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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Qualidade da água dos rios está comprometida, artigo de Mauro Banderali


esgoto

[EcoDebate] Não dá para culpar somente a seca. A má qualidade da água dos rios brasileiros é um dos principais problemas enfrentados pelas grandes cidades, há décadas. A falta de planejamento e de investimentos no setor de saneamento está “matando” os mananciais e o alto nível de urbanização das cidades brasileiras causa um impacto significativo aos rios que as atravessam. Contudo, em 2014, o Estado de São Paulo entrou na pior crise de abastecimento de sua história, que está atingindo 17 milhões de pessoas nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, agravando ainda mais a qualidade de suas águas superficiais.
Ao mesmo tempo em que o Brasil é considerado uma potência hídrica aos olhos do mundo, pois temos cerca de 13% da água doce do planeta, degradamos nossos rios e córregos com esgoto não tratado, alto grau de assoreamento e não contribuímos com a proteção das margens destes mananciais. O despejo de esgoto, a poluição e agora a seca comprometem a qualidade das águas, pois não há tratamento de efluentes urbanos para uma grande parte da população, cerca de 140 milhões de brasileiros. Faltam investimentos para retirar as águas residuais dos rios, o que faria com que estes voltassem a ter vida, mas a melhor ação quanto à recuperação da qualidade das águas ainda é a de prevenção e o cuidado para que poluentes não sejam lançados no ambiente sem o tratamento adequado.
As águas dos rios e barragens, quando contaminadas, trazem consigo uma carga de substâncias tóxicas, muitas vezes não monitoradas pelos laboratórios das empresas de abastecimento. Tais substâncias podem atingir até 80 mil diferentes organismos ou moléculas químicas originárias de processos industriais, dos agroquímicos, da indústria de fármacos, entre outros. Por isso, questões que comprometem a biologia aquática e a disponibilidade de água para o abastecimento público devem ser eliminadas através de políticas públicas eficientes, aplicação de tecnologias, monitoramento e remediação das contaminações dos recursos hídricos. Além disso, o Brasil necessita que a água seja inserida clara e objetivamente na agenda política do país. Somente com a implementação de políticas públicas urgentes em grande parte do território brasileiro, com investimentos pesados de recuperação de nossos cursos d’água, fundamentalmente nas áreas de mananciais, é que de médio a longo prazos poderemos alterar este processo de descaso com os recursos hídricos em grande parte do país.
*Mauro Banderali é especialista em instrumentação hidrometeorológica da Ag Solve

Publicado no Portal EcoDebate, 21/11/2014

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