IPS
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