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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Depois de Belo Monte governo se dedicará ao projeto hidrelétrico do Tapajós

Usinas do Tapajós são novo alvo de críticas – Moradores da região amazônica já se mobilizam contra os próximos projetos do governo para a construção de hidrelétricas

Alguns setores do governo e empresários também pressionam para que projeto hidrelétrico do Tapajós inclua implantação de uma hidrovia

Concedida a usina de Belo Monte (PA), a área responsável pelo crescimento da oferta de energia no governo se concentrará no projeto hidrelétrico do Tapajós, que deve ser instalado entre o Pará e o Amazonas. O projeto dá sequência ao plano de aproveitamento hidrelétrico identificado pelo governo na região Amazônica. O empreendimento já foi submetido à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Reportagem de Agnado Brito, na Folha de S.Paulo.

O Complexo Tapajós terá cinco usinas hidrelétricas, que darão uma capacidade instalada de 10.600 MW -500 MW menor que Belo Monte.

Povos da região do Teles Pires/Tapajós, em reunião na cidade de Itaituba (PA), já divulgaram carta em que recusam o projeto e dão sinal de que esse novo passo do governo para explorar o potencial hidrelétrico da Amazônia será tão polêmico quanto foi e é Belo Monte.

Há um aspecto adicional na discussão da viabilidade ou não do complexo Tapajós: a hidrovia. Setores do governo federal ligados à área de transporte e logística reivindicam a implantação de uma hidrovia no corredor Teles Pires/Tapajós. Alegam que a hidrovia é uma excepcional opção para o escoamento em escala da produção de grãos da região Centro Norte de Mato Grosso até o porto de Santarém (PA), atualmente sem utilização.

Hoje, essa região não tem opção de escoamento da produção de soja e milho e corre o risco de perder sua capacidade produtiva em razão do isolamento provocado pela falta de um corredor de exportação.

A Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e a área de logística e transporte do Ministério da Agricultura negociam com o grupo de energia do governo para que a hidrovia seja considerada no projeto do Complexo Tapajós.

O plano atual não considera. Se assim for, a ocupação da área repetirá o que já ocorreu há décadas no país, quando boas opções de transporte hidroviário foram perdidas pela falta de planejamento ao ser feita a barragem de uma hidrelétrica.

Plataformas
A Eletrobras já tem um plano para tentar quebrar a resistência ambientalista e de populações locais em relação ao Complexo Tapajós -a previsão (sempre incerta) é a de que esteja pronta para o leilão ainda no ano de 2010. A ideia é inaugurar no país o conceito de “usinas plataformas”.

O modelo funcionará, segundo a estatal, como as plataformas de petróleo da Petrobras. Não haverá estradas ou grandes alojamentos na região de construção das cinco usinas. O concessionário que assumir o projeto terá de montar uma logística para transporte dos trabalhadores com helicópteros.

Com a usina pronta, haverá o reflorestamento da região. Sem cidades criadas no entorno, a hidrelétrica operará no meio da floresta, sem vilas na região. O modelo jamais foi testado em usinas e é chamada pela Eletrobras de “hidrelétricas do bem”.
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FONTE : EcoDebate, 23/04/2010

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