Horta escolar estimula troca de experiências no Espírito Santo
por Fátima Schenini, do MEC
Santa Maria de Jetibá – Na zona rural de Santa Maria de Jetibá, pequeno município na região central do Espírito Santo, um projeto de horta desenvolvido na Escola Estadual Frederico Boldt possibilita a alunos e professores do ensino médio a troca de experiências, de forma a unir teoria e prática. Lançado em 2012, o projeto deve ser ampliado, este ano, com a inclusão de práticas tecnológicas inovadoras e sustentáveis.
“Em um projeto como esse, no qual trabalhamos a realidade dos alunos, não só aprendemos com eles, mas conseguimos ajudá-los, com informações que eles possam usar em suas propriedades”, diz o professor Heloy Gaspar Coelho, um dos responsáveis pela criação da horta. O objetivo do projeto é mostrar aos estudantes a possibilidade de realizar um trabalho de agricultura sustentável, mesmo em espaço pequeno, e os benefícios gerados pela agricultura orgânica.
Segundo Heloy, o projeto pode ajudar e influenciar de forma positiva na melhoria da qualidade de vida dos alunos, na maioria integrantes de famílias ligadas à agricultura. “Compartilhamos várias alternativas simples, que podem substituir o uso de agrotóxicos, para melhorar a qualidade de vida”, ressalta o professor, que tem licenciatura em química e cursa pós-graduação em educação ambiental.
A participação dos alunos no projeto foi considerada surpreendente. “Todos gostavam muito do que estavam fazendo e frequentavam a escola até mesmo em dias e horários diferentes só para trabalhar no projeto”, salienta o professor. Cada aluno fazia o que era necessário e todos trabalhavam em diversas funções. No decorrer da semana, o trabalho na horta era realizado no período do contraturno. Aos sábados, as atividades eram realizadas por diferentes grupos de alunos, em revezamento.
Muitos conhecimentos obtidos em sala de aula foram postos em prática na horta. Um exemplo é o estudo sobre o potencial de hidrogênio (pH), que indica acidez, alcalinidade ou neutralidade do solo ou de uma solução aquosa. “Realizamos o teste de pH do solo e da água usando chá de repolho roxo para que os alunos fizessem o mesmo em suas propriedades, sem a necessidade de comprar um indicador químico”, explica.
Pesquisa — Algumas situações novas surgidas no trabalho da horta eram estudadas na sala de aula. Heloy cita como exemplo o uso de pesticidas biológicos em substituição aos agrotóxicos. “Os alunos manifestaram interesse e, com isso, foi realizada uma pesquisa para eles entenderem o porquê de uma determinada mistura orgânica combater uma determinada praga”, destaca.
Na visão da pedagoga Isabel Hartwig Berger, diretora da escola, a horta foi uma atividade de mão dupla, gratificante para todos. “O aluno pôde compartilhar com seus colegas e professores o que já conhecia e praticava com os pais e, ao mesmo tempo, levar muita informação para a família”, ressalta.
De acordo com Isabel, além de ser um local de estudo, a horta ocupou área que estava ociosa e poderia se tornar depósito de lixo. “Com esse trabalho, possibilitamos aos pais sentir e reconhecer a importância de o filho estar na escola”, afirma. Há 25 anos no magistério, sempre atuando na escola Frederico Boldt, Isabel está na direção há dez anos. Sua formação inclui pós-graduação em artes e em supervisão, orientação e inspeção escolar.
* Publicado originalmente no Portal do MEC.
(Ministério da Educação)
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